domingo, 15 de maio de 2016

ESTÓRIAS DO XIKOUSE



BEIJU BRANQUIM



 




 
XIKIN KARWALHO (escritor Parnaibano)

 

 
 


 

Anos dourados in Ceagueanos, quando dois Técnicos Consultores seguem via, VARIG, VARIG, VARIG, para Brasília, capital dos mandachuvas, que não lutam para molhar os nossos bolsos, salários e, apenas os deles. Os folgados seguem em busca de novidades, de conhecimentos enriquecedores, de bondosas “didis” que tanto nos alegram. Principalmente ao nosso artista Modextro de Grittu’s Bellos, coadjuvante da nossa saborosa ocorrência.

Avião na pista e ambos os artistas seguem em sua direção. O sorriso campeia lábios e olhares. Seguram o corrimão da escada e Modextro de Grittu’s Bellos vira-se para o artista principal e diz:

- vamos cabra, sobe pra riba.

- carma cumpade, é que to sentido uma sensação diferente. É a primeira vez que vou viajar de avião. Um frií no bucho!!!!!!!

- pois te resolve. O pessoal de trás já está dos desgraçando.

“Ambos os dois subiram pra riba”. Adentraram a aeronave e trataram de “se assentarem se”. Ataram os cintos e aprontaram-se pra partida. Nosso artista principal observava a tudo e a todos os detalhes do seu novo mundo, e perguntava sobre tudo. Mas o que mais admirava era o rebolado das aeromoças (cearense é cabra macho).

Fecham as portas da aeronave e o comandante trata de dizer a todos, a ladainha de sempre.

Aceleraram o bichão e... ♫.voar, voar, ♫ subir, subir ♪..........................

Neste momento um dos nossos leitores, interrompendo a estória, nos pergunta:

Pô xikin, o avião já vai longe e ainda não sabemos o nome do artista principal?!?!?!?!

Pois é, e atendendo a aqueles que nos incentivam e cobram resultados, resolvemos relatar o viajante. Um metro e setenta e dois de altura, desenvoltura lateral obesa de 1,20 m, calo sexual bulchístico abusivo, pé 40 e careca em início desenvolvimentista. Quem seria??? O nosso artista da Golden Pictures Presentes é MUNDICO VILSON DE VOSKANCELAS.

Voltemos então à estória.

Conversas mil entrelaçavam os nossos viajantes. Cada qual contava pra cada um, estórias mais engraçadas. Algumas delas livres, outras censuradas e imparticipativas. Mundico de tão feliz que estava só faltava cantar o “atirei o pau no gato”. Participava sorridente de todos os momentos da viagem e até sorria (amarelo) dos sustos decorrentes das quedas vacuômetras ocorridas com o bicho avuador. Era ele quem mais falava. Lá pras tantas as aeromoças começaram a passear servindo os come se bebes. Aeromoça vai,  pescoço de Mundico também, aeromoça volta,  pescoço de mundico revolta. Nosso artista estava pra ficar caraӨlhӨ, pois não sabia se olhava pros entretantos das aeromoças ou se para o que estava sendo servido. Nossos  coléguas foram servidos. De Grittu’s Bellos, macaco velho, filho de desembargador, come comedidamente, mas, malandramente, não repassa dicas degustativas ao seu vizinho. Mundico acostumado com panelada e mão-de-vaca com pirão, lá de Sant’ana do Acaraú-Ce, vai tratando de “traçar” tudo o que vê pela frente. O vaput-vuput foi tão grande  e urgente que o comilão até levantou o braço e pediu BIS. Ainda bem que a aeromoça fez de conta  que não ouviu.

Após a ocorrência degustativa, Mundicu calou-se e começou a passar mal. Pra não deixar ninguém notar, e, principalmente o seu vizinho “amigo da onça” (qualquer semelhança com o da Revista Cruzeiro é simples cópia), nosso personagem “se-fechou-se”.

Viagem terminada. Avião no pátio. Passageiros descem, apanham malas, pegam táxi e seguem pro hotel. Lá chegando e já instalados, tomam banho e, cada qual em sua cama (é bom frisar), deitam. De Grittu’s Bellos notando a tempestiva e abrupta mudança comportamental de seu parceiro, dirige-se a ele e pergunta:

- O que está acontecendo contigo? Fiz-te algo? Da metade da viagem pra cá, ou melhor, após o serviço de bordo, você que vinha tão falante, fagueiro e alegre, não mais falou comigo. O que está acontecendo?

Mundico pensou, repensou, relutou, mas terminou, aos soluços, dizendo:

- To entalado (hic).

- Com o quê?

- Não sei (hic). Só sei (hic) que to passando mal (hic, hic). Ajude-me (hic).

De Grittu’s sensibilizado, inicia sua interrogativa “medicância”.

- Você comeu tudo o que estava na bandeja?

- Tudo, tudinho (hic, hic).

- Bebeu o refrigerante?

- Sim (hic), mas não desentalou (hic).

- Não desentalou o que?

- O beiju (hic), o beiju (hic).

- Que beiju?

- Na tua bandeja (hic) não veio? Pois na minha veio (hic, hic).

- Que conversa é esta Mundico!!!!!

- Ora (hic), aquela comidinha branquinha que vinha enroladinha (hic), por sinal (hic) muito sem gosto.

- Mundico você comeu foi o guardanapo. Com certeza, o guardanapo de “prá limpar os beiços”.

Então Mundico tomou um susto tão grande que “se-desintalou-se”.

Moral da estória: “nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que parece é".
 
 
 

 

 






 


Xikin Karwalho

Parnaíba, 08 de Agosto de 1995.

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