quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

ALMEIDA GALHARDO - o poeta desconhecido do Maranhão -

 


Extraída do livro Almeida Galhardo - o poeta das gaivotas



ASAS  HEROICAS

AOS  AVIADORES MARANHENSES

Querendo Ícaro imitar

A voar... Voar...

Rasgando nuvens, horizontes, 

Sobre montes, Subiram Galhardo e Betinho,

Bem pertinho

Do céu eles estavam

E já cantavam

Alegrias sem fim, em profusão

No avião!


Porém seguiu a fatalidade, Com crueldade


Robou-lhes o prazer, a alegria, 

Neste dia

Em que, juntos, venciam a distância

Com desusada ânsia,

Que brotava dos seus peitos ansiosos

E já vitoriosos,

De singrarem o amplo céu de anil

Deste Brasil!


Chora hoje, todo o Maranhão!

Não é em vão, 

Porque os jovens que a fatalidade, 

Em tenra idade,

Ceifou do número de heróis,

Talvez após

Suas cinzas voarem com o vento, 

Traga alento,

Para que a nossa mocidade

Frua com intensidade.

O poema acima, publicado no anexo 22 do livro "Almeida Galhardo - o poeta das gaivotas" de José Carlos Ramos às  páginas 86/87, foi escrito por Lauro Cardoso e publicado no Diário de São Luis em 10 de agosto de 1948, dois dias após a morte do poeta Almeida Galhardo que se vivo fosse estaria hoje, 02 de dezembro, completando 98 anos de idade.

Apesar  dos jornais da capital  terem noticiado a morte desse importante  ícone da poesia tutoiense  e  o mesmo ter sido homenageado na sessão da Câmara de Vereadores de São Luis do dia 09 de agosto daquele ano,  e ainda,   por intelectuais da época como Lago Burnett, Fernando Lopes e outros.  Almeida Galhardo  ficou no anonimato por quase duas décadas após sua morte, inclusive em sua terra natal.  Somente com a vinda do Padre Hélio Maranhão, em meados da década de 1960,  que Tutóia ficou sabendo quem de fato teria sido Almeida Galhardo. Nos sites de pesquisas e nas bibliotecas pouco ou quase nada se encontra sobre o vate tutoiense. 

Com o  título "O Poeta das Gaivotas",  Elmar Carvalho,  poeta escritor e magistrado  postou em 2018, no site da Associação dos Magistrados Piauienses - AMAPI, no Blog do Poeta Elmar e também publicado na coletânea I Encontro Galhardense, pg. 153/158 o seguinte: "Tomei conhecimento da existência do poeta Almeida Galhardo no ano de 2014, através do livro Constelação de Sonhos – lindas e inesquecíveis poesia, que me foi gentilmente presenteado pelo juiz de Direito Édison Rogério Leitão Rodrigues, maranhense de Pedreiras, mas radicado no Piauí, onde exerce a judicatura há muitos anos, do qual tenho a honra de ser amigo.

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...Pois foi nesse florilégio poético que encontrei o nome e dois lindos sonetos de o Poeta das Gaivotas, um justamente titulado Gaivotas, de que lhe adveio o epíteto literário, e o outro, Cruz de Ouro. Impossível saber se o vate, se vivo estivesse, gostaria desse cognome; sei que Raimundo Correia, chamado o Poeta das Pombas, detestava tal designação, embora o soneto, que lhe rendeu essa alcunha, seja considerado um dos mais belos do Brasil. No livro, antecedendo os dois poemas, constava apenas o nome Almeida Galhardo e o registro: P. S. Biografia desconhecida”.

Já o historiador e professor  Euges Lima, ex-presidente e atual vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGMA em suas redes sociais fez um convite aos conterrâneos tutoienses para a celebração do Centenário de Almeida Galhardo que ocorrerá daqui a dois anos, exatamente em 02 de dezembro de 2022. Assim se  manifestou Euges Lima:

 "O CENTENÁRIO DE ALMEIDA GALHARDO, O POETA MAIS ESQUECIDO DO MARANHÃO

 ( 1922/2022)

Concidadãos de Tutóia,

  Em 2022, o nosso poeta maior, Almeida Galhardo, irá completar o seu centenário. Galhardo é talvez o poeta mais esquecido do Maranhão, só é lembrado em Tutóia e mal, isso por ter sido  homenageado como patrono de uma escola, mas sua obra e vida, precisam ser (re)conhecidas, não só em Tutoia, mas em todo o Maranhão.  Precisamos tirar o "poeta das gaivotas" do esquecimento. Nesse sentido, estou propondo aqui, em primeira mão, que possamos unir forças, sociedade civil organizada, instituições culturais e poder publico, para iniciar um planejamento de programação do "Centenário de Almeida Galhardo (1922/2022). Euges Lima ( filho de Tutóia, professor e historiador)".

Sobre a postagem do professor Euges, a professora Maria José Brandão Ramos também se posicionou dizendo o seguinte: "Vamos organizar sim. Galhardo já foi tirado da gaveta através da obra de José Carlos Ramos -  ALMEIDA GALHARDO, O POETA DAS GAIVOTAS (2018) e também é Patrono da Academia de Ciências, Artes e Letras de Tutóia - ACALT." 

De fato, pelo que tenho conhecimento, o obra de José Carlos Ramos (in memoriam)  é um trabalho único sobre a biografia desse grande aviador e poeta tutoiense. José Carlos,  que ocupou a cadeira de nº 13 da Academia de Ciências Artes e  Letras de Tutóia-ACALT,  discorre sobre a vida do poeta trazendo à tona "um resgate à história da literatura de Tutóia" como ele próprio afirma no prefácio do livro.

Vamos sim, todos, celebrar o  centenário do poeta maior de Tutóia e torná-lo conhecido não apenas no  município mas em todo  o  estado e além fronteiras do Maranhão. Tudo depende de nós.

Texto: Antonio Gallas

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