Ôôorrri Piulá
Idos de 1999, novembro, por ocasião
da Feira e do Seminário de Artesanato do Piauí, em Teresina.
Levanta-se o espírito diarístico e a
ganância fala mais forte. Tudo é formado de acordo com os conformes. Transporte
alugado, artesãos convidados, selecionados e dindins já na conta. Coordenação a
cargo de Mana e supervisão deste, que agora faz o papel de escrivão da frota.
Um
grande grupo segue de Parnaíba “in front of di”. As conversas correm soltas dento
do ônibus. As gargalhadas, também.
A primeira parada foi em Piracuruca, terra do
Guru das Sete Cidades, pras minas fazerem pipi. Aproveitaram pra comer milho
verde. Seguiram viagem chupando os dentes na tentativa de uma limpeza dentifrícia
vacuometra.
A
segunda parada foi logo ali perto, em Piripiri, onde chuva de argola não cai no
chão. É que algumas das chupistas, dental, já se apresentavam com a bexiga
baixa e cheia – períneo em alto astral.
Quando passamos em Campo Maior surgiu o cheiroso
sabor da carne de sol e lá paramos. Meninas no WC. Observações fundamentadas, onde
urubuservamos que o problema também estava ligado ao lado psicológico, resultado
da alegria compulsiva e paradisíaca, voltado às artes de nato e palha de mato,
of trançados e rendas. Doença mais que crônica e que só quem sabe do tratamento
ideal é a Rosablanca Di Titela, catedrática na arte e Lú Ovelha, phd de
prática.
Por volta da 22:00h chegamos à
Cidade Verde, de calor abrasivo. Fomos direto para o Hotel Poty, do seu Zezin,
lá na João XXIII. Lá chegando a noticia não foi boa. Outro grupo já havia
tomado nossas reservas. Mais uma vez a Marríii Kardume de Florípi nos passava a
perna. A confusão foi formada, mas seu Zezin, muito polido e jeitoso, deu seus
pulos e conseguiu que o grupo fosse se alojar na Pousada Gurupi. Neste instante
este escrivão se desligou do grupão e foi se instalar no apto de seu primogênito.
Pontualmente às 09:23h iniciou o
seminário, marcado para as 08:00h. As artesãs do litó foram se apeidando em
suas poltronas pra ouvirem as palestras transadas. Pois num é que antes das
10:00h as meninas já estavam cochilando! Na hora do lanche tornaram-se umas
gigantes, mas na volta pro auditório o cochilo voltou a imperar. À tarde foi à
mesma coisa. Então o Poderoso Chefão Mundico de Violoncelos, cabra macho
cearense, justamente, fez a reclamação. Engoli em seco e tratei de me vingar,
dando um puxavão de orelhas na subalterna Mana. À noite fomos pra feira. Mal
chegamos e as artesãs já queriam ir pra Pousada Gurupi. Como havia me deparado
com um quadro dormioco durante o seminário, resolvi liberar a tropa. Mas de
nada adiantou, pois no outro dia, durante o seminário, o sono voltou a imperar
e o Poderoso Chefão voltou a me chamar a atenção. Tentando me defender, tentei passar
a culpa para os palestrantes, que não conseguiam chamar a atenção das
presentes. Ele voltou à carga dizendo: por que só as litorâneas estão dormindo?
Fiquei branquim, branquim e num soube responder.
Chegando
à Parná tropical, tratei de exercitar meu lado detetivesco. Tanto remexi que achei o nó da questão. Descobri que a Pousada
Gurupi é um misto de hotel e motel e que nossas meninas ficaram do lado
subalterno and afrodisíaco. A segunda descoberta foi que as assanhadas, acharam
o canal pornô, no que foi muito fácil, e passavam a noite saboreando as
delícias do Kama Sutra.
No
dia seguinte recebi a visita de Dona Maria, rendeira da Ilha Grande. Fui logo
tratando do assunto, com muita moral e rispidez. Ela tratou de sorrir e foi
logo dizendo:
- seu
Xikin, to viúva há 15 anos, nunca mais tinha visto o brutamontes, não podia
perder a oportunidade de saborear, mesmo que na lembrança, dos meus velhos
tempos. Seu Xikin tinha um negão qui Ôôorrri Piulá. Se “inchergue” e largue de brigar comigo.
O jeito que teve foi cair na
gargalhada, ao lado da viúva declarada.
Moral
da estória:
“Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá
uma longa explicação”
Mário Quintana.
Xikin Karwalho
Parnaíba, 11.12.2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário