sábado, 7 de maio de 2016

ESTÓRIAS DO XIKOUSE


CASA DO MÃU SANTANÁS

 

Xikin Karwalho
Preâmbulo

 

Todas às vezes que me encontrava em reunião com os demais técnicos de minha empresa, sempre sobrava tempo pras gozações. Sempre aparecia um mais gaiato pra mexer com  os felizes técnicos das citys interioranas, e, quase sempre pra chatear, ainda mais e principalmente, os Parnaíbanos. Só que este escrivão da frota não se deixava levar e  partia pro revide gozativo. Quando diziam: “os técnicos do interior....”. Eu levantava a mão direita e contra atacava, dizendo: “sou do Litoral. Do interior é quem mora dentro de. Quem VIVE na beira-mar, pertence à classe dos favorecidos por DEUS”.

Mas a chateação continuava a cada evento. Até que um dia criei a estória que  abaixo descrevo, e, como resultado, passamos a ser respeitados. Tanto que agora já dizem: “os técnicos do LITORAL  e do interior.....”.

Moral do prefácio:    “Respeito é bom e conserva os dentes”.

E tome a estória.

 

Idos de lá vai pedrada, então, na segunda-feira, DEUS resolveu e fez  o universo.

Olhou pra sua magnífica obra, apreciou e disse:

- só EU, onipotente, seria capaz de criar algo tão belo e grandioso. Realmente é mui grande e como um dia vou ficar velho, preciso fazer algo menor para passar minha velhice.

Assim, na terça-feira, fez a Terra, e sobre ela passeou admirando suas belezas. Chupou gelo na Antártida e subiu no Monte Everest, de lá apreciou tantas e quantas belezas fizera,  e disse:

- só EU, onipresente, seria capaz de criar um local pra viver e é aqui que vou, qualquer dia deste,  colocar o homem e a mulher. Mesmo assim ainda está grande e a velhice se aproxima.

Assim, na quarta-feira, dividiu a Terra em Continentes e resolveu criar um único País, o BRASIL, os restantes Ele deixou para que a ganância do homem o fizesse, e  disse:

- só EU, onisciente, poderia separar este pedaço de belas terras, que vou abençoar com solo fértil e água abundante, para em que se plantando tudo dê.

Começou seu passeio de reconhecimento pelos pampas, foi subindo e às margens do Ipiranga marcou o exato local de nossa Independência. Mas ainda achou que o espaço era avantajado. Assim, na quinta-feira, dividiu o Brasil em Estados e fez questão de criar o Piauí, deixando os restantes para que os Bandeirantes o fizessem, e disse:

- só EU, onividente, poderia separar um pedaço do belo e criar um lindo lugar.

Tentou visitar as capivaras, mas a Neyd Guidão de Toyota não O  deixou entrar, alegando que o EBRAMA – Empresa de Cervejeiros Mateiros e Ambíguos Florestais apontava para o período do “defeso”. ELE, que nos ensinou a perdoar, seguiu em frente. Parou sobre picos baixos e de lá apreciou o revoar de lindas e férteis abelhas, da família das cebraicas floratívicas artesanais. Aproveitou para provar do doce mel amável de cada um de seus futuros habitantes, à Mercê(s) de filhos e Netos. De lá seguiu pra Floripi onde pôde observar a abundância de Kardume, nas águas barrentas do rio.  Mesmo assim achou que deveria morar num local ainda menor,  que se parecesse com o Céu. Assim, na sexta-feira, desenhou o Litoral do Piauí, que naquela época pertencia à abençoada Parnaíba. E que só muito depois foi repartido em quatro municípios, para atender a sapiência e a saliência de políticos, atrás do FPM “ mêstruado”,  a partir do que nos é imposto, e disse:

- só EU, oniparente, poderia a partir do lindo, recriar o divino e maravilhoso, o Édem.

Banhou de mar na Pedra do Sal onde saboreou um gostoso caranguejo. Tirou o sal na Lagoa do Portinho. Almoçou pescada amarela com pirão de parida, pescado no Delta do Rio Parnaíba. Á noitinha já deitado em sua linda rede tecida pelas Rendeiras dos Morros da Mariana, e olhando a lua por detrás das dunas alvejadas de magnitude, relembrava de todas as suas criações, quando de repente, mais que de repente, lembrou que  depois de amanhã seria  Domingo, dia de celebração e descanso. E se perguntou:

- onde vou botar o cão pra poder curtir meu domingo?

Assim, no sábado, fez Teresina.                   

 Terra abrasiva, mas acolhedora.

Pecaminosa, porém festiva.

Cuscuzeira e  labutante,

condicionada e refrescante.

 

Por lá muito tempo o cão morou, até que o Super-Mãu Santanás por lá chegou, depois que derrotou a Sátira Lyrica. Chegando de supetão anunciou a Boa Hora e não o Vida Nova, sem a CPMF. Fez o sinal da cruz, dizendo:

- te disconjuro satanás. Em nome do papai Xaga’s Vôdriguis, do filho Mamão do Aberto Centenário Silvonhador e do Eli Xivendes do Brado, te lasco cajuína quente debaixo da mangueira e te expulso de Teresina, pois não quero concorrente. Mando-te para outra Fronteira, lá pras bandas de bate Palmas. Vá à procura do Patrocínio  de políticos hereditários, que só chupam o sangue dos pobres Bolsistas Familiares do Plano Terrestre dos Sem Dedos. Xô satanás. Xô.

 

Moral da estória:

“Uma garrafa de vinho meio vazia também está meio cheia;

 mas uma meia mentira não será nunca uma meia verdade”.

                                                                                                                                             Jean Cocteau.

 

 

Parnaíba, 25 de dezembro de 2007.

 

Xikin Karwalho

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