domingo, 12 de agosto de 2018

PAI



Wilton Porto (*)

Meu pai partiu pela primeira vez,
antes que eu lhe desse um beijo de boa noite.
Na manhã que não tive o regozijo do abraço e da bênção,
ele não disse adeus, não olhou nos meus olhos, não percebeu que, na minha tristeza, tinha tantas histórias que ele nunca me contou.
Não sei quantas lágrimas verti;
Não percebo no canto do olho
o brilho da última saudade.
Mas tenho em conta que,
gostaria de hoje, com mais de 60,
dizer-lhe que o beijo,
o abraço
a bênção
que ficaram na espera da criança solitária
do adulto triste
traz-me um entalo,
que não se convertem em gotas cristalinas,
contudo, viabiliza uma comoção,
que se chama "você me deixou tão órfão, antes que entendesse de tal palavra!"
(*) Wilton Porto é poeta,  escritor e membro da Academia Parnaibana de Letras.

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