domingo, 19 de agosto de 2018

JOSÉ CARLOS RAMOS


               Texto de Antonio Gallas


               No próximo dia 21, terça-feira estará,  completando um ano do falecimento do poeta, escritor e acadêmico José Carlos Ramos.
                Meu amigo de infância, apesar dele ser um ano e meio mais velho do que eu, o ilustre tutoiense foi atender ao chamado de Deus e deixou entre os amigos uma grande saudade e um grande vazio na cultura tutoiense.
                Estudamos juntos, eu ele, o José Euclides (o Zezé) e a Gorete, na escola de dona Lúcia Azevedo, ou Lúcia da Constância, como era mais conhecida.
                José Carlos tinha um temperamento explosivo, o que lhe valeu na infância e adolescência o apelido de “perigoso”, no entanto possuía um coração grandioso, magnânimo. Tivemos muitos embates (não combates) e no final tudo se resolvia na paz e no abraço amigo.
                Dona Lúcia arrumava uns tamboretes em círculo dentro de uma sala grande para ficarmos sentados durante os   argumentos de  aritmética.  Os alunos que erravam levava bolo de palmatória daquele que acertasse a pergunta.  As perguntas eram mais ou menos assim: quanto é 32 mais 3, vezes dois? O Zé Carlos e o Zé da Josefa (um grandão de quase dois metros filho do Zé André da Lagoa Grande que morava na pensão de Dona Josefa vizinha ao Instituto Paulino Neves )eram os que mais acertavam. E tinha outra: se quem acertasse a pergunta quisesse poupar o amigo dando-lhe “um bolo de faz de conta” dona Lúcia tomava-lhe a palmatória e dizia: vou lhe ensinar como é que se dá um bolo e aplicava-lhe um bolo  com toda  a sua força. Por isso que o Zé Carlos e o Zé da Josefa não podiam ser complacentes com nenhum dos colegas.
                Ah! Que bons tempos aqueles. Que nós aprendíamos, aprendíamos sim! De verdade!
                José Carlos Ramos passou parte da sua vida estudando e pesquisando sobre a história de Tutóia. Pesquisou em livros, em documentos cartorários, registros de Atas da Câmara Municipal, papéis da prefeitura, conversou com pessoas antigas, enfim, procurou buscar o maior número possível de informações para fazer o seu trabalho.
                Escreveu A Saga dos Teremembés  (360º Gráfica e Editora – 2013), um legado que deixou não apenas para Tutóia, mas para outras cidades,  tanto do Maranhão como de outros estados onde existem pessoas  interessada em pesquisar as tribos indígenas brasileiras. Em A Saga dos Teremembés  conta a história de uma tribo e índios que habitou o litoral do Ceará e Maranhão e se destacaram como exímios pescadores e nadadores. Esses índios foram os primeiros habitantes de Tutóia.
                José Carlos Ramos tem uma biografia extensa.  Foi funcionário público, trabalhou na antiga CAEMA (Companhia de Água e Esgotos do Maranhão) um dos primeiros funcionários da empresa. Foi  chefe de gabinete do prefeito Egídio Junior e exerceu também o cargo de Secretário Judicial da Comarca de Tutóia. Em todas as áreas em que atuou fez um trabalho decente merecedor de elogios. Na literatura escreveu vários livros entre os quais Almeida Galhardo – o poeta das Gaivotas  (Gráfica e Editora Sieart – 2018) publicado Post Mortem por sua família. É graduado em Ciência da Religião e pós-graduado em Gestão Publica. Fundador da Academia de Ciências Artes e Letras de Tutóia tendo sido seu presidente e orador oficial. Ocupava a cadeira de nº 13 que tem como patrono o poeta tutoiense Almeida Galhardo.
                Para relembrar na fé cristã este primeiro ano do seu falecimento, a família, os amigos e o seus admiradores estarão reunidos na próxima terça-feira, dia 21 na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré em uma grande celebração eucarística.
                José Carlos Ramos, um grande historiador e também um grande poeta.  Vejam o poema abaixo:
FÉ 
José Carlos Ramos

Se morro, morro agora,
Nesta tarde sombria,
Junto da minha sepultura,
 No chore, sorria!

Vivo na tua lembrança,
Sorria, não chore,
Quem tem esperança,
Vive, não morre.

Veja-me no  luar,
Na flor colhida,
No murmúrio do mar,
Num detalhe da vida

Veja-me nas virtudes,
Por que não nos defeitos,
Na nossa juventude,
No nosso lar desfeito?

Veja-me nos riachos,
No nosso amor lúcido e forte,
No vazio nupcial do quarto,
Propiciado pela morte!

Nos filhos a continuidade,
Nos parentes, amigos,  o abrigo,.
Em você,  minha esposa, a felicidade,
Do grande amor vivido!

Em Cristo a redenção,
Que virá ao terceiro dia.
Na certeza da ressurreição,
Não chore, sorria!

               
                Estamos sentindo sua falta, sua ausência, mas temos certeza de que, lá do céu, juntamente com Monsenhor Hélio Maranhão, Almeida Galhardo, Bernarda Cantanhede e outros que já se foram,  ele, José Carlos, está mandando bênçãos e orientações para nós aqui na terra, até quando chegar  o dia da nossa partida para junto de Deus e para nos reunirmos com eles.
E por uma feliz coincidência, hoje, 19 de abril celebra-se o Dia do Historiador.


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