sábado, 16 de abril de 2016

ESTÓRIAS DO XIKOUSE



 






 


 



Boró  Tourrrrr!!!
 

Xikin Karwalho     ( escritor parnaibano)                                                       
 
Nasce Antonio Carlos, filho de Ição, zagueiro do Ferrim, Pai de Família digno e trabalhador competente da Estrada de Ferro Central do Piauí - Parnaíba. Ensinou para seus filhos o caminho da verdade, da ética e da moral, mas Tuninho  não captou a mensagem.
Tuninho adentrou no CEAG via Alberto Silva, segundo mandato, época de facilidades aduaneiras e indicativas. Iniciou suas atividades consultoras em Teresina, sede do trabalho laborioso. Tanto consultava quanto nada fazia, no horário do expediente. Já à noite tratava de conhecer a beira do cais do rio Parnaíba, e as belezas da Rua Paissandu. E haja méeeeeeeeeeeeee e raparigal. No outro dia chegava “no ponto” pra trabalhar. Tanto brilhou que os teresinenses descobriram seu apelido - Boró.
Logo, logo, ganhou sua primeira promoção (num mês). Foi “remetido” para Parnaíba, sua cidade natal – setembro de 1988 . Foi “despachado” já com trabalho indicado, pra consultar a Cooperativa Delta.  Visitou a empresa e lá recebeu a “papelada e livraiada” do Prof. Zé Nelson – Presidente, para levar ao CEAG, onde faria um levantamento mais detalhado da situação contábil e financeira da instituição. Boró foi, mas não voltou, passou uns dez dias fora do circuito. No período o garçom do Bar das Tabocas se apresentou no CEAG a procura de Boró com um saco de plástico cheio de papeis e livros, não o encontrando,  disse:
-  foi Dr. Boró quem deixo lá no boteco.
Boró se dizia formado em Ciências Contábeis, muito embora nem tivesse o devido conhecimento do Ponto de Equilíbrio. Pensava ele que era aquela posição em que se testava bêbado, ficando equilibrado num pé só e com  o outro tentando fazer  o número quatro.
Boró, que pouco ou quase nada fazia, tratava de contar estórias de sua vida laboriosa no Rio de Janeiro, para passar o tempo e agradar aos colegas. Dizia de suas inúmeras viagem de avião para outras capitais do centro sul e até para países  da América. Quando ele descrevia as louras aeromoças, seu mui amigo Xaga’s Wall chegava a babar. Mas o pior era quando ele iniciava as estórias de “comilanças”. Xagá’s botava logo o dele na parede, por questão de segurança.
Certo dia apareceu uma grande chance de mudarem de vida. Inscreveram-se para o concurso do Banco Central, a ser realizado em Brasília. Wall incentivou o amigo, pois necessitava de hospedagem gratuita no apto de Rosinha, irmã querida de Boró. Inscritos estavam e Wall “sentou a bunda na cadeira” prá ficar na relação dos aprovados. Boró nem se preocupou, pois: “já sei de tudo, tudinnnnn”.
Concurso datado e os nossos artistas principais trataram de comprar suas passagens na Transbrasil – rápida e barata. Foram para Teresina pegar o avião. Wall passageiro de 1ª viagem ficou na fila de embarque logo atrás de Boró, para aprender a viajar. No atendimento a primeira cagada. Boró com sua mala de couro de boi e um saco de estopa com 08 mangas rosa, se apresentou na recepção. Enquanto apresentava sua passagem, tirada com seu Vicente Correia – Atalaia Turismo, o despachante de bagagens pegava a dura mala para colocar na balança, pra pesar. Boró puxou a mala e colocou no lugar de antes. O despachante voltou a  pegar na mala, e , prontamente recebeu uma mãozada de Boró.
- largue minha mala seu ladrão, tais pensando que sou besta?!?!  Sou é Boró, lá da Parnaíbinha de Nossa Senhora da Graça. Se imperfile e me afroxiii.
Wall intercedeu, afinal tinha discernimento e inteligência das “coisas dos ricos”. Mala pesada e despachada e os aviajados adentraram no avião. Só lá dentro é que tomaram conhecimento da mudança do voo. Tinha que fazer uma “baldeação” em Fortaleza. Wall, metido a sabido pegou uma cadeira bem na frente e na janela pra vê se via a estrada, muito embora a viagem fosse noturna. Boró teve que ir lá pro fundo, pois queria fumar. Chegando ao aeroporto de Fortaleza, local da baldeação, Wall foi o primeiro a descer, e coçando os olhos reclamou da poeira. Chegando à sala de espera ficou abobalhado com a beleza de tantas muiéres. Distraído só deixou de está quando fizeram a primeira chamada para o novo embarque. Ele ainda não havia se encontrado com Boró. Correu no banheiro, nos corredores e nos cantos escuros, e nada. Desesperado ficou, mas tratou de pedir ajuda ao “pessoal de terra”. Como não acharam o digno viajado, foram até a aeronave que os trouxe de Teresina para Fortaleza e que parada estava aguardando o pessoal da manutenção. Adentraram pelos fundos da mesma e logo Wall avistou o cocuruto do Boró. Aproximou-se da vítima e ficando bem atrás pode observar o estrebucho que o grande viajante fazia para se livrar do cinto de segurança. O bicho tanto tentava sair por cima quando por baixo do cinto, em vão. Chegou a gastar uma caixa de fósforos tentando com palitos destravar o cinto. O chão da aeronave já estava muito sujo.  O preso fez e fazia tanto esforço que já fedia de tanto suar.  Wall chegou mais perto puxou o engate do cinto e livrou o Boró da prisão.
Boró foi logo falando grosso:
- se tu contar pro Xikin, não te hospedo no apto da mana Rosinha.
Fizeram o concurso, mas o mesmo foi cancelado por causa de mais uma estripulia brasileira. Sem mais grana pra investir não mais voltaram para a segunda chamada. Ficou apenas a lembrança de um grande Tour.
Moral da estória:   'Se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que                                          trabalha na segunda e na sexta?'
                                                           (Dorival Caymi)
 
Parnaíba,  15 de abril de 2011.  
  

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