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Xikin Karwalho ( escritor parnaibano)
Nasce
Antonio Carlos, filho de Ição, zagueiro do Ferrim, Pai de Família digno e
trabalhador competente da Estrada de Ferro Central do Piauí - Parnaíba. Ensinou
para seus filhos o caminho da verdade, da ética e da moral, mas Tuninho não captou a mensagem.
Tuninho
adentrou no CEAG via Alberto Silva, segundo mandato, época de facilidades
aduaneiras e indicativas. Iniciou suas atividades consultoras em Teresina, sede
do trabalho laborioso. Tanto consultava quanto nada fazia, no horário do
expediente. Já à noite tratava de conhecer a beira do cais do rio Parnaíba, e
as belezas da Rua Paissandu. E haja méeeeeeeeeeeeee e raparigal. No outro dia chegava
“no ponto” pra trabalhar. Tanto brilhou que os teresinenses descobriram seu
apelido - Boró.
Logo,
logo, ganhou sua primeira promoção (num mês). Foi “remetido” para Parnaíba, sua
cidade natal – setembro de 1988 . Foi “despachado” já com trabalho indicado,
pra consultar a Cooperativa Delta. Visitou
a empresa e lá recebeu a “papelada e livraiada” do Prof. Zé Nelson –
Presidente, para levar ao CEAG, onde faria um levantamento mais detalhado da
situação contábil e financeira da instituição. Boró foi, mas não voltou, passou
uns dez dias fora do circuito. No período o garçom do Bar das Tabocas se
apresentou no CEAG a procura de Boró com um saco de plástico cheio de papeis e
livros, não o encontrando, disse:
- foi Dr. Boró quem deixo lá no boteco.
Boró
se dizia formado em Ciências Contábeis, muito embora nem tivesse o devido
conhecimento do Ponto de Equilíbrio. Pensava ele que era aquela posição em que
se testava bêbado, ficando equilibrado num pé só e com o outro tentando fazer o número quatro.
Boró,
que pouco ou quase nada fazia, tratava de contar estórias de sua vida laboriosa
no Rio de Janeiro, para passar o tempo e agradar aos colegas. Dizia de suas
inúmeras viagem de avião para outras capitais do centro sul e até para países da América. Quando ele descrevia as louras
aeromoças, seu mui amigo Xaga’s Wall chegava a babar. Mas o pior era quando ele
iniciava as estórias de “comilanças”. Xagá’s botava logo o dele na parede, por
questão de segurança.
Certo
dia apareceu uma grande chance de mudarem de vida. Inscreveram-se para o
concurso do Banco Central, a ser realizado em Brasília. Wall incentivou o amigo,
pois necessitava de hospedagem gratuita no apto de Rosinha, irmã querida de
Boró. Inscritos estavam e Wall “sentou a bunda na cadeira” prá ficar na relação
dos aprovados. Boró nem se preocupou, pois: “já sei de tudo, tudinnnnn”.
Concurso
datado e os nossos artistas principais trataram de comprar suas passagens na
Transbrasil – rápida e barata. Foram para Teresina pegar o avião. Wall
passageiro de 1ª viagem ficou na fila de embarque logo atrás de Boró, para
aprender a viajar. No atendimento a primeira cagada. Boró com sua mala de couro
de boi e um saco de estopa com 08 mangas rosa, se apresentou na recepção.
Enquanto apresentava sua passagem, tirada com seu Vicente Correia – Atalaia
Turismo, o despachante de bagagens pegava a dura mala para colocar na balança,
pra pesar. Boró puxou a mala e colocou no lugar de antes. O despachante voltou
a pegar na mala, e , prontamente recebeu
uma mãozada de Boró.

Wall
intercedeu, afinal tinha discernimento e inteligência das “coisas dos ricos”.
Mala pesada e despachada e os aviajados adentraram no avião. Só lá dentro é que
tomaram conhecimento da mudança do voo. Tinha que fazer uma “baldeação” em
Fortaleza. Wall, metido a sabido pegou uma cadeira bem na frente e na janela
pra vê se via a estrada, muito embora a viagem fosse noturna. Boró teve que ir
lá pro fundo, pois queria fumar. Chegando ao aeroporto de Fortaleza, local da
baldeação, Wall foi o primeiro a descer, e coçando os olhos reclamou da poeira.
Chegando à sala de espera ficou abobalhado com a beleza de tantas muiéres.
Distraído só deixou de está quando fizeram a primeira chamada para o novo
embarque. Ele ainda não havia se encontrado com Boró. Correu no banheiro, nos
corredores e nos cantos escuros, e nada. Desesperado ficou, mas tratou de pedir
ajuda ao “pessoal de terra”. Como não acharam o digno viajado, foram até a
aeronave que os trouxe de Teresina para Fortaleza e que parada estava
aguardando o pessoal da manutenção. Adentraram pelos fundos da mesma e logo
Wall avistou o cocuruto do Boró. Aproximou-se da vítima e ficando bem atrás
pode observar o estrebucho que o grande viajante fazia para se livrar do cinto
de segurança. O bicho tanto tentava sair por cima quando por baixo do cinto, em
vão. Chegou a gastar uma caixa de fósforos tentando com palitos destravar o
cinto. O chão da aeronave já estava muito sujo. O preso fez e fazia tanto esforço que já fedia
de tanto suar. Wall chegou mais perto
puxou o engate do cinto e livrou o Boró da prisão.
Boró
foi logo falando grosso:
- se
tu contar pro Xikin, não te hospedo no apto da mana Rosinha.
Fizeram
o concurso, mas o mesmo foi cancelado por causa de mais uma estripulia
brasileira. Sem mais grana pra investir não mais voltaram para a segunda
chamada. Ficou apenas a lembrança de um grande Tour.
Moral da estória: 'Se o horário oficial é
o de Brasília, por que a gente tem que trabalha na segunda e na sexta?'
(Dorival Caymi)
(Dorival Caymi)
Parnaíba, 15 de abril de 2011.
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