quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

ARTIGO DA SEMANA

PARNAIBA VAI SER IRMÃ DE DUBAI. INSHALA!


Pádua Marques(*)

Dias desses, faz menos de quinze dias, fiquei sabendo que o governador do Piauí, Wellington Dias, andou se encontrando em Brasília com uma representação comercial dos árabes. E desse encontro, que os blogs e portais chapa branca deram alarme maior do que os gansos da praça da Graça, ficamos sabendo que há interesse dos conterrâneos de Maomé em investirem suas guardadas e bem guardadas moedas em Parnaíba.
E de gauchada, assim logo de cara, no modorrento aeroporto de final de semana, ali pras bandas do Floriópolis. No centro financeiro e político da Parnaíba esta notícia, essa lorota, deixou muita, mas muita gente com o dente na fresca. Foi motivo de muita conversa e discussão, dedo na cara na praça da Graça. Teve gente divagando e vendo as caravanas desembarcando e percorrendo a cidade e de olho grelado pelo tamanho da Ilha de Santa Isabel, nas lagoas do Portinho e do Bebedouro.
Porque os descendentes de Maomé nunca haveriam de ver tanta terra e tanta água se istruindo, sem utilidade. E os economistas e sonhadores se danaram a falar sobre a abertura de restaurantes e lanchonetes vendendo esfias, quibes e guisado de carneiro. E chegando ao Portinho estariam em casa. Todas aquelas dunas branquinhas que nem talco Johnson’s se perdendo sem que ninguém até agora tenha feito nada pra puxar o turismo.
Estou aqui é agoniado pra ver os árabes na Banca do Louro comprando revistas de mulher nua, tomando água de coco na praça da Graça, tirando foto com o Mário Boi, se admirando com a imponente e operante Câmara Municipal. Depois viriam as compras no calçadão da Marechal Deodoro, pechinchando no preço das calcinhas. Eu não duvido nada se eles não se engraçarem da ponte Simplício Dias, querendo saber a engenharia de ponta com que foi feita a reforma.
Os árabes iriam ficar de barba branca querendo saber o tempo que levou e comparando com o canal de Suez no Egito e Dubai, aquele shopping center a céu aberto nos Emirados. À noite iriam pra bem iluminada São Sebastião, na altura do Mirante. Coisa de botar inveja em Paris. Eles, com aquelas caras de fenemê, no outro dia iriam pra Pedra do Sal, caturando uma barraca pra se proteger do sol e iriam encontrar umas palhoças improvisadas, atendimento e  limpeza de primeiro mundo.
Dou pra ver bicho mais desconfiado do que árabe, principalmente quando se toca em assunto de dinheiro. Mas sempre vai ter um jeito de fazer eles caírem das carnes e abrirem a burra. E é aí que entram os intermináveis Tabuleiros Litorâneos. Lá eles vão com o prefeito, secretários, representantes de tudo que é repartição de governo. Até a banda de música, a furiosa Banda Municipal Simplício Dias. Mas é sempre bom recomendar ao cerimonial, nada de soltar foguetes. Árabe se assusta com qualquer papouco. Até um riscar de palito de fósforo é motivo pra eles se jogarem no chão e puxarem as armas.
Eu depois dessa rezo daqui de casa. Cinco vezes por dia e virado pra Meca. Já comprei até aquele tapete pra rezar no quarto.  Peço que Alá ilumine seus xeiques, beis e emires e que tudo que esse pessoal da Parnaíba anda sonhando se torne realidade. Inshala, inshala, inshala três vezes!
*Pádua Marques é jornalista e escritor, membro da Academia Parnaibana de Letras e de outras entidades culturais no Piauí. 

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