Engenharia
Marca Cuia.
Pádua
Marques (Jornalista e Escritor)
Até o mais rabugento
mestre de obras e o servente de pedreiro mais pé de chinelo desta Parnaíba sabe
que, se fosse chamado a dar sua opinião sobre aquela obra da ciclovia que leva
o nome do Tim Maia no Rio de Janeiro, haveria de dizer que aquilo estava no
lugar errado e mais cedo ou mais tarde acabaria em tragédia, como realmente
acabou acontecendo no final da semana passada. Qualquer ser humano vendo aquela
obra de engenharia maluca haveria de dizer que aquilo era uma obra de arte
fadada ao desperdício de dinheiro e a ostentação.
A engenharia civil
brasileira no estágio em que se encontra está muito, mas muito longe daquele
padrão de qualidade exigido pra obras de grande porte. Desde o instante em que
o Brasil na era Lula se meteu a fazer obras como esta Ferrovia Norte-Sul e o
canal de transposição do rio São Francisco que eu ando com as orelhas em pé. Me
pelo de medo. Isso sem falar nos vários
problemas em viadutos, pontes, rodovias, vilas olímpicas e nos estádios que
foram construídos pra desnecessária Copa do Mundo em 2014. Encheram o Brasil de
estádios e esqueceram as rodovias e os portos.
Muitos desses
equipamentos, dessas chamadas obras de arte, foram iniciados e não foram
finalizados e aqueles que foram finalizados ficaram abaixo da expectativa de
finalidade. Coisa de um governo que queria porque queria projeção internacional
a qualquer custo. E o governo Lula e o de sua sucessora Dilma Rousseff se
danaram a gastar dinheiro com obras sem necessidade ou de finalidade duvidosa.
Aqui no Piauí, nessa Parnaíba distante da modernidade temos exemplos próximos e
recentes. Essa birra de velho por querer um porto de mar em Luz Correia e uma
Vila Olímpica lá pra bandas do João XXIII que não deu em coisa nenhuma.
Isso sem contar os
vários conjuntos habitacionais construídos pra o programa Minha Casa, Minha
Vida que de quando não apresentam defeitos de construção, mau emprego de
materiais, paralisam por denúncias de corrupção nas licitações e contratos de
serviços. Aqui mesmo nesta Parnaíba tem um desses conjuntos, lá pros lados do
Instituto Federal, quase no final da longa avenida Francisco Borges. Foi abandonado
e correndo o risco de ter todo seu material, portas, janelas, pias, telhados,
instalação elétrica e hidráulica, roubado. Dinheiro da Caixa Econômica Federal
jogado no mato.
Vez por outra a gente
só ouve dizer ou vê pela televisão que esta ou aquela obra por este Brasil de
mata adentro está no chão e virando um monte de entulho. Coisa de engenharia
marca cuia. Assim como a educação e a assistência à saúde. Agora me vem e
acontece uma merda dessas naquela ciclovia da avenida Niemeyer e que leva,
infelizmente, o nome de um artista genial, um músico do porte de Tim Maia.
Agora não tem mais esse negócio de, valei-me Nossa Senhora e coisa e tal. Agora
não tem que ficar apontando o dedo sujo pra esta ou aquela direção. O estrago
está feito.
Ganância? Qualificação
baixa? Material de péssima qualidade? Burocracia nos processos licitatórios? Excesso de zelo e estrelismo profissional? Difícil
dizer se uma ou todas essas situações juntas.
O certo mesmo é que o
mais humilde servente de pedreiro daqui de Parnaíba não aconselharia a
construção de uma ciclovia numa região escarpada daquelas, entre o mar e a
montanha, praticamente suspensa no ar e sustentada por colunas isoladas e
esparsas. E a prefeitura de lá tem culpa sim porque não sei onde tinha a cabeça
que permitiu uma idiotice daquele tamanho.
É o mal que acomete
muitos prefeitos, o de querer por querer deixar uma marca em obras de grande
impacto visual pra na velhice mostrar pra os netos e bisnetos. Utilidade que é
bom, nada. Falar em engenharia, eu sempre achei de um mau gosto tremendo e de
um risco desnecessário aquela casa construída em cima das pedras na praia da
Pedra do Sal aqui em Parnaíba. Não é desejando mal não, mas do jeito que anda o
mar zangado é melhor sair de perto.




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