sexta-feira, 11 de setembro de 2020

ESTÓRIAS DA ILHA REBELDE

Antonio Gallas 

...meu bem... meu bem... sou eu amor! abre a porta...

Foto google meramente ilustrativa 

Em meados dos anos 1960 quando fazia o ginásio em Teresina, primeiro no antigo Colégio Demóstenes onde fiz o exame de admissão e cursei a primeira série, depois no Colégio Estadual Zacarias de Góes,  2ª e 3ª séries, meus pais decidiram transferir-me para São Luís, a fim de que eu desse continuidade aos   meus estudos. Talvez, pela possibilidade de, estando eu  na capital maranhense, eles poderem manter comigo um diálogo mais  frequente, através de correspondências, tendo em vista o fluxo de pessoas de Tutóia que diariamente se deslocavam para São Luís nos diversos voos que as empresas Certa Táxi Aéreo (comandante William) Cobra Táxi Aéreo (comandante Olivar Weber) Táxi Aéreo Aliança (comandante Galdêncio) Taxi Aéreo Vitória (comandante Tabalipa) e outras companhias de táxi aéreos mantinham  àquela época   entre a capital e cidades do interior.

O colégio Demóstenes   Avelino localizado na praça Demóstenes Avelino, hoje conhecida como Praça do Fripisa, não mais existe, enquanto que o Zacarias de Góes, o Liceu Piauiense, continua exuberante na Praça Landri sales (Praça do Liceu) – um marco histórico na educação piauiense por ter sido a primeira escola pública criada no Piauí, ainda no tempo do império.

Ao chegar em São Luís, fiquei hospedado por alguns dias na casa do meu conterrâneo e amigo de meus pais, dr. Merval de Oliveira Melo, na Rua do Apicum nº 72, no bairro do Apicum, não muito distante do centro da cidade.

Merval Melo, então deputado estadual, advogado, poeta, escritor e governador do Distrito L – 1 do Lions Clube Internacional, tratou de conseguir minha vaga no Liceu Maranhense, o que não foi difícil, devido eu ser procedente do Liceu Piauiense, além, é claro, das boas médias inseridas no meu Boletim Escolar.  Não precisei fazer o teste que era exigido à época.

 Quanto ao local da hospedagem, cogitou-se inicialmente uma vaga no Centro Guaxenduba, onde já residiam alguns amigos conterrâneos de Tutóia, entretanto, recebemos do então diretor, Padre Sydney Castelo Branco, resposta negativa, uma vez que àquela altura, próximo ao início das aulas, a lotação do Centro já estava completa.

Centro Guaxenduba é uma casa de estudantes localizada à rua de Nazaré, 58  ( Joaquim Távora)  em São Luís do Maranhão, que há mais de 50 anos abriga jovens oriundos das diversas cidades do interior do estado e também de outros estados que vão à capital maranhense com a finalidade de trabalhar e de estudar.

 Ao recebermos a resposta negativa do dirigente da instituição, saímos, eu e dr. Merval, a procura de outra hospedaria.

Cruzamos a avenida Pedro II em direção ao Palácio La Ravardièrie, adentramos em um pequeno beco até atingirmos a rua Graça Aranha na qual percorremos toda sua extensão, talvez uns quinhentos metros,  até atingirmos a Rua Luzia Burce, antigo Beco dos Barqueiros onde ainda  hoje existe o casarão de nº 52, local da minha primeira morada na capital gonçalvina.

Logo ao chegar dei de cara com uma pessoa que tinha morado em Tutóia e que era conhecido por todos nós como “o Antonio do Juiz” por ser cunhado de dr. Adonias Lucas de Lacerda que fora juiz de direito na minha cidade. Fiz amizade com todos, dentre eles o Francisco de Paula Daniel Maranhão, funcionário da Assembleia Legislativa, e como não poderia deixar de ser, assim como eu, era boêmio. Maranhão, como nós o chamávamos, por coincidência era irmão de José Ávila Daniel Maranhão que tinha sido agente previdenciário em Tutóia e gozava da estima e amizade de todos da cidade.

Muita gente famosa morou neste sobrado da rua Luzia Bruce, inclusive o acadêmico (Academia Maranhense de Letras) José Carlos Souza Silva, cadeira 33, muito antes de mim.

Tudo ia às mil maravilhas no famoso sobrado muitas vezes apelidado por nós mesmo de balança mais não cai, até que um dia chegou um casal do interior que iria passar alguns dias em São Luís. O seu Mundico o hospedou num quarto contíguo ao meu, uma vez que era o único que estava vago na pensão.

À noite, ao retornar do colégio, para refrescar tomei um banho de água friinha retirada do tanque (o local do banho era ao ar livre, tudo isso no primeiro andar), enrolei-me na toalha, voltei ao quarto, deitei-me em minha rede para finalmente tirar aquele ronco tranquilo, mas antes resolvi aliviar as tensões do dia com uma boa leitura de alguns capítulos do livro “A Última Promessa” de Bernardo Almeida.

Estava eu absorto em minha leitura quando de repente a energia elétrica faltou. Coisa  corriqueira em São Luís naqueles idos.

Da janela de meu quarto que dava para a rua Graça Aranha eu via a claridade da lua. Parece que era noite de lua cheia.  O clarão da lua favoreceu-me  não deixando meu quarto totalmente às escuras.

De repente ouço toc toc toc  na porta e uma voz suave e aveludada a dizer: ...meu bem... meu bem... sou eu amor!... abre a porta...

Meu Deus! Pensei eu. É a senhora do quarto vizinho! Deve ter ido ao banheiro e voltou atarentada. (Não tinham quartos com banheiros) O marido deve estar dormindo e ela confundiu-se com o quarto.

Vou orientá-la, pensei decidi abrir a porta e qual foi minha surpresa a deparar-me com um marmanjo bem mais alto do que eu,   fazendo sinal de silêncio com o dedo indicador sobre os lábios e falando baixinho:

— Shhh!... Ela está dormindo. Deixa eu entrar querido.  Estou morrendo de medo...

Surpreso, bati a porta e exclamei: — Sai pra lá carnaval! Comigo não violão!...


MULHERES ARARIENSES NA POLÍTICA - continuação

Por João Francisco Batalha*

João Francisco Batalha

 OUTRAS ARARIENSESES COM DESTAQUES NA POLÍTICA MARANHENSE

Marluce Costa Moraes Ataíde, eleita em 2008 e 2012, exerceu dois mandatos de vereadora no município de Barreirinhas, e  foi secretária da Câmara Municipal.   

Marinilde Alves de Souza Melo, arariense que foi  prefeita de Vitória do Mearim.

Aurinete Freitas Almeida, ativista política. Professora graduada em Pedagogia e pós-graduada em Docência Superior e em Ciências Humanas, é ex- Secretária de Educação do município de Arari.

 Foi candidata a prefeita de Arari em 2012, pelo PP, a vereadora em 2016 pelo PMDB.

Foi professora no Colégio Arariense.  

Na Fundação Cultural de Arari, da qual é Conselheira, foi Auxiliar Administrativa, Diretora de Educação e Diretora do Colégio Comercial de Arari.

Exerceu, também, as funções de Auxiliar Administrativa da Prefeitura,  Auxiliar de Promotoria,  Auxiliar  do Judiciário e Chefe do Cartório Eleitoral.

Professora concursada do Estado foi Diretora Pedagógica da Escola Dr. Milton Ericeira.

Conselheira  de Representantes da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME, é  Secretária de Educação o município de Santo Amaro do Maranhão e pré-candidata a vereadora de Arari pelo MDB nas eleições de 2020.

 

Lurdinha Gusmão, assistente social que exerceu grande influência política em Zé Doca/MA,  onde ocupou  a pasta da Secretaria de Assistência Social do município durante 6 anos de gestão do seu pai, prefeito  João Gusmão, arariense  que foi, também, vereador, presidente da Câmara e prefeito de Vitória do Mearim; duas vezes prefeito de Monção; e vice prefeito e prefeito de Zé Doca. Candidata a prefeita pelo PTB,  em renhida disputa eleitoral Maria de Lurdes Santos Gusmão não se elegeu prefeita de Zé Doca, mas  posteriormente,  exerceu o comando do Cartório do Primeiro Ofício do município que  lhe rende várias homenagens.

 

 Beni Batalha,  nascida Benedita dos Prazeres Batalha,  na Tresidela do Bonfim do Arari, alterado para Batalha Gonçalves com o advento do casamento. Noventa e um anos de idade, viúva,  10 filhos, 23 netos e 14 bisnetos, foi primeira-dama do município de Pio XII e conviveu, no dia-a-dia,   com as pugnas políticas eleitorais de Pio XII e Vitória do Mearim e, em quase todas,  desfrutou  do sabor da vitória.  Seu marido, Wilson  Gonçalves foi prefeito de Pio XII.  O sogro, Pedro Gonçalves duas vezes prefeito de Vitória e duas de Pio XII. O cunhado,  José Maria Gonçalves, prefeito de Vitória.  O outro cunhado, José Maria Rodrigues, disputou eleição tumultuosa e violenta para a prefeitura de Vitória do Mearim. Seu tio, Mundiquinho Batalha,  três vezes prefeito  de Pio XII e o primo Carlos do Biné, é o atual prefeito deste município e pré-candidato a reeleição nas eleições 2020.  Criou e deu dignidade a todos os filhos. Mesmo sendo ela e seu marido pessoas pacíficas, não escaparam da ferocidade e impetuosidade da política interiorana  e  da fúria e violência perpetrada pela cabralhada do prefeito José Maciel (de Vitória do Mearim)  e em 1955  tiveram o lar invadido pela soldadesca e capangada do opositor político. Diante das ameaças e acossamentos, para não se submeterem às coações e constrangimentos,   obrigaram-se  na solidão da noite, evadir-se  montados  em mulas, burros e  cavalos, com filhos pequenos e colaboradores, por caminhos íngremes da Melindrosa, onde moravam, até a  distante Cigana, quartel General e abrigo político e seguro do sogro, guarnecido e protegido por seguranças e jagunços.

 

Maria Muniz, arariense ilustre, ativista política atuante e inteligente que exerceu diversas atividades, além de notária do Cartório do Segundo Ofício da Comarca de Arari,  entre os anos de 1962 a 1965. Na  política partidária, foi militante do  barriguismo alinhado ao vitorinismo.  Teve uma trajetória de altos e baixos,  de aplausos  e reversos em sua cidade natal. Nunca disputou cargo eletivo, mas  seu pai foi primeiro suplente de vereador, desclassificado da titularidade pelo critério do desempate da idade. Maria do Espírito Santo Muniz participava com autenticidade dos conchavos da política local e dedicava-se com paixão, corpo e alma à causa que abraçava, fosse  ela política ou social. Trabalhou com o empresário Cipriano Ribeiro dos Santos, como secretária nas atividades comerciais e escriturária do Engenho Santa Margarida e  posteriormente, como secretária do Posto de Puericultura de Arari, na gestão da senhora Perolina Santos.  Arrimo dos pais idosos e responsável pelo sustento da família  não escapou da ira dos adversários que lhes tomaram o Cartório com festas e foguetórios. Agredida fisicamente em plena via pública de Arari, foi também,  em 1962, hostilizada com chacotas, quando assumia a posição destacada em curso de cooperativismo ministrado em Arari pela Missão Intermunicipal Rural Arquidiocesana (MIRA), não se safou das pilhérias com os qualificativos pejorativos que lhes crismavam seus algozes. Ultrajada e ferida na alma, caiu em prantos do qual fui testemunha, mas não se igualou aos agressores pelas provocações  que lhe foram dirigidas no momento.


A pedido do  deputado Milton Ericeira, laborou na Prefeitura de Arari, na gestão do prefeito Caiçara, onde foi Inspetora de Educação e Chefe do Serviço de Alistamento Militar,  período de onde não guarda boas recordações.

 Entusiasta, batalhadora e colaboradora pela fundação do Colégio Comercial de Arari, fundado em 11 de agosto de 1967  e instalado em 30 de março do ano seguinte, do mesmo foi destacada aluna, porém como recompensa por sua dedicação, foi atingida pelo golpe da ingratidão e de forma arbitrária, desmerecida e injusta excluída do quadro de alunos do estabelecimento.

Surgiu  oportunidade de retornar ao Cartório de Arari, mas por motivos políticos partidários  não foi contemplada.

Submetida a concurso público de âmbito estadual para o Cartório de Bacabal, foi  aprovada em segundo lugar e não obstante a desistência do primeiro colocado,    o que  lhe garantiria imediata nomeação para o exercício da função, teve o amargor e a consternação de ouvir de um magistrado, que seu  nome teria sido vetado e sua prova anulada, por determinação política.

 Mudando-se de Arari para São Luis, concluiu os ensino médio e se graduou como Técnica em Contabilidade, ao mesmo tempo em que trabalhou no “Armazém Gonçalves Dias”, na  “Mara Confecções”  e na representação da “Boroughs”, no Maranhão, onde foi secretária e  gerente. Zelosa no trabalho e sempre demonstrando domínio na atividade laboral, foi convidada a exercer a chefia do Funrural da cidade de Pedreiras, o que fez com desenvoltura e competência.

Se o  Arari não a distinguiu o quanto a mereceu, foi  Pedreiras quem lhes  abriu os braços e lhe deu guarida com muito  carinho e distinção.

Foi e é uma guerreira.

 

OUTROS DESTAQUES LOCAL

  Outras mulheres  se destacaram em nossa urbe no campo da educação, cultura e do saber. Justifico a omissão porque o espaço é pequeno para  enumerá-las, razão pela qual ficamos somente na semeadura da política, assunto que nos foi solicitado escrever. Listar o nome de todas as professoras que prestaram relevantes serviços em prol da educação arariense, é, também,  impossível neste espaço. Mas citamos algumas que, infelizmente, se mantém no anonimato  dos nossos escribas e historiadores, e entre outas, citamos  Celízia Nunes Chidiak, normalista que exerceu o magistério com simplicidade e competência, e por muitos  anos, sendo  diretora da Escola Catulo da Paixão Cearense, no  povoado Sítio.  Maria Lopes no Curral da Igreja e no Bonfim.   Zózima Lima Prazeres, no Bonfim.  Maria Vale, Ivone Santos, Maria Everton, Jó Pestana e Maria Santos no Bonfim e em Arari. Beni Ribeiro, no Barreiros; Mônica Prazeres Barros, no Perimirim; Almerinda Prazeres Batalha, nas Moitas; Maria Sabina, Raimunda dos Santos, Teodora dos Santos Prazeres, Chiquita Bogéa, Anicota Bogéa, Amélia Alves Cutrim, Antônia Nina Nunes, Zizi Oliveira, Zilda Rodrigues Fernandes, Maria do Carmo Pires, Mariana Santos,  Marú Ericeira, Benedita Ericeira, Luzia de Jesus Ericeira, Mary Salomão,  Maria Madalena Prazeres, Maria da Conceição Fernandes e tantas outras mestres  professoras que  as precederam, foram suas coetâneas ou as sucederam na árdua missão de educar e que vivem no incógnito de nossas autoridades.

E, finalmente, exaltamos a beleza da mulher arariense, criatura de sublimes ideais, carinhos e ternuras. Poema de felicidade e abrigo quente de  todos os bens, mulheres de encantos que cantam e encantam com seus cantos,  nos acalma e conquista nossas almas.

Para não dizer que não falei de flores, cito em nome da formosura arariense, Olga Salomão. Foi Rainha da Festa de Arari, representante de beleza maranhense no Rio de Janeiro, candidata a Miss Guanabara e citada  pelos cariocas,  para ser candidata a Miss Brasil.

 

*João Francisco Batalha é o presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão.

 

 

FUNDAÇÃO RAUL BACELLAR

 


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

MULHERES ARARIENSES NA POLÍTICA - PARTE I

 Por João Francisco Batalha * 

João Francisco Batalha

                                    

                        Convidado pela ativista cultural Jucey Santos de Santana, minha confreira na Academia Ludovicense de Letras e na  Academia Itapecuruense de Ciências Artes e Letras, para falar sobre as mulheres ararienses que se destacaram na politica, inicio minha colaboração falando da educadora e política Zuleide Violeta Fernandes Bogéa (Zuquinha).

             Nasceu em Arari, em 13 de outubro de 1897. Transferida  para a capital maranhense, formou-se pela Escola Normal do Estado em 1913.

                        O novo Código Eleitoral baixado pelo presidente Getúlio Vargas, em 14 de dezembro de 1932, ampliou o eleitorado brasileiro com o sufrágio feminino e dos maiores de 18 anos, tornando o voto secreto. No ano seguinte, houve eleição para deputado estadual constituinte, eletivo e legislativo, cuja Assembleia foi instalada no dia 20 de junho de 1935, com poderes legítimos para eleger dois senadores e o governador do Estado. Entre os 30 constituintes maranhenses eleitos, foi escolhida pela Liga Eleitoral Católica,  a professora Zuleide Violeta Fernandes  Bogéa, primeira mulher maranhense a exercer um mandato de deputado estadual. 

                        A ativista política arariense foi  líder do movimento que elegeu Aquiles de Farias Lisboa para o governo do Estado do Maranhão e na dualidade da mesa da Constituinte de 1935/1947 foi vice-presidente, onde assumiu por diversas vezes a presidência do parlamento maranhense. 

                        Foi partidária de Aquiles Lisboa, que governou com minoria na Assembleia, contando com o apoio de apenas 14 dos 30 deputados.

            Conselheira e fundadora do IPEM,  no governo do Dr.  Paulo Martins de Sousa Ramos, também colaborou na assessoria da administração do governador  Newton de Barros Bello.

                        Proferiu conferências em Caxias e São Luís. Participou de vários conclaves em Belém, Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Foi agraciada com a “Medalha do Mérito Timbira”  e com a “Medalha do Centenário de Graça Aranha

                        Devota e coproprietária da imagem de Bom Jesus dos Aflitos, que se encontra guardada e exposta na igreja-matriz de Arari, fazia questão de assim se identificar.               

                        Em uma das visitas que eu fiz a  professora Zuleide Bogéa, em sua residência que ficava no sobradão nº  311  da Rua do Sol,  a mesma me relatou que seus  pais, também ararienses, eram descendentes do português Lourenço da Cruz Bogéa e sua mulher, a espanhola Maria Isabel de Hungria Martins Bogéa, prima de Isabel de Hungria, a  rainha católica  de Castela, que por sua vez,   foi esposa de D. Fernando da Espanha, o Católico, herdeiro da coroa de Aragão.

                        Pelo matrimônio, Isabel e Fernando,   uniram os dois reinos que deu início à unificação total e expansão  do Reino da Espanha.

                        Nessa conversa que tivemos, a professora fez questão de mencionar os nomes dos  seus melhores alunos: Renato Archer, José Carlos Ribeiro, Sebastião Ferreira, Antenor Bogéa, Remy Archer, Lourival Bogéa, Raimundo Bogéa, Jesus Gomes Filho, José Ribamar Bogéa, Lourenço Vieira da Silva, Malvina Serra, Ubirajara Rayol, Ivaldo Perdigão entre outros.

                        Tão logo se forma Zuquinha se dedica ao magistério.  Em 1920,  criou o Colégio São Luis Gonzaga, preparando através deste educandário o caráter de discípulos  que se destacaram nas ciências médica, jurídica e cultural e no cenário  político nacional.  Através do curso de datilografia, que funcionava incorporado ao Colégio, preparou outros tantos para competição e aprovação  em concursos públicos  e ingressos em atividades laborais.

                         Faleceu em São Luís, em 10 de novembro de 1984, eternizando sua bravura através dos feitos como competente  professora e política autêntica.

Deputada Zuleide Bogéa.             

                        Apontada na  publicação da Assembléia Legislativa de 2008, como personagem do século XX na retomada do processo de desenvolvimento  político do nosso Estado e figurante entre os que fizeram a história do Legislativo Maranhense, é  patronesse da Cadeira nº 23 da Academia Arariense-Vitoriense de Letras.

            Zuquinha, como carinhosamente tratada pela família,  era  filha de Mônica  Virgínia de Moraes e Silva Fernandes que, casada com  Leonel Fernando Cardoso Bogéa, em 7 de fevereiro de 1874, adotou o nome de  Mônica Virginia Fernandes Bogéa. Ele, nascido na Vila Real do Arari em 1841,  filho de Ana Maria Cardoso Bogéa com Alexandre  Mendes Bogéa que, por sua vez, era filho de Izabel de Hungria Martins Bogéa com Lourenço da Cruz Bogéa, os patriarcas dos Bogéas de Arari. Ela, Mônica,  nascida em Anajatuba, em 23 de janeiro 1855 e falecida  em Arari, em 1902, filha do português Miguel Francisco da Costa Fernandes (1819-1882) e Brígida Rosa de Moraes e Silva, esta por sua vez filha do Pe. Ignácio Mendes de Moraes  e  Silva  com  Antônia dos Santos. Lourenço da Cruz Bogéa, (Laurent de la Croix Bogéat) nasceu na Normandia,  norte da França e era filho de Paul Bogéat, nascido  em Valetta, atual capital da Malta,  casado  com Madeleine de la Croix, nascida no mesmo local. Izabel de Hungria Pestana Martins (Bogéa depois de casada), falecida entre 1849 a 1851,  em Arari,  era filha de  Inácio Xavier Martins com  Anna Joaquina Pestana. Ele nascido na Vila do Conde – Paço dos Arcos – Portugal. 

Segundo o diplomata Antenor Américo Mourão Bogéa Filho (Toiô), ”Laurent de la Croix Bogéat, por ser republicano na França imperial de  Napoleão Bonaparte, viu-se compelido a migrar para Marselha, no sul do país e de lá, pelo mesmo motivo, a viajar para a Ilha de Malta, seguindo depois para Portugal e se estabelecendo por um tempo em Paço dos Arcos, nos arredores de Lisboa, onde conheceu Izabel de Hungria, com quem se casou.

Quando as tropas do Imperador Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, no início do Século XIX, o casal tomou um navio e só com a roupa do corpo, veio para o Brasil, aportando em Belém do Pará. Ao que parece, Lourenço teria sido também acompanhado em sua vinda para o Brasil, por um irmão que teria se instalado no distrito de Nossa Senhora da Conceição de Viseu, no Estado do Pará.

Chegando ao Brasil,   Laurent de la Croix Bogéat aportuguesou o nome para  Lourenço da Cruz Bogéa. De Belém, Lourenço partiu com a esposa para São Luís do Maranhão, de onde se deslocaram para o Mearim, passando a viver no povoado que deu origem à Vila Real do Arari. Por precaução, evitava falar sobre sua origem, limitando somente a dizer que era europeu.

É cabível que os Bogéas do Pará, originados em Viseu, que  se espalharam e cresceram também em Carutapera/MA, onde foi prefeita Clara Monteiro Bogéa, eleita em 1937, sejam da mesma família dos patriarcas Paul Bogéat e Madeleine de la Croix. Família que, no Brasil, destacou-se  em Arari e se expandiu no Baixo Mearim,  Anajatuba, Grajaú, Lago da Pedra, Itapecuru e em São Luís.

 

PREFEITAS DE ARARI

Justina Fernandes Rodrigues (Bebém), eleita em 1950, pelo PSP,  com mandato de 31 de janeiro de 1951 a 31 de janeiro 1956,  mobilizou sua administração  com um comando voltado para o progresso administrativo e desenvolvimento da educação,  cultura e da pecuária do município. 

Maria Ribeiro Prazeres,  eleita em 3 de outubro de 1960, pelo PSP,    com mandato de 31 de janeiro de 1961 a 31 de janeiro de 1966, deu continuidade à política educacional do município e foi uma baluarte na fundação do Ginásio Arariense.

 

VEREADORAS DE ARARI

Nome                                                                Ano da eleição

Elisa Ribeiro dos Santos                                   1937

Leonília da Conceição Ericeira Leite                1947/1950

Maria das Neves Fernandes Leite                      1954

Georgina Sá e Silva Santiago                             1954/1958

Delzuita Nogueira Garcia                                   1976

Maria José Pires Ericeira                                    1982/1988/1991/1996

Maria de Jesus Santos Costa                              1992

Maria das Dores Mendes Rodrigues                   1992

Maria Celeste Martins Pereira                             1996/2000

Adailza Mendes Souza Chaves                            1996/2000

Cristina Maria Jardim Figueiredo                        1996

Marize de Jesus Santos Alves                              1996

Nilázia Rodrigues Batalha Fernandes                  2012/2016.

* João Francisco Batalha é o presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

INDEPENDÊNCIA OU MORTE?

Por Socorro Matos*


Foto: facebook de Eneas Ribeiro S. Correa

 Desde ontem dia seis, véspera do feriado da Independência que estou matutando nesta frase, mas o que me motivou a escrever este texto foi uma charge que vi no Facebook, a mesma mostrava a praia lotada, pessoas tirando a máscara e a imagem do corona vírus, essa imagem refletia muito bem o que eu estava imaginando.

 Centenas de turistas se deslocando da capital para a nossa cidade, mais especificamente para o nosso litoral para aproveitar o feriado prolongado de 7 de Setembro, data em que nosso país tornou-se independente de Portugal.

No decorrer do dia vi várias reportagens relacionadas à lotação das nossas praias, que apesar do aviso das autoridades sobre a presença de tubarões em nosso litoral não conseguiu intimidar os visitantes. 

Mas voltemos à  frase em questão Independência ou Morte. A ideia de independência nos leva a pensar que somos livres, que podemos tudo, que devemos fazer o que nos agrada, mas será que estamos dispostos a pagar o preço dessa tão sonhada independência?

 O primeiro homem que buscou ser independente pagou muito caro por isso, perdeu a própria vida e comprometeu a de seus descendentes. 

Apesar de estarmos vivendo um momento que deveria ser de cautela devido a pandemia o que vemos são praias lotadas, pessoas passeando livremente sem nenhuma preocupação, se o uso da sua liberdade vai comprometer a vida  do seu semelhante .

 Muitos estão se sentindo livres, livres da máscara que serve de proteção contra o grande mal que nos assola , o coronavírus, esquecem-se que nossa luta não é contra um governante despótico, que não precisamos de espadas para nos defender porque o nosso maior inimigo é invisível e que a arma mais eficiente contra ele é a máscara.

 Por isso mais uma vez diante da imprudência de muitos, fica a pergunta , depois deste feriado quando muitos abusaram de sua liberdade o que será que vai nos restar? Independência ou Morte?

*Socorro Matos é professora de Língua  Portuguesa com graduação em  Letras Português  e especialização em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI .  É professora da rede pública estadual e municipal em Parnaíba-PI. 

COMO ERA O SETE DE SETEMBRO

 Nesta manhã de 07 de setembro, como sempre faço aos domingos e feriados, saí um pouco da clausura para uma caminhada, até mesmo para cumprir recomendação médica. Aproveito os sábados, domingos e feriados porque praticamente o fluxo de transeuntes não existe. 

Geralmente faço o seguinte percurso: saio de minha casa na rua Florindo Castro, sigo até a esquina da avenida Capitão Claro onde vejo o Colégio São Luis Gonzaga e o Monumento do Sesquicentenário da Independência do Brasil, o qual foi inaugurado pelo então governador Alberto Silva em 19 de outubro de 1972. Daí então volto e sigo em direção à praça Santo Antonio, cruzo a rua Ademar Neves e sigo até à Pedro II na esquina do sobrado onde mora minha prima Deolinda Furtado Silva Marinho. Faço esse percurso aproximadamente umas 10 vezes.

Foto Jornal da Parnaíba - outubro de 2013

Hoje, atraído pelo rufar de tambores fui um pouco mais adiante e cheguei até as proximidades da Praça Santo Antonio onde foi erguido o monumental Centro Cívico idealizado pelo engenheiro Lauro Correia quando prefeito da cidade.



Não me aproximei do local mas de onde eu  estava, em frente à clínica dr. João Silva Filho, tinha uma visão perfeita do que estava acontecendo, mas confesso que fiquei triste quando vi apenas  a fanfarra de uma escola que deveria ser a Escola Rolando Jacob, a Banda Municipal,  e no palanque, isto é,  no monumento ao alto, as autoridades, inclusive o prefeito.  Na assistência ou platéia umas poucas pessoas que poderiam ser contadas a dedo, como se diz popularmente. Do lado da Maternidade Marques Bastos uma viatura policial  da Força Tática  com três soldados que não se demoraram muito e foram embora.



Ano passado, nesta data, a Praça Santo Antonio lotada. Pessoas de todas as classes sociais. Vendedores de pipoca e salgados, hot dog etc... aproveitando para faturar um pouquinho mais. 

Desfile de 7 de setembro de 2019 - Crédito foto: Jornal da Parnaíba


Diante desse quadro que presenciei quedei imaginar quão maligno  esse tal coronavírus está sendo para o nosso país.  O Sete de Setembro que antes celebrávamos com galhardia, com a presença de grupos de escoteiros, de lojas maçônicas,  de estudantes das escolas públicas e particulares de Parnaíba lotando as avenidas Capitão Claro e Chagas Rodrigues no entorno da praça Santo Antonio, o que se via hoje, poder-se-ia dizer, era um quadro desolador, triste...

Absorto estava em meus pensamentos quando ouvi a voz do cerimonialista, professor e acadêmico Israel Correia anunciar a primeira fala da manhã que seria do presidente da Academia Parnaibana de Letras, professor, escritor e jornalista José Luis de Carvalho, especialmente convido para discorrer sobre a histórica data de Sete de Setembro.

José Luis discorreu citando que  a história da independência de nosso país começa com Napoleão Bonaparte invadindo Portugal obrigando a família real chefiada pelo Rei Dom João VI fugir para o Brasil.  Cita fatos que se desenrolam até o 7 de setembro de 1822.

Após a fala de José Luiz  foi a vez do médico Valdir Aragão, assessor especial do prefeito. Dr. Valdir citou os governos da revolução de 1964, a chamada ditadura militar  enfatizando como tendo sido os melhores de nosso país.

Em seguida foi a vez do historiador Diderot Mavignier que discorreu sobre a data destacando a importância  do Piauí nesse fato histórico inclusive citando o 19 de outubro como o movimento de apoio ao novo rei e contra o domínio português.

Antecedendo a fala do prefeito,  a Banda Municipal sob a batuta do maestro Charles executou o Hino da Independência, o Cisne Branco (canção do marinheiro Hino da Marinha) e o Hino do Exército.

O prefeito como sempre, repetitivamente  falou da grandeza da Parnaíba. Fez comparações  com o Rio de Janeiro dizendo que aquela "não é mais a cidade maravilhosa" e sim a nossa cidade. Bravos!!! aplaudi... Foi então que citou  que o "melhor hospital do país" na cura do coronavírus encontra-se em nossa cidade.

O cansaço chegou,  como ainda não tinha  ouvido  Mão Santa falar sobre a importância de se celebrar o 7 de setembro resolvi voltar para o meu lar.

Só que ao chegar em casa fui refletir sobre duas coisas a fim de encontrar respostas: o Rio de Janeiro que possui o Cristo Redentor considerado uma das maravilhas do mundo moderno,  belas praias, o Horto da Tijuca, o Pão de Açúcar e outras belas atrações por qual motivo não é mais considerada a cidade maravilhosa do nosso país? Será que os médicos dos  hospitais Sírio Libanês, Albert Einstein de São Paulo e de outros do Rio, São Paulo, Belo Horizonte precisam não estão agindo de forma correta no tratamento da Covid 19?

Cristo Redentor - uma das oitavas maravilhas do mundo