Por Carlos Pontes *
Nos tempos colegiais e durante os recreios vez em quando rolava um desentendimento entre os alunos. Muitas vezes começava mesmo na sala de aula. Olhares irados, ameaças e outros. Quando éramos conduzidos aos recreios, ameaçavam-se mutuamente. Muitas vezes era preciso a intervenção de um professor, inspetor ou bedel para apartar as desavenças. Findo o recreio, retorno às salas, esqueciam um pouco. No entanto ficava a "marcação". Passavam dias, semanas. No entanto quando um cismava com o outro as ameaças aumentavam. E tem aqueles dias que desmantelam ambos. Se olham feio na sala, no recreio... eis que num dado momento dão aquela peitada na porta do banheiro e se "armam" para os bofetes. Começa a gritaria e logo a coordenação vai saber do que tá rolando. Em meio ao sangue quente, camisas manchadas e uma até rasgada nas mangas, a fala de um deles:
- Te pego lá fora! Te pego lá fora!
Findo o começo de conflito são encaminhados à direção. São chamados à atenção, a família comunicada. Suspensão de uma semana para ambos.
Findo o tempo do afastamento, voltam meio cabisbaixo, sendo que os "colegas" brigões sequer olham um para o outro.
Término de semestre. Rotina de aulas encerram.
Férias, férias...
Circunstancialmente em cidades do interior as pessoas se encontram mais facilmente. E um desses dias e momentos os dois brigões cruzam-se numa rua estreita de bicicleta. Quis o destino amargo que as bicicletas se cruzassem e batessem uma na outra.
Nesse caso ninguém precisou ameaçar um ao outro: te pego lá fora!
Te pego lá fora!
Afinal de contas estavam literalmente "lá fora"...
O resto da história eu deixo por conta do leitor.
*Carlos Pontes, natural de Juazeiro do Norte-CE, é poeta, violeiro, autor, editor e um grande incentivador da cultura literária de Parnaíba.
Maravilha de resgate
ResponderExcluirEscrita maravilhosa. Bem meu tempo escolar
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