© Sebastião Moreira Fernando Henrique lança livro em setembro de 2015.
Revelações da jornalista Mirian Dutra, de 55 anos, ex-amante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sacudiram a já convulsionada vida política do Brasil. A jornalista, que atualmente vive em Madri, afirmou que uma empresa, a Brasif S.A. Exportação e Importação, que operava na época, entre outras coisas, as lojas de duty free de vários aeroportos, lhe enviava todos os meses, de 2002 a 2006, cerca de 3.000 dólares mensais em virtude de um contrato falso que, na realidade, era um pagamento encoberto de uma pensão que o ex-presidente dava a Dutra para ajudar na manutenção do filho de ambos, Tomás. O menino nasceu em 1991, fruto de uma relação que o político e a jornalista haviam mantido desde 1985. Em uma entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, a jornalista disse que Fernando Henrique Cardoso lhe pediu inclusive que abortasse, mas ela preferiu seguir em frente com a gravidez. “Fui para Portugal e a rede Globo me contratou, mas eu não ganhava o suficiente para manter meus filhos (...) anos depois, quando vivia em Barcelona, me senti exilada porque quis voltar ao Brasil e não me deixaram”.
A autora da entrevista lhe perguntou, então, quem não a deixou, e Dutra responde: “[O então senador] Antônio Carlos Magalhães e seu filho Luis Eduardo Magalhães (aliados políticos de Henrique Cardoso na época) estavam envolvidos na reeleição [do ex-presidente]”. Assim, a história do pagamento começou por meio de uma empresa intermediária para complementar o salário da jornalista na rede Globo.
Segundo explica Dutra, Cardoso, que governou o país de 1995 a 2002, entregou 100.000 dólares à Brasif para que fosse remetendo valores dessa soma à jornalista, à base de 3.000 dólares ao mês. O contrato, reproduzido em parte pela Folha de S.Paulo, especifica que Dutra realizava o “serviço de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes”. A ex-jornalista comenta que “jamais pisou em uma loja” em sua vida para trabalhar. A Brasif confirmou em nota que contratou a jornalista Mirian Dutra e que o ex-presidente não teve qualquer interferência nessa contratação, além de não ter feito depósitos em nenhuma empresa do grupo.
Por sua vez, Fernando Henrique Cardoso, por meio de uma nota enviada à Folha de S. Paulo, negou na quinta-feira ter utilizado uma empresa intermediária para o envio de dinheiro a Tomás, e afirmou que sempre lhe mandou dinheiro, mas através de contas legais que possui no exterior.
Seja como for, a bomba midiática lançada por Dutra explodiu em um momento delicado do país, muito polarizado politicamente, e no qual as acusações e as suspeitas de corrupção chegam a quase todas as esferas do poder.
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