CLAUCIO CIARLINI(*)
Para além dos jornais e demais produções impressas, a Parnaíba da década de 70 viu surgir uma geração de jovens escritores que encontraram no mimeógrafo uma chance de se manifestarem de forma mais abrangente, tendo como forte exemplo o movimento Inovação, principalmente no que condiz ao funcionamento de seu criativo e contundente periódico (1977-1992), gerador de grande visibilidade a diversos poetas, cronistas e contistas que figuram, muitos, ainda hoje, publicando e sendo referência para estudiosos e amantes da escrita, nomes como: Elmar Carvalho, Alcenor Candeira Filho, Wilton Porto, Israel Correia e Diderot Mavignier.
Contudo, chegada a década de 90, a cidade passou a vivenciar um período mais discreto no que diz respeito a grupos literários. Irão surgir alguns exemplos, mas geralmente isolados. Não houve, por assim dizer, uma geração. O que se deu foi a continuidade da atuação daqueles escritores oriundos da década de 70, que obtiveram sua consolidação nos anos 80, com a abertura da Academia Parnaibana de Letras, fundada por boa parte dos próprios, no que adentraram os anos 90, continuando a atuar em jornais e no Almanaque da Parnaíba, quando não em suas obras individuais.
Quantos nomes não deixaram de ser revelados ou incentivados durante esse período obscuro, onde, repito, houveram sim algumas manifestações, porém esporádicas e em sua esmagadora maioria de forma solitária. Essa geração “fantasma”, que inclusive, foi de onde despontei, respirou um período mais democrático em termos políticos, se comparado a geração anterior, que havia batido de frente com a ditadura, ou seja, tínhamos mais liberdade, porém nos faltou união, ou quem sabe alguém ou algo que pudesse nos incitar? Uma junção de ambos? Uma questão a ser possivelmente elucidada numa pesquisa bem mais extensa e aprimorada.
O fato é que veio o século 21, e junto, o advento da internet, que embora já existisse bem antes, não possuía o leque que viria a ser aberto apenas em meados de 2000, quando da época do surgimento de diversos espaços virtuais, a citar, Recanto das Letras (2004) e Orkut (2006). O escritor não mais se limitaria ao campo de seus próximos quando do ato de divulgar os seus textos. O Brasil, ou melhor, o mundo, se tornou palco para suas manifestações.
Em meio a essas novidades, tiveram início marcas como O Piaguí (2007), impresso cultural, mensal e gratuito (também detentor de site) que desde seu nascimento concedeu espaço para numerosos jovens escritores, servindo de base para que eles pudessem não apenas mostrar seus talentos, como também se conectarem e até mesmo produzirem ações em conjunto, como foi o caso da coletânea Versania (2017), que potencializou a visibilidade destes, que já vinham sendo publicados no jornal e que compartilhavam suas criações pela internet, a citar, Carvalho Filho, Alexandre César, Jailson Junior, Daltro Paiva, Joyce Cleide, Morgana Sales, Marcello Silva, Luana Silva, Leonardo Rodrigues da Silva, Marciano Gualberto, dentre outros.
O Boom das faculdades e cursos em Parnaíba nesta última década também tem ajudado a fomentar a vida literária e a formação de grupos que promovem saraus, oficinas, até mesmo publicações, havendo uma constante parceria entre estudantes de Parnaíba e talentos vindos de outras cidades e estados.
Cabe ressaltar também, o enorme incentivo cultural e literário dado pelo empresário e acadêmico da APAL Valdeci Cavalcante, como mecenas de muitas obras lançadas nos últimos anos.
Recentemente, porém não menos importante, o surgimento da plataforma Escrever sem Fronteiras (2016), com realização do SESC, que tem ajudado a alavancar ainda mais o nascer e o interagir destes jovens da escrita, promovendo bate-papos e servindo de base para o impresso anual Correio Literário. Isso, sem contar as outras atividades desenvolvidas pelo Sesc Caixeiral, como lançamentos e demais eventos, por exemplo, o Corredor Literário, feira realizada em 2018 e neste ano e que possibilitou a união de escritores oriundos das gerações já mencionadas e que fez com que fosse reforçado um sentimento já existente de promover a aproximação destes grupos, ideia também defendida pela APAL, na figura de seu atual presidente José Luiz de Carvalho, como também em publicações de outros acadêmicos, como é o caso de Antônio de Pádua Marques, Maria Dilma Ponte de Brito, Renato Bacellar e Antônio Gallas.
E é na missão de unir os jovens literatos aos mais experientes que seguimos, a realizar ações, como por exemplo, um projeto de minha iniciativa, que terá seu lançamento em outubro: um livro de contos entre gerações, no intuito de fortalecer os laços, uma espécie de ponte oficial que consolidará de vez a parceria entre APAL e O Piaguí, e que certamente renderá excelentes frutos, afinal, e como costuma-se dizer: a união faz a força!
(*) Claucio Ciarline é um dos seis candidatos que concorrem à cadeira de número 27 da Academia Parnaibana de Letras.
(*) Claucio Ciarline é um dos seis candidatos que concorrem à cadeira de número 27 da Academia Parnaibana de Letras.
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