quinta-feira, 7 de março de 2019

O COLIBRI E A ROSA





Texto de Antonio Gallas

"Fica sempre, um pouco de perfume
nas mãos que oferecem rosas..."(Alberto Costa)
As rosas sempre foram fonte de inspiração para os poetas, seresteiros, menestréis...
Alfredo da Rocha Viana Filho , o Pixinguinha,  inspirado nas rosas, escreveu um poema que hoje tornou-se uma das  belíssimas páginas do cancioneiro romântico e popular de nosso país:



"Tu és divina e graciosa 
Estátua majestosa
Do amor, por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor 
De mais ativo olor
Que na vida é preferida 
Pelo beija-flor..."




Agenor de Oliveira,  o não menos famoso Cartola, compôs outra belíssima peça que denominou de "As Rosas Não Falam"
"...Queixo-me às rosas

Que bobagem

As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti..."


E assim, como disse, as rosas, sejam vermelhas, brancas, amarelas, sempre foram e continuarão sendo fonte de inspiração aos poetas,e a todos aqueles  que têm a sensibilidade de apreciar a beleza de uma rosa, seja ela uma rosa  flor ou uma rosa mulher. 
Na poesia parnaibana as rosas não deixaram de  retratadas. O poeta  Alcenor Candeira Filho, membro das Academias Parnaibana e Piauiense de Letras,  também inspirou-se em rosas, tanto assim que, em 1976 publicou um livro de poemas intitulado "Rosas e Pedras". É dele Alcenor, o poema abaixo (acredito ser inédito) que traz o nome de 



R O S A 
.
 hoje ganhei uma rosa
 bem cedinho de manhã
 formosa flor das rosáceas
“mimosa purpúrea flor”

 flor de pétala de lã
 odor de bala de hortelã
sabor de bolo de maçã
cor de madura romã

Como não dura qual rocha
como não dura qual osso
porquanto somente flor
pu-la em vaso de prata
 com potável água clara
 logo logo de manhã

ganhei uma bela rosa
 em vaso de prata posta
rosa de múltiplas pétalas
 flor de corola dobrada
 rosa rosa rosa rosa
- purpúrea flor da manhã 

O ex-presidente da Academia Parnaibana de Letras, poeta,advogado e contista Antonio de Pádua Ribeiro dos Santos, escreveu o poema SEDUÇÃO que foi publicado no livro VIRAÇÃO lançado em 1985. Nesse poema Pádua Santos relata a luta de um beija-flor para conquistar sua flor, que depois de possuída abre-se toda em perfume e entrega-se ao seu algoz como acontece também na conquista do homem pela mulher. Eis o poema Sedução ou, O COLIBRI E A ROSA



Ele chega pertinente,
veloz, inteligente,
 da rosa se aproxima.

Raios de sol nascente
 nas suas asas refletem
 belos matizes de cor.

De par com o sol vem o vento
que em leve movimento
faz o balanço da  flor.

Ela aproveita o embalo
vermelha, unida ao talo
defende-se do beija-flor

Ele sempre persistente,
ataca novamente
contagiando-a de amor.

O vento torna a soprar
Fazendo a flor se afastar
Daquele bico sedento.

A fome? – fome, talvez!
lhe traz de volta outra vez
à  rosa ao desalento.

Sorrateiro e veloz,
Aquele pequeno algoz
Coloca-se contra o vento.

Então se acaba a defesa
E a bela flor com nobreza
A ele toda se entrega.

Bem mais ligeiro e feliz,
ele ao conseguir o que quis,
 se recolhe aos costumes.

 Ela já possuída,
 perde a vergonha da vida,
 se abrindo toda em perfumes.

É que ele – macho, filho das matas,
Lhe bebe, beija, maltrata,
Fazendo dela o que quer.

Ela – sempre preferida,
Com ele não se exalta.
É a doce Rosa da Vida,
De todas a mais querida.
 Mais bela, mais flor – a mulher.

 Ilustração: Airton Marinho

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