sábado, 4 de junho de 2022

CRONICA DE PÁDUA MARQUES

 O boi de paneiro


        Chegando junho lá íamos nós os meninos, agora se avizinhando as férias do meio do ano nas escolas, à procura de paneiro ou caixas de papelão ainda em bom estado pra se fazer o boi e sair dançando embaixo como faziam os homens grandes. Porque naquele tempo ainda se achavam paneiros e caixas velhas nas portas das quitandas e dos armazéns lá de dentro da rua.

        Agora já não havia mais perigo de chuvas, que naquela altura do ano ficaram pra trás em maio e já se sabia onde haveria de ter aluá. E a gente saía procurando caixa de papelão das grandes, paneiros, pedaços de varas pra montagem do esqueleto de nosso boi. Depois vinha a cobertura, um pano qualquer de chita, limpo, de bom uso e sem buracos ou até uma rede de dormir. Depois eram colocados os chifres, que podia ser um pedaço de vara, um molambo pra o rabo, feita a pintura, essa última quando se podia,

        Mas voltando pra armação, o paneiro era o melhor esqueleto pra um boi de meninos porque era feito de palha de palmeira, daqueles que as embarcações traziam com farinha de puba ou farinha branca, vindas da Água Doce e da Tutoia, das brenhas do Maranhão.

        Tinha uma ciência a escolha do paneiro de palha, uma engenharia de meninos. É que o paneiro tinha naquele tempo, pouco mais de um metro. A boca com a sua abertura larga e flexível, se ajustava direitinho, tinha molejo e até facilitava a capa de cobertura e a entrada do dançarino pra dentro do boi. E qualquer um de nós, geralmente o mais afoito e resistente, era o escolhido, o que iria brincar o tempo todo embaixo quando a gente saísse pela rua e aos gritos e cantorias e toques de tambores e maracás de lata.

        E aquela brincadeira e cantoria dos meninos chamava gente nas portas das casas e nas quitandas. E às vezes até que de dentro de alguma delas saía alguma pessoa de bom coração pra abrir a burra e nos dar uma cédula de dinheiro, que mais lá na frente iria servir pra compra de bombom ou um pedaço de rapadura, uns traques pra se soltar perto das fogueiras grandes de Santo Antonio, São João e São Pedro.

        E os maracás feitos de latas de goiabada, de lata de Leite Ninho, lata de sardinha, cheias de pedrinhas de piçarras, tudo aquilo iria se juntar aos tambores feitos de caixas de papelão mais resistentes e que pudessem aguentar pancada por um bom tempo. E a gente saía no início das noites pelas ruas cantando e o boi dançando e as mulheres e as crianças vinham ver aquele boi de meninos, com seus caboclos reais, o Pai Francisco, o Amo, o Folharal e a Catirina.

        A Catirina no boi de meninos era a personagem mais difícil de se conseguir. Tinha que ser um menino sem vergonha de se vestir de mulher e de pintar a cara, colocar um pano na cabeça. Mas acabava dando certo naquele que também mostrava alegria e improvisação. Aí vinha o Folharal, seu companheiro de estripulias, fingindo e forçando grossura na voz, armado com uma bola de meia pra assustar e afastar as pessoas, a figura mais temida pelos meninos pequenos e as moças.

        Era se ouvir longe uma batida de tambores e caixas no início da noite e todo mundo já sabia reconhecer que era um boi de meninos. E os apitos, as vozes finas e gritantes com algumas mães ou pais até acompanhando aquele cortejo, lá se danavam pelas ruas dos bairros mais próximos, procurando contrato pra dançar uma meia hora nalguma porta de casa ou quitanda, enquanto o boi dos homens feitos, mais solene e rico, mais bem acabado vinha em outro dia ou mais tarde, principalmente nos dias consagrados aos três santos de junho.

        E os donos da casa, as mulheres, os vizinhos, as moças, os velhos de barbas por fazer, naquelas noites de junho eram de ficar ali, de queixo caído, vendo aquela destreza e alegria dos meninos, a cantiga de Pai Francisco, a dança, os rodopios do boi de paneiro. E as crianças pequenas querendo correr com medo do Folharal ou até por maiores cuidados das mães, vinham tocar nos chifres daquele objeto esquisito.

        Passada a dança e pago pela apresentação, sempre uma cédula de pequeno valor, o boi saía, ganhava a rua com seus caboclos reais, seu Pai Francisco, o Amo, Folharal e a Catirina. Iam à procura de um novo terreiro de casa, um lugar pra sua nova exibição. Antes das dez da noite, era pra estar todo mundo em casa e dento da rede. E o boi de paneiro iria dormir lá nos fundos da casa ou encostado na parede da cozinha pra o quintal. Iria noutra noite escura sair pelas pelas ruas levando barulho e alegria enquanto durasse o mês de junho.

 Pádua Marques é poeta, jornalista, escritor e membro da Academia Parnaibana de Letras - cadeira 24.

sexta-feira, 3 de junho de 2022

BENEDITO LIMA LANÇARÁ MAIS UM LIVRO DE SUA AUTORIA

    Desta feita trata-se de  "Estirões Retos e Gancheados" no qual o autor relata memórias de sua infância e adolescência, o carinho da família, o enfrentamento por um problema de saúde e a vitória na superação desse problema. Benedito também narra suas peraltices além de homenagear seus amigos do Bairro São  José.

        Escrito em uma linguagem que prende o autor do começo ao fim, recomendo a leitura desse livro do amigo escritor e poeta Benedito Lima.

        Benedito de Lima, engenheiro mecânico graduado pela UFMG, bacharel em Ciências Econômicas pela UFPI, com especialização em engenharia de segurança do trabalho pela UFF e em engenharia de produção pela UFSC. Mestre em ergonomia pela UFSC. Auditor Fiscal do Trabalho onde exerceu a função de coordenador de Grupo Especial de Fiscalização Móvel de Combate ao Trabalho Análogo ao de Escravo. Representou o Ministério do Trabalho em Programa de Cooperação Bilateral Brasil-Peru. Ministrou junto ao governo de Moçambique Capacitação Técnica em Inspeção e Relações do Trabalho. Finalista do prêmio Innovare. Participou do documentário da Tv Le monde “Esclaves Modernes”. Escreve poesias, tendo publicado o livro Poesias refletidas. É coautor dos livros “Erva mate – erva que escraviza” e “Degradância Decodificada”. Participou do livro Contos entre Gerações. É membro da Academia Magalhense de Letras - AMALG.

BIBLIOTECA PARA A PENITENCIÁRIA FONTES IBIAPINA

       

APAL e OAB secção Parnaíba firmam convênio para instalação de uma Biblioteca na Penitenciária de Parnaíba

  Na data de  31 de maio  de 2022, estiveram reunidos na sede da Ordem dos Advogados do Brasil em Parnaíba (PI), o Dr. Rômulo Santos, presidente da OAB Subseção de Parnaíba (PI), o advogado Paulo Costa, Ouvidor Geral da OAB Subseção de Parnaíba (PI), a advogada Albertina Thomaz, presidente da Subcomissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, e o escritor José Luiz de Carvalho, presidente da Academia Parnaibana de Letras (APAL), para firmarem um convênio em prol da instalação de uma biblioteca para os presos na Penitenciária Mista de Parnaíba (PI).

Da direita para a esquerda: o presidente da APAL José Luiz, dr. Rômulo, 
presidente subseção OAB - Parnaíba e o advogado Paulo Costa ouvidor
geral da entidade em Parnaíba - PI.


        Na oportunidade foram discutidas a logística da entrega dos livros arrecadados e possíveis datas para a efetivação da ideia. Tanto a APAL quanto a OAB estão firmes no propósito do apoio à ressocialização dos detentos, e, para tanto, serão disponibilizados centenas de exemplares de literatura, cursos de idiomas, cursos técnicos etc. 

        Essa parceria visa, antes de tudo, fornecer através da educação e da leitura, meios para uma reinserção adequada do indivíduo ao meio social. Como dizia Nelson Mandela, “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”

        Nos próximos dias, serão verificadas as instalações que receberão o acervo literário, e o encontro com a autoridade penal para os ajustes finais da parceria.

        Sobre a instalação da Biblioteca na Penitenciária Mista de Parnaíba, que leva o nome do imortal e acadêmico Fontes Ibiapina, durante a solenidade de lançamento da edição de nº 73 do Almanaque da Parnaíba, dia 27 de maio, o professor Antonio Gallas, em sua fala, que discorreu sobre o "Projeto Academia Viva" anunciou a pretensão da APAL e OAB - PI, subseção de Parnaíba, formalizarem essa parceria.

 


quarta-feira, 1 de junho de 2022

RADIALISTA MURILO FERREIRA - NOTA DE PESAR!

 




FALECEU O RADIALISTA MURILO FERREIRA

 

        Lamentamos profundamente o falecimento de José Murilo Ferreira, que por muitos anos foi radialista do programa de esportes na Rádio Educadora de Parnaíba, contribuindo fortemente para a comunicação do litoral.


        O ilustre parnaibano também foi um dos maiores artilheiros de basketball do Piauí, recebendo várias honras ao mérito. Jogou pelo time do Aymoré durante muitos anos, colecionando diversos troféus.


        José Murilo Ferreira era um homem de uma força incrível! Foi dono do primeiro Cinema do Piauí, do Cine Teatro Éden, herdado do pai dele, Miguel Ferreira.

        Neste momento de profunda dor, externamos as mais sinceras condolências aos familiares e amigos por esta inestimável perda. Rogamos para que Deus venha confortá-los neste momento de dor em que as palavras se apequenam e o espírito busca amparo na fé.

        O velório ocorre neste momento na Funeral Prev e o sepultamento será nesta quinta feira(02) às 9 horas da manhã. 


Texto e imagens do  Blog do Pessoa em 01/06/2022. 

terça-feira, 31 de maio de 2022

ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS ABRE PROCESSO SUCESSÓRIO PARA DUAS CADEIRAS VAGAS.

         

 Processo Sucessório para dois novos imortais na Academia Maranhense de Letras - AML 



        Em reunião realizada na quinta, dia 26,  a Academia Maranhense de Letras (AML) informou que será aberto oficialmente, na próxima quarta-feira, 1º de junho de 2022, (amanhã portanto) o prazo de 30 dias para os candidatos interessados em realizar inscrição ao processo sucessório das cadeiras 02 e 23, que eram ocupadas, respectivamente, pelos acadêmicos Fernando Braga e Luís Phelipe Andrés.

        Fernando Braga foi eleito em 2021 para suceder o acadêmico Waldemiro Viana na Cadeira 02 da Academia. Braga faleceu no dia 11 de março de 2022, antes mesmo de tomar posse, mas foi declarado oficialmente empossado por decisão unânime em sessão da AML realizada no dia 24 de março. Já o acadêmico Luís Phelipe Andrés, que ocupava a Cadeira 23, faleceu no dia 4 de dezembro de 2021.

        De acordo com o artigo 4o do Estatuto da AML, são condições de elegibilidade para membro efetivo da Academia: “I – exercer notória atividade literária ou de relevante valor cultural; II – ser maranhense ou, não o sendo, ter, no mínimo, dez anos de residência no Maranhão”.

        Para efeito de inscrição ao processo eleitoral, segundo o Regimento Interno da AML, candidatos interessados deverão enviar “carta dirigida ao Presidente [da Academia, solicitando-lhe inscrição à cadeira vaga; currículo vitae ou síntese curricular; exemplares de livros e de quaisquer trabalhos de que o candidato seja autor, coautor, colaborador, organizador, tradutor ou editor; e juntada de comprovação de residência no Maranhão há, pelo menos, dez anos, caso o candidato seja brasileiro não nascido neste Estado”.

        Como são duas vagas abertas, o Regimento Interno da AML deixa claro que o candidato só poderá efetuar inscrição a uma das cadeiras. As cartas, propostas de inscrição de candidatos e respectivas comprovações de documentos e de publicações de obras deverão ser entregues, mediante protocolo de recebimento, na secretaria da Academia até as 18h do dia 30 de junho de 2022.

Fonte: via whatsapp, enviada pelo acadêmico João Francisco Batalha presidente da FALMA - Federação das Academias de Letras do Maranhão.