Devido o agravamento do estado de saúde de minha sogra, dona Zezé Conceição, completando hoje, 01.08 oito meses de hospitalização na UTI 2 leito 3 do Hospital São Marcos em Teresina, ( o que nos faz ausentarmo-nos de Parnaíba)o blog enfrentou problemas técnicos, ficou fora do ar por alguns dias e ficamos sem publicar as crônicas e artigos enviados por nossos colaboradores. Também, em razão disso, não pude comparecer ao lançamento do livro "Fragmentos" do meu amigo Carlos Henriques de Araújo (irmão de meu colega e amigo Professor Evandro Araújo) como também não compareci às solenidades fúnebres do ilustre professor Gilberto Escórcio Duarte, nem a do colega aposentado do BB Mano Narciso.
A partir de hoje, se Deus nos permitir, voltaremos com as atividades do blog. Iniciamos com um comentário sobre a crônica "A Banca do Louro" escrita pelo poeta Elmar Carvalho e publicada em seu próprio blog (poetaelmar.blogspot.com). O comentário abaixo entre aspas e em negrito em negrito é do próprio poeta Elmar. Em seguida vem o texto que lhe foi enviado pelo Dr. Orlando Pinheiro:"Julguei oportuno publicar o e-mail abaixo, na verdade uma verdadeira crônica memorialística, que me foi enviado pelo Dr. Orlando Martins Pinheiro, digno magistrado, hoje inativo, maçom da melhor cepa, e escritor e jornalista, assim como seu saudoso pai, Hermes Pinheiro":
Caro amigo Elmar.
Aqui estou para dizer que atendi a sua recomendação.
Na qualidade de leitor assíduo do seu blog, apressei-me em abrir o link - A Banca do Louro - que me transportou para Parnaíba de outrora quando era Caixeiro Viajante. Além da banca, onde adquiria algumas revistas da minha predileção, a sua crônica me levou à nostalgia daqueles bons tempos. Não sei se era o Bar do Augusto que eu frequentava de vez em quando. Mas vislumbrei, mentalmente, as agências do Banco do Nordeste e Banco do Brasil, onde fazia a transferência das importâncias recebidas; da Farmácia Bacelar, de propriedade do probo e saudoso Raul Furtado Bacelar, parece-me que hoje transformada por sua família em um memorial, plenamente merecido e justificado; a Loja Rosemary, do Grupo Marc Jacob; a Igreja Matriz, onde fazia, sempre que possível, as minhas orações: o Cine Éden onde assisti alguns bons filmes; a própria praça bem cuidada onde passeava e flertava à noite, enlevado pela brisa que vinha do mar.
Hospedava-me no Palace Hotel, gerenciado pelo simpático espanhol Fernando Esposito, coadjuvado pelos recepcionistas Farias e Chico. Lá saboreei a melhor casquinha de caranguejo. Até hoje não comi nenhuma, pelo menos parecida. Ficava situado logo atrás da Praça da Graça, mais precisamente na Avenida Getúlio Vargas, bonita de se ver, com aqueles prédios antigos e bem conservados, testemunho eloquente da nossa própria história através de Simplício Dias que encabeçou a Independência do Piauí. Lembro-me da Casa Inglesa, do grupo James Frederick Clark. Dos estabelecimentos Casa Morais e Morais Importação, Ranulfo Torres Raposo e a Farmácia Parnaibana, do honrado e simpático farmacêutico José de Arimateia Basto Rebelo que dizia que o lema de seu estabelecimento era: "Farmácia Parnaibana, pobre porém honrada".
Lembrei-me, igualmente, dos farmacêuticos e comerciantes Themístocles Frederico da Ponte, Francisco de Assis Cajubá de Brito, Adauto Sampaio e Vicente de Paula. Vislumbrei mentalmente a Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba onde prestavam serviços os médicos Armando Cajubá de Brito, José Mendes Cerqueira, Raimunda Nonata, Equililérico Nogueira, João de Deus Silva, Mariano Lucas de Sousa, Cândido de Almeida Athayde e Carlos Araken. Tinha em seus quadros de colaboradores as piedosas freiras que prestavam seus valiosos serviços gratuitamente e um simpático administrador que, infelizmente, mão me recordo o nome, era, também contador que, naquela época era chamado de Guarda Livros, da firma de Ranulfo Torres Raposo. Podia-se sentir o cheiro de limpeza ao passar nas imediações da Santa Casa. Tinha, ainda, a Casa de Saúde e Maternidade Dr. Manoel de Brito e o Hospital e Maternidade Dr. Marques Basto, de propriedade dos médicos Mirocles de Campos Veras e Edgar dos Santos Veras, pai e filho, respectivamente.
Eu era muito jovem e adquiri muita experiência na época, seja pelo exemplo dos meus colegas mais antigos no ramo, seja pela maneira fidalga e educada que era recebido, tanto por farmacêuticos quanto pela classe médica.
Vislumbrei a zona do meretrício, donde se destacava a Boite Cinelândia e a Boite da Alzira, Creio que existiam outras "casas de diversões", mas o tempo varreu os nomes da minha memória. O tempo que traz gratas recordações, embota muitas delas corroídas pelos longos anos vividos que me afastam daquela fase da minha vida. Tenho certeza que estou sendo injusto em não me lembrar dos nomes de diversas outras pessoas, dignas e merecedoras de elogios. Pode ser que, em tempo oportuno, a cortina se abra para maiores e sentimentais devaneios.
Com o afetuoso abraço do seu amigo e admirador.
Orlando Martins Pinheiro
Teresina, 29 de julho de 2016
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