Início dos anos 1970. Projeto Rondon desbravando as regiões Norte e
Nordeste deste imenso Brasil. Instalado em Paraíba um campus avançado da Universidade Federal
do Espírito Santo muito bem dirigido pelo professor José Domingos que foi
diretor a Escola Rolando Jacob (salvo engano o primeiro), mais tarde fazendeiro
em Araioses no Maranhão.
O camarão de Tutóia ultrapassa fronteiras e fica conhecido como o “melhor do Brasil’’, tanto assim que, quem visitar a cidade e não saborear este delicioso fruto do mar, é mesmo que ir à Itália e não saborear suas famosas pizzas napolitanas, uma bruschetta ou até mesmo um carpaccio, prato feito a partir de carne ou de peixe cru, cortado em fatias finas, e é comumente servido como um aperitivo.
O camarão de Tutóia ultrapassa fronteiras e fica conhecido como o “melhor do Brasil’’, tanto assim que, quem visitar a cidade e não saborear este delicioso fruto do mar, é mesmo que ir à Itália e não saborear suas famosas pizzas napolitanas, uma bruschetta ou até mesmo um carpaccio, prato feito a partir de carne ou de peixe cru, cortado em fatias finas, e é comumente servido como um aperitivo.
Crédito Blog do Pessoa |
Numa sexta-feira, com
objetivo de passar o fim de semana o meus pais, embarco em Parnaíba numa dessas
lanchas com destino a Tutóia. Embarcaram
também cinco universitários pertencentes ao Projeto Rondon. Dois rapazes e três
moças. Os rapazes eram de cor negra, bem
acentuada. As moças de tez parda. Todos usavam camisas do tipo T-shirt com as
inscrições do Projeto Rondon. Um dos
rapazes ostentava uma boina com as cores da Jamaica, tipo aquelas Bob Marley,
feitas de tricô, sendo que uma das moças, a que mais tagarelava, parecia
conhecer bem a região, pois, durante o trajeto da embarcação, explicava aos
demais em detalhes, sobre o percurso, a vegetação, etc. etc... Dava impressão que já tinha feito aquele
trajeto várias vezes.
Puxei conversa com eles
e um dos rapazes perguntou- me se eu sabia e um local onde pudessem ficar
hospedados e onde saborear o tão famoso camarão de Tutóia de que tanto ouviram
falar.
Crédito blog do Antonio Amaral |
Indiquei o “Bar do
Tito” e a Pousada Embarcação na Praia da Barra. Matariam os dois coelhos de uma
só cajadada.
Saímos do Porto Salgado
de Paraíba ao meio dia, e como não houve qualquer embaraço durante a viagem,
chegamos à rampa do Porto de Tutóia por volta das 17 horas. Cada passageiro
desembarcou e tomou seu rumo, seu destino.
Na rampa, ao
desembarcarmos em Tutóia, encontro o “chico professor” e peço-lhe para levá-los
até lá, na Pousada Embarcação.
Domingo, cumprida a
obrigação para com os pais e também para com os amigos, embarco novamente na
lancha com destino a Parnaíba pois, segunda-feira pela manhã eu teria reunião
na escola qual iria iniciar a lecionar em Parnaíba.
Como já citei antes, a
embarcação faria uma parada em Carnaubeiras, no município de Araioses para
receber os caranguejos e transportá-los até a parada final que seria
Parnaíba. Não sei precisar em temos de
quilos, nem quantas cordas ali eram embarcadas, mas sei que era uma quantidade
suficiente para encher quase que totalmente o porão da referida lancha.
A moça tagarela ao ver
tantos caranguejos sendo colocados no porão da embarcação chamou os colegas e
foi logo dizendo: - vejam colegas,
quanta aranholas!
E era aranholas pra cá,
aranholas pra ali, aranholas pra todo lugar...
Expedito Gonçalves,
cabo da Marinha do Brasil, lotado na Capitania dos Portos do Piauí, agência de
Tutóia Maranhão, ao ouvir a moça chamar caranguejo de aranhola disse: - ora,
uma égua dessa, bem aí da Parnaíba, não sabe que isso é caranguejo? Espera aí
que vou já ensinar essa rapariga. Evidentemente que todos conheciam caranguejo,
pois os rapazes eram soteropolitanos e duas moças capixabas.
O Expedito foi aquele
tipo de pessoa que nasceu pra fazer as outras pessoas rirem. De tudo e de todos
ele fazia um piada. E todos, em Tutóia, indistintamente, gostavam dele.
Segurando uma corda de
caranguejo e com sua voz de tom grave dirigindo-se ao grupo, e em especial à moça,
falou: - “olhe aqui senhorita”. E segurando a pata do crustáceo disse: - “Estão
vendo isso aqui que parece uma tesoura? Pois bem. Preste atenção senhorita.
Toda mulher tem priquito e todo priquito tem grelo. O grelo funciona como um
verdadeiro imã para essas presas aqui. Tenha cuidado senhorita, pois se uma
dessas agarrar no seu grelo, vai ser um Deus nos acuda aqui nessa lancha!”
Foi o suficiente para
que a moça fosse se trancar no camarote da embarcação e ficasse lá até o fim da
viagem.
Na segunda-feira fui à
reunião da escola para o início do ano letivo. E qual foi minha surpresa! Lá também
estava a moça das aranholas.
Tornamo-nos bom amigos,
trabalhamos juntos alguns anos até que ela passou em um concurso federal e
despediu-se do magistério.
Correção: em vez de campos avançado leia-se Campus Avançado
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