domingo, 12 de junho de 2022

É SÃO JOÃO!

 É SÃO JOÃO!

        Ao ler as  crônicas  do confrade  Pádua Marques sobre os festejos juninos "O Boi de Paneiro"  e O Velho e Bom São João Já Não É Mais o Mesmo! publicadas neste blog em 04 e 18 do corrente, retornei aos meus  tempos de criança,  de quando morava em minha cidade natal, Tutóia,  no litoral do Maranhão.
    O "Boi de Paneiro" tal qual descreveu Pádua Marques,  saíamos pelas ruas do centro da cidade a dançar nas portas das famílias apenas para mostrar a nossa  alegria sem nos importarmos  se  receberíamos, ou não, qualquer recompensa.

                Os dois tradicionais e mais importantes bois da cidade à época, o "Brilho da Noite" e  o "Touro Bonito"  dos  senhores  e Antonio Vaqueiro e Antonio Manim, ambos  com seus brincantes devidamente uniformizados, tais como  os " Caboclos Reias", "o Doutor", "o Sargento",   o "Nego  Chico",  a "Catirina", o "Folharal" além dos outros personagens do grupo. 
                    Não lembro,  se  à essa época,   mulheres integravam a brincadeira,   como  as índias guerreiras de hoje, que garbosamente bailam, animando principalmente os  corações masculinos. 


                    Um  personagem que não aparece, mas que tem uma importante função na apresentação, é o "fato" ou o "miolo do boi", aquele que dança embaixo do boi, que faz as evoluções conforme o amo desnvolve a toadas. 
             Meu pai, assim como muitos outros pais de família,  os contratavam para dançarem às suas portas, a fim de  que seus filhos, amigos e vizinhos tivessem uma diversão no aconchego do lar e da família. 
     O "Nego Chico" (Pai Francisco) amolando sua faca artesanal feita de madeira provocava medo na meninada. Eu mesmo me pelava de medo e começava a chorar querendo correr e me esconder. Já a Catirina e o "Folharau" montado na "burrinha" feita de talo de carnaúba e adornada com papelão,  divertia-nos.
    O Amo do Boi,  cantando as toadas  e fazendo a "onça" (espécie de cuíca) roncar; os caboclos reais com seus chapéus de penas coloridas numa dança cadenciada. Dentre as toadas, ainda hoje, guardo a minha memória uma, não sei se composição do Manim ou do Vaqueiro,  que muito bem retrata o nosso país; A toada diz o seguinte:
"As estrelas só brilham pros ricos porque têm dinheiro pra gastar (bis)
As eleições vêm aí 
E nós temos que votar
Neste dia pobre tem dinheiro
E tem carro de luxo pra andar...
Eita boi! Boi! Boi!!!"

                Segundo informação recebida do amigo Pedro Pio da Penha Ramos que reside em São Luis do Maranhão, Antônio Manim fez o mais bonito boi de todos os tempos que ficou popularizado como o  Boi do Congresso. Ainda de acordo com Pedro Pio "esse boi foi muito bem confeccionado. Bonito! Cobertura em pelúcia - arraso para a época - Pelúcia!!??"  O nome "boi do congresso" em decorrência do Congresso Eucarístico" realizado em Tutóia no ano de 1955 quando o Padre Jocy Neves Rodrigues (amanhã 25 de junho estaria completando 105 anos se vivo fosse) era o responsável pela Paróquia de Tutóia.
                São muitas as lembranças da minha infância no São João em Tutóia como o primeiro arraial que assisti na Avenida Beira Mar (hoje Paulino Neves) realizado por dona Coló, esposa de Nemésio Neves,  com queima de fogos, forró com um sanfoneiro chamado Zé Carneiro e o mais esperado e emocionante ver o "balão de São João" subindo aos céus de Tutóia.

     É SÃO JOÃO!!

(Antonio Gallas)

Arrasta o pé minha gente
Que chegou  o São João
E tem festa no sertão
Com muita animação!

Sanfona, zabumba e pandeiro
 É alegria, é diversão,
É música  a noite toda
E também o dia inteiro!

Tudo em perfeita harmonia
Nego e Chico e Catirina
Fazem muita gozação
Já a índia bailarina
Alegra meu coração!

Bumba boi, quadrilha e forró
Fogueira, bolo e balão
Aluá também se bebe 
Na festa de São João.

É São João minha gente
Vamos nos alegrar
É festa no nordeste
Então vamos aproveitar!!!











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