FukuroKuju

Por Antonio Odilardo *

No hodierno, ouvindo músicas de outrora, me remetem a um passado de quando eu era bastante jovem ou mesmo na mais tenra idade e, embalado por elas, mirava um futuro místico, propriamente de sonhos, mas passíveis de se tornarem realidade. Por serem simples e idealizados com os pés no chão, constato recordando-as, que felizmente os alcancei em sua integralidade. Não porque fosse tão simples que dispensasse as bênçãos divinas, mas sobretudo porque, muitos não conseguem.   

Eram sonhos de menino pobre. Basicamente era encontrar uma mulher maravilhosa que me desse três filhos, também maravilhosos, um emprego bom e estável, uma casa confortável para morar com a família, outra na praia para o divertimento e lazer e um excelente carro para ir ao trabalho e passear com a família. Confesso que sem a minha fé, determinação e a ajuda dos deuses teria sido mais difícil.  Hoje, eu acredito que o ingrediente mais importante para a consecução desses objetivos, era a falta de medo. 

Hoje tenho medo de tudo. Medo de ser assaltado em qualquer esquina, medo de levar um tiro de um bandido  num sinal de trânsito, medo dos viciados que perambulam pelas ruas, medo do aumento desenfreado de impostos, medo do aumento dos combustíveis e da conta de energia, medo do Banco do Brasil acabar com o meu plano de saúde, medo de governos corruptos acabarem com a minha aposentadoria privada, medo dos ladrões do dinheiro público, medo de contrair um câncer qualquer, medo de perder a ereção,  medo de ficar sem os amigos que ainda me aturam, medo da solidão e da velhice e o maior de todos – da morte. 

Sigo adiante driblando esses medos, enquanto vida tiver, porque nunca me faltou foi a coragem, a coragem de seguir em frente, até cair nos braços da deusa Makária, a deusa da morte. Que não seja de Covid-19, o mais atual dos meus medos. 

Em 23.04.2021 – ás 16:00h

Antonio Odilardo Mendes Carneiro* aposentado do Banco do Brasil, reside em Fortaleza - CE