terça-feira, 24 de junho de 2025

IRÃ X ISRAEL: A GUERRA ENTRE OS FILHOS: - O PRIMOGÊNITO E O DA PROMESSA


  


O céu está iluminado como se fossem relâmpagos e trovões em noites chuvosas. A sirene soa alto, para que todos escutem a tempo de se abrigarem em refúgios subterrâneos. Mais uma vez, a paz que tanto buscamos parece distante — quase impossível. É uma guerra que parece nunca ter fim.
Mas por que isso acontece?

A resposta não está apenas nas manchetes de jornais ou nas análises políticas. Essa história é muito mais antiga. Ela começa há milhares de anos, com um homem e uma promessa divina que mudaria para sempre o destino da humanidade. Esse homem era Abraão. E Deus lhe disse claramente:

"Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrarei. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei" (Gênesis 12:1-2).

Essa promessa teve efeitos profundos e duradouros, que ecoam até hoje em cada explosão, cada ataque, cada conflito. O que realmente aconteceu com os filhos de Abraão para que, até os dias de hoje, suas descendências travassem ferozas batalhas?

Vamos começar a contar essa história — uma história de guerra e separação que atravessa milênios.

 

O Início da Divisão

Deus prometeu a Abraão um filho, dele surgiria uma grande nação. Mas o tempo passou, e nada acontecia. Sara, sua esposa, era estéril e já tinha idade avançada. Com o tempo, vieram as dúvidas, e com as dúvidas, a ansiedade e o desespero. Sara, então, tomou uma decisão precipitada: ofereceu sua serva egípcia, Agar, a Abraão. Dessa união nasceu Ismael, cujo nome significa "Deus ouve".

Ismael, fruto de uma escolha humana e apressada, não fazia parte do plano original de Deus. Sem perceber, Abraão e Sara plantaram uma semente de divisão que ainda hoje germina em guerras e tensões.

Agar fugiu das perseguições de Sara e encontrou-se com o anjo do Senhor, que disse sobre Ismael:

"Ele será como um jumento selvagem; sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos" (Gênesis 16:12).

O destino de Ismael foi marcado por sobrevivência, resistência e conflito. Embora vivesse sob os olhos de seu pai Abraão, ele crescia à sombra de uma promessa que não lhe pertencia.

 

O Filho da Promessa

Havia algo no ar — uma sensação de que Ismael não era o filho da aliança definitiva. E então, contra toda lógica humana, Deus cumpre Sua promessa. Abraão com 100 anos e Sara com 90 anos, tornam-se pais de Isaque, o verdadeiro herdeiro.

Com o nascimento de Isaque, a alegria inundou a casa de Abraão. Mas também plantou-se ali a semente de uma grande tensão: duas crianças com destinos diferentes. O coração de Abraão dividia-se entre o amor natural por Ismael, seu primogênito, e a clara direção divina que apontava Isaque como o escolhido.

“Tu, porém, guardarás o meu concerto, tu e a tua semente depois de ti” (Gênesis 17:9).

A casa de Abraão estava dividida: Isaque, o filho da promessa, protegido pelo favor divino; e Ismael, o filho do deserto, lutando silenciosamente contra a rejeição.

Deus, então, intervém novamente:

“Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz, porque em Isaque será chamada a tua descendência” (Gênesis 21:12).

Com o coração pesado, Abraão despede Agar e Ismael, marcando o início de uma separação permanente — dois irmãos divididos não apenas pela distância física, mas por destinos espirituais e promessas distintas.

 

Israel e os Filhos do Deserto

Isaque permanece como herdeiro da aliança eterna. Dele vem Jacó, depois chamado Israel, pai das doze tribos e do povo judeu — a nação escolhida para carregar a revelação divina ao mundo.

Por outro lado, Ismael também prospera. Torna-se pai de doze príncipes, multiplicando-se em diversas nações árabes que se espalharam ao redor de Israel.

A bênção de Deus acompanhou Ismael em termos de prosperidade, mas a aliança espiritual — o pacto eterno — permaneceu com os descendentes de Isaque. Essa pequena diferença se tornou, com o tempo, uma gigantesca divisão entre nações irmãs.

 

Um Conflito Muito Além da Geopolítica

As sementes plantadas naquela separação dolorosa ainda hoje produzem frutos amargos. Para muitos, os conflitos entre Israel e seus vizinhos parecem ser apenas disputas territoriais ou diferenças políticas. Mas a verdade mais profunda é que essa guerra não é apenas humana: é espiritual.

As Escrituras já haviam antecipado esse cenário:

“Ó Deus, não te cales; não te emudeças, nem fiques impassível, ó Deus. Pois eis que teus inimigos se alvoroçam e os que te odeiam levantam a cabeça. Formam astuto conselho contra o teu povo” (Salmo 83).

Desde o Egito até os dias modernos, Israel esteve cercado por inimigos. A raiz disso é a luta por identidade espiritual e legitimidade da herança.

 

A Terra Prometida e o Peso da Aliança

No centro de todos os conflitos, uma pequena terra — mas com significado imensurável. A terra que Deus jurou dar a Abraão:

“Porque toda essa terra que vês, eu a darei a ti e à tua descendência para sempre” (Gênesis 13:15).

Jerusalém tornou-se o ponto mais sensível da tensão. Cada grão de areia disputado carrega o peso de um pacto feito por Deus. Por isso, esse conflito não será resolvido por tratados. A raiz é mais profunda: quem é o herdeiro legítimo da promessa?

 

A História Não Terminou

A Bíblia mostra que Israel enfrentaria muitos inimigos ao longo dos séculos: egípcios, filisteus, amalequitas, moabitas, assírios, babilônios, e, mais tarde, Roma — que destruiu o templo e dispersou o povo judeu. Mas Israel não desapareceu. Em 1948, voltou a existir como nação.

Desde então, guerras como a de 1948 (Independência), 1967 (Seis Dias), 1973 (Yom Kippur) e conflitos intermináveis com grupos armados reafirmam que a luta de Israel não é apenas pela sobrevivência, mas por uma promessa antiga.

A pergunta que ecoa é: por que tamanha resistência contra um país tão pequeno?

A resposta está na promessa: Isaque carrega o selo da aliança, e Ismael carrega a luta por reconhecimento. Ambos têm um destino — e ele ainda está por se cumprir.

 

 

Um Dia, a Paz Virá

A Bíblia aponta para um tempo em que essa guerra entre irmãos terminará. Não por acordos políticos, mas por algo muito maior: o governo do Príncipe da Paz.

“E converterão suas espadas em enxadões e suas lanças em foices... não aprenderão mais a guerra” (Isaías 2:4).

Nesse dia, as duas descendências subirão juntas para Jerusalém para adorar o único Deus verdadeiro. Lágrimas serão enxugadas por Aquele que pode reconciliar o irreconciliável. A paz virá — a paz do Messias.

Deus nunca rejeitou Ismael; Ele apenas o colocou fora da aliança principal. Mas o plano de redenção é para todos os povos, inclusive os filhos do deserto.

 

A Cruz: O Lugar da Reconciliação

O apóstolo Paulo revelou o mistério escondido por séculos:

“E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:29). Com isso, toda divisão histórica é superada. Em Cristo, judeus, árabes, israelitas e ismaelitas podem ser reconciliados.
A guerra começou em Gênesis, mas a reconciliação foi anunciada em Jesus.

No fim, haverá um só rebanho, um só pastor, um só povo.

 

Conclusão

A história de Isaque e Ismael não é apenas uma lição do passado. É um espelho do presente e uma janela para o futuro. Hoje, enquanto sirenes soam e multidões se levantam contra Jerusalém, muitos perguntam: por que tanta guerra? A resposta está na origem — no dia em que dois irmãos foram separados, e uma promessa foi selada com uma aliança.

Mas o Deus que chamou Abraão ainda reina. Ele ainda fala. Ele ainda cumpre o que prometeu.

E Ele está preparando o retorno do verdadeiro herdeiro, o Filho que trará reconciliação entre os povos, justiça entre as nações e paz sobre toda a Terra.

“E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia, um será o Senhor, e um será o seu nome” (Zacarias 14:9).

21 de junho de 2025 às 16h45min.

Walbert Pessoa é maranhense, natural de Colinas, Graduado em Licenciatura Plena em História pela UESPI  e  Pós-graduado em Psicopedagogia Hokemãh. 

 

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