É SÃO JOÃO!
Ao ler as crônicas do confrade Pádua Marques sobre os festejos juninos "O Boi de Paneiro" e O Velho e Bom São João Já Não É Mais o Mesmo! publicadas neste blog em 04 e 18 do corrente, retornei aos meus tempos de criança, de quando morava em minha cidade natal, Tutóia, no litoral do Maranhão.
O "Boi de Paneiro" tal qual descreveu Pádua Marques, saíamos pelas ruas do centro da cidade a dançar nas portas das famílias apenas para mostrar a nossa alegria sem nos importarmos se receberíamos, ou não, qualquer recompensa.
Os dois tradicionais e mais importantes bois da cidade à época, o "Brilho da Noite" e o "Touro Bonito" dos senhores e Antonio Vaqueiro e Antonio Manim, ambos com seus brincantes devidamente uniformizados, tais como os " Caboclos Reias", "o Doutor", "o Sargento", o "Nego Chico", a "Catirina", o "Folharal" além dos outros personagens do grupo.
Não lembro, se à essa época, mulheres integravam a brincadeira, como as índias guerreiras de hoje, que garbosamente bailam, animando principalmente os corações masculinos.
Um personagem que não aparece, mas que tem uma importante função na apresentação, é o "fato" ou o "miolo do boi", aquele que dança embaixo do boi, que faz as evoluções conforme o amo desnvolve a toadas.
Meu pai, assim como muitos outros pais de família, os contratavam para dançarem às suas portas, a fim de que seus filhos, amigos e vizinhos tivessem uma diversão no aconchego do lar e da família.
O "Nego Chico" (Pai Francisco) amolando sua faca artesanal feita de madeira provocava medo na meninada. Eu mesmo me pelava de medo e começava a chorar querendo correr e me esconder. Já a Catirina e o "Folharau" montado na "burrinha" feita de talo de carnaúba e adornada com papelão, divertia-nos.
O Amo do Boi, cantando as toadas e fazendo a "onça" (espécie de cuíca) roncar; os caboclos reais com seus chapéus de penas coloridas numa dança cadenciada. Dentre as toadas, ainda hoje, guardo a minha memória uma, não sei se composição do Manim ou do Vaqueiro, que muito bem retrata o nosso país; A toada diz o seguinte:
"As estrelas só brilham pros ricos porque têm dinheiro pra gastar (bis)
As eleições vêm aí
E nós temos que votar
Neste dia pobre tem dinheiro
E tem carro de luxo pra andar...
Eita boi! Boi! Boi!!!"
Segundo informação recebida do amigo Pedro Pio da Penha Ramos que reside em São Luis do Maranhão, Antônio Manim fez o mais bonito boi de todos os tempos que ficou popularizado como o Boi do Congresso. Ainda de acordo com Pedro Pio "esse boi foi muito bem confeccionado. Bonito! Cobertura em pelúcia - arraso para a época - Pelúcia!!??" O nome "boi do congresso" em decorrência do Congresso Eucarístico" realizado em Tutóia no ano de 1955 quando o Padre Jocy Neves Rodrigues (amanhã 25 de junho estaria completando 105 anos se vivo fosse) era o responsável pela Paróquia de Tutóia.
São muitas as lembranças da minha infância no São João em Tutóia como o primeiro arraial que assisti na Avenida Beira Mar (hoje Paulino Neves) realizado por dona Coló, esposa de Nemésio Neves, com queima de fogos, forró com um sanfoneiro chamado Zé Carneiro e o mais esperado e emocionante ver o "balão de São João" subindo aos céus de Tutóia.
É SÃO JOÃO!!
(Antonio Gallas)
Arrasta o pé minha gente
Que chegou o São João
E tem festa no sertão
Com muita animação!
Sanfona, zabumba e pandeiro
É alegria, é diversão,
É música a noite toda
E também o dia inteiro!
Tudo em perfeita harmonia
Nego e Chico e Catirina
Fazem muita gozação
Já a índia bailarina
Alegra meu coração!
Bumba boi, quadrilha e forró
Fogueira, bolo e balão
Aluá também se bebe
Na festa de São João.
É São João minha gente
Vamos nos alegrar
É festa no nordeste
Então vamos aproveitar!!!
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