domingo, 15 de maio de 2016

PRODAMOR E OUTROS CAUSOS


 

  
DONA MARIA DA GLÓRIA

 
Antônio Gallas
 

Meu pai, o comandante Moysés Pimentel, e minha mãe, dona Zilda Galas Pimentel, quando se aposentaram, ele como oficial da Marinha Mercante e ela, como funcionária pública do então Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis – DNPVN, (antiga Comissão de Obras e Estudos do Rio Parnaíba), resolveram morar em Tutóia, no estado do Maranhão. Compraram uma casa, umas pequenas porções de terras, algumas cabeças de gado para progredirem na vida nova que estavam iniciando.

O Sr. Moysés Pimentel exerceu diversos cargos na vida pública tutoiense, entre eles o de delegado de polícia por diversas vezes, pois, sempre que ocupava a função, a exercia com respeito, integridade e acima de tudo com honestidade. Era um delegado respeitado, tanto assim que recebeu Menção Honrosa que lhe foi entregue pessoalmente pelo Exmo. Sr. Secretário de Segurança da época, o então Ministro Cícero de Neiva Moreira.

Meu pai, observando a inteligência de Prodamor, que nesse tempo veio morar conosco, arranjou-lhe o emprego de escrivão de polícia, para que com o salário ganho, ele pudesse comprar suas coisas sem ter que pedir aos outros.

E, pois não é que o danado do Prodamor saiu-se bem, na função de escrivão? Caprichoso como era, estudava com afinco a língua pátria para não cometer erros de português ao redigir certidões, atestados, etc...

Naquela época não existia Médico legista em Tutóia (hoje, também ainda não existe) e quando ocorria algum crime que necessitasse ser feito um exame de corpo e delito, o delegado nomeava uma comissão composta pelo escrivão, pelo chefe da estatística (IBGE), pelo administrador da mesa de rendas (Receita Federal) e por mais uma ou duas pessoas idôneas da cidade.

Aconteceu, então, um ato de defloramento ou tentativa de estupro que foi parar na delegacia. O acusado defendia-se afirmando que não chegou a consumar o ato. A vítima, Maria da Glória, nada dizia, pois era muda. Apenas a mãe falava fazendo um grande alarido jogando impropérios no acusado.

O delegado, como de praxe, constituiu a comissão para fazer o exame e que depois de concluído, meu sobrinho Prodamor apresentou o laudo pericial com a seguinte redação:

“Vendo e revendo as partes pudendas de dona Maria da Glória, atestamos que a mesma é virgem na hora. Entretanto, observando-se no alto de sua “crica” encontrei manchas arroxeadas, que tudo me faz crer, foram “muradas” de pica.”

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