segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

CONTO NATALINO

NOITE FELIZ
Antonio Gallas


PARTE IV - O INCÊNDIO

Imagem meramente ilustrativa


Naquela sexta-feira 13 de um mês de agosto Rafael estava longe de imaginar o que poderia acontecer com ele naquele dia.
A sexta-feira 13,  e ainda mais num mês de agosto, para os supersticiosos, é um dia aziago, ou seja, dia de muito azar. Aliás não é de hoje que se diz que "agosto é o mês do desgosto".  
Mas Rafael não era supersticioso, portanto não acreditava nessas crendices. 
Terminou  o seu trabalho daquele dia, gratificou o ajudante que com ele trabalhava e resolveu tomar uma cervejinha na "Beleza da Rosa" pois como ele mesmo costumava dizer "ninguém é de ferro"!
Apesar de gostar de saborear uma  "loura suada" após o encerramento do expediente nas sextas-feiras, Rafael não se excedia. Era um homem cumpridor com suas obrigações de esposo e com o lar, além de se mostrar um pai zeloso e cuidadoso com a Florisa que que a essa altura já  estava beirando os dois  anos de idade. O máximo que ficava na rua era até 20 horas, mesmo sabendo que quando chegasse em casa dona Gertrudes tinha que reclamar e se ele quisesse jantar que esquentasse a comida no fogão a gás porque a Daniele ainda estava estudando à  noite, já na última etapa do seu Curso Supletivo.
Nessa época o micro ondas não tinha aparecido ainda por essas bandas. 
Logo que havia terminado de degustar a segunda cerveja e preparando-se para ir para  casa ouviu um barulho ensurdecedor -  uma explosão vinda das bandas da Rua Anhanguera, onde ficava sua oficina. Saiu assustado, sequer pagou a conta e ao chegar à porta da boate vislumbrou o clarão das labaredas e sua oficina ardendo em chamas.
Procurou um orelhão para ligar para os bombeiros mas o único que tinha por perto estava com defeito.
Rafael desesperado, e com ajuda de  populares tentou debelar as chamas, com baldes d'água  e pequenos extintores, mas nada, todo o esforço foi inútil. Perda total. Dois carros que estavam no interior da oficina queimaram-se totalmente.
Rafael saiu com o juízo ardendo. Chorava tal qual uma criança. Como fazer para cumprir as responsabilidades assumidas? E quando chegasse em casa ainda iria ter que ouvir as chateações de dona Gertrudes.  Dito e feito:
Era quase meia noite quando ele chegou em casa. Daniele com a cara emburrada e dona Gertrudes chateando:
- Não te disse Daniele? Ele tava com rapariga até uma hora dessa! E olha a cara dele! Parece que a cunhã deu uma pisa nele, ispia aí minha filha! Ele tá com cara de quem comeu e não gostou!



3 comentários:

  1. Vamos em frente pois estou gostando muito. Parabéns.

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  2. Gertrudes nem parou para perguntar o que aconteceu?

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  3. Excelente história, parabéns professor Gallas. Espero o final da historia.

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