VAREIROS DO RIO PARNAÍBA E OUTRAS HISTÓRIAS
Capa da primeira edição do livro "Vareiros do Parnaíba & Outras Histórias" |
Esta segunda edição, sob a
responsabilidade do Instituo Amostragem, traz o prefácio de Reginaldo Costa e
homenageia o poeta Alcenor Candeira Filho, além de dar um novo visual à capa do
livro.
Alcenor Candeira fez a apresentação da
primeira edição, enquanto que, o próprio autor fez o prefácio, o que ele chamou
de “Duas Palavras”.
Acompanhei de perto o trabalho de Souza Lima na elaboração deste livro, pois trabalhávamos juntos na redação do Jornal Folha do Litoral, até então dirigido pelo competente jornalista Batista Leão. Para o Souza Lima esta seria maior realização da sua vida, mas, infelizmente, quem manda em nosso destino é Deus e assim não foi possível o escritor realizar o seu desejo, pois Deus o chamou para a morada eterna antes que pudesse concluir o seu trabalho.
Após sua morte, o Jornalista Fonseca Mendes, com quem também tive o prazer de trabalhar, na Rádio Educadora e no Jornal Norte do Piauí, avocou para si a responsabilidade de editar e publicar o referido livro, entretanto, não concretizou seu intento, porque também veio a falecer.
Finalmente, anos mais tarde, um
filho de Souza Lima conseguiu, no governo do parnaibano Alberto Silva, através
da Fundação Cultural do Piauí e da Secretaria da Cultura Desportos e Turismo,
editar e publicar o “Vareiros do Rio Parnaíba & outras Histórias”. Foi um
lançamento festivo, mas causou-me espécie a quantidade de páginas e o número de
crônicas, pois pelo que sabia era para ser um livro com mais de 200 páginas.
Sobre Souza Lima que faleceu em 1976,
escrevi um pequeno texto que publiquei no jornal e que, ainda o conservo em
meus alfarrábios. Eis o texto:
“O SOUZA LIMA
O movimento no porto de Tutóia
era grande. A chegada e saída das embarcações era algo que fascinava a todos os
meninos da época; Navios brasileiros e estrangeiros traziam e levavam as
mercadorias das indústrias e do comercio de Parnaíba. O cais do porto era o
lugar preferido por todos nós. Íamos apreciar o movimento das embarcações, do
trabalho dos estivadores e também “piruar” a gostosa comidinha de bordo.
Palavras como cigarette please, kamoni boy, (camon boy)maricon, foque-foque (fuck fuck) e
outras, já nos eram bastante familiares, como também as marcas de cigarro Lucky
Strike, Malboro, Chesterfielkd e Half and Half.
Foi nessa época que conheci
Raimundo Souza Lima. Ia passando pelo bar da minha tia Dalva (Dalva Cerveira),
quando vi aquele “neguin” (nada de pejorativo ou preconceito, apenas uma for
carinhosa de tratar uma pessoa de pele escura) dançando e cantando o twist
“Rock Around the Clock” junto com uma cambada de gringos. Como sempre tive
curiosidade pelo idioma bretão fiquei ali parado e pensando com meus botões: será que um dia vou também poder falar com
esses gringos assim? Não preciso dizer que este meu desejo foi realizado...
Souza Lima era intérprete da
companhia inglesa Both Line e de outras empresas de navegação sediadas em
Parnaíba. Quando chegavam os navios
estrangeiros ele ia a Tutóia fazer o seu trabalho: a comunicação entre pessoas
de línguas diferentes. Falava fluentemente o inglês, o francês e arriscava no
espanhol e no alemão. Era brincalhão, alegre, festivo e dava valor a uma “loura suada”. Era responsável no seu
trabalho e, acima de tudo, era um gentleman. Tratava a todos com educação e
dignidade. Naquela época, contava eu com apenas 10 anos de idade.
Quando na década de mil
novecentos e setenta vim residir em Parnaíba encontro-me novamente com o Souza
Lima. Fomos companheiros de trabalho na redação e revisão do jornal Folha do
Litoral.”
Texto escrito em máquina de datilografar da marca Olivetti Lettera 82 |
Capa da segunda edição do livro "Vareiros do Parnaíba & Outras Histórias" |
Importantes esses livros sobre a história de nossa cidade, o que falta é cantar em versos e prosas- Teatro.
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