Extraída do livro Almeida Galhardo - o poeta das gaivotas |
ASAS HEROICAS
AOS AVIADORES MARANHENSES
Querendo Ícaro imitar
A voar... Voar...
Rasgando nuvens, horizontes,
Sobre montes, Subiram Galhardo e Betinho,
Bem pertinho
Do céu eles estavam
E já cantavam
Alegrias sem fim, em profusão
No avião!
Porém seguiu a fatalidade, Com crueldade
Robou-lhes o prazer, a alegria,
Neste dia
Em que, juntos, venciam a distância
Com desusada ânsia,
Que brotava dos seus peitos ansiosos
E já vitoriosos,
De singrarem o amplo céu de anil
Deste Brasil!
Chora hoje, todo o Maranhão!
Não é em vão,
Porque os jovens que a fatalidade,
Em tenra idade,
Ceifou do número de heróis,
Talvez após
Suas cinzas voarem com o vento,
Traga alento,
Para que a nossa mocidade
Frua com intensidade.
O poema acima, publicado no anexo 22 do livro "Almeida Galhardo - o poeta das gaivotas" de José Carlos Ramos às páginas 86/87, foi escrito por Lauro Cardoso e publicado no Diário de São Luis em 10 de agosto de 1948, dois dias após a morte do poeta Almeida Galhardo que se vivo fosse estaria hoje, 02 de dezembro, completando 98 anos de idade.
Apesar dos jornais da capital terem noticiado a morte desse importante ícone da poesia tutoiense e o mesmo ter sido homenageado na sessão da Câmara de Vereadores de São Luis do dia 09 de agosto daquele ano, e ainda, por intelectuais da época como Lago Burnett, Fernando Lopes e outros. Almeida Galhardo ficou no anonimato por quase duas décadas após sua morte, inclusive em sua terra natal. Somente com a vinda do Padre Hélio Maranhão, em meados da década de 1960, que Tutóia ficou sabendo quem de fato teria sido Almeida Galhardo. Nos sites de pesquisas e nas bibliotecas pouco ou quase nada se encontra sobre o vate tutoiense.
Com o título "O Poeta das Gaivotas", Elmar Carvalho, poeta escritor e magistrado postou em 2018, no site da Associação dos Magistrados Piauienses - AMAPI, no Blog do Poeta Elmar e também publicado na coletânea I Encontro Galhardense, pg. 153/158 o seguinte: "Tomei conhecimento da existência do poeta Almeida Galhardo no ano de 2014, através do livro Constelação de Sonhos – lindas e inesquecíveis poesia, que me foi gentilmente presenteado pelo juiz de Direito Édison Rogério Leitão Rodrigues, maranhense de Pedreiras, mas radicado no Piauí, onde exerce a judicatura há muitos anos, do qual tenho a honra de ser amigo.
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...Pois foi nesse florilégio poético que encontrei o nome e dois lindos sonetos de o Poeta das Gaivotas, um justamente titulado Gaivotas, de que lhe adveio o epíteto literário, e o outro, Cruz de Ouro. Impossível saber se o vate, se vivo estivesse, gostaria desse cognome; sei que Raimundo Correia, chamado o Poeta das Pombas, detestava tal designação, embora o soneto, que lhe rendeu essa alcunha, seja considerado um dos mais belos do Brasil. No livro, antecedendo os dois poemas, constava apenas o nome Almeida Galhardo e o registro: P. S. Biografia desconhecida”.
Já o historiador e professor Euges Lima, ex-presidente e atual vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGMA em suas redes sociais fez um convite aos conterrâneos tutoienses para a celebração do Centenário de Almeida Galhardo que ocorrerá daqui a dois anos, exatamente em 02 de dezembro de 2022. Assim se manifestou Euges Lima:
"O CENTENÁRIO DE ALMEIDA GALHARDO, O POETA MAIS ESQUECIDO DO MARANHÃO
( 1922/2022)
Concidadãos de Tutóia,
Sobre a postagem do professor Euges, a professora Maria José Brandão Ramos também se posicionou dizendo o seguinte: "Vamos organizar sim. Galhardo já foi tirado da gaveta através da obra de José Carlos Ramos - ALMEIDA GALHARDO, O POETA DAS GAIVOTAS (2018) e também é Patrono da Academia de Ciências, Artes e Letras de Tutóia - ACALT."
De fato, pelo que tenho conhecimento, o obra de José Carlos Ramos (in memoriam) é um trabalho único sobre a biografia desse grande aviador e poeta tutoiense. José Carlos, que ocupou a cadeira de nº 13 da Academia de Ciências Artes e Letras de Tutóia-ACALT, discorre sobre a vida do poeta trazendo à tona "um resgate à história da literatura de Tutóia" como ele próprio afirma no prefácio do livro.
Vamos sim, todos, celebrar o centenário do poeta maior de Tutóia e torná-lo conhecido não apenas no município mas em todo o estado e além fronteiras do Maranhão. Tudo depende de nós.
Texto: Antonio Gallas
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