sábado, 12 de setembro de 2020
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
ESTÓRIAS DA ILHA REBELDE
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| Foto google meramente ilustrativa |
Em meados dos anos 1960 quando fazia o ginásio em Teresina, primeiro no antigo Colégio Demóstenes onde fiz o exame de admissão e cursei a primeira série, depois no Colégio Estadual Zacarias de Góes, 2ª e 3ª séries, meus pais decidiram transferir-me para São Luís, a fim de que eu desse continuidade aos meus estudos. Talvez, pela possibilidade de, estando eu na capital maranhense, eles poderem manter comigo um diálogo mais frequente, através de correspondências, tendo em vista o fluxo de pessoas de Tutóia que diariamente se deslocavam para São Luís nos diversos voos que as empresas Certa Táxi Aéreo (comandante William) Cobra Táxi Aéreo (comandante Olivar Weber) Táxi Aéreo Aliança (comandante Galdêncio) Taxi Aéreo Vitória (comandante Tabalipa) e outras companhias de táxi aéreos mantinham àquela época entre a capital e cidades do interior.
O colégio Demóstenes Avelino localizado na praça Demóstenes Avelino, hoje conhecida como Praça do Fripisa, não mais existe, enquanto que o Zacarias de Góes, o Liceu Piauiense, continua exuberante na Praça Landri sales (Praça do Liceu) – um marco histórico na educação piauiense por ter sido a primeira escola pública criada no Piauí, ainda no tempo do império.
Ao chegar em São Luís, fiquei hospedado por alguns dias na casa do meu conterrâneo e amigo de meus pais, dr. Merval de Oliveira Melo, na Rua do Apicum nº 72, no bairro do Apicum, não muito distante do centro da cidade.
Merval Melo, então deputado estadual, advogado, poeta, escritor e governador do Distrito L – 1 do Lions Clube Internacional, tratou de conseguir minha vaga no Liceu Maranhense, o que não foi difícil, devido eu ser procedente do Liceu Piauiense, além, é claro, das boas médias inseridas no meu Boletim Escolar. Não precisei fazer o teste que era exigido à época.
Quanto ao local da hospedagem, cogitou-se inicialmente uma vaga no Centro Guaxenduba, onde já residiam alguns amigos conterrâneos de Tutóia, entretanto, recebemos do então diretor, Padre Sydney Castelo Branco, resposta negativa, uma vez que àquela altura, próximo ao início das aulas, a lotação do Centro já estava completa.
Centro Guaxenduba é uma casa de estudantes localizada à rua de Nazaré, 58 ( Joaquim Távora) em São Luís do Maranhão, que há mais de 50 anos abriga jovens oriundos das diversas cidades do interior do estado e também de outros estados que vão à capital maranhense com a finalidade de trabalhar e de estudar.
Cruzamos a avenida Pedro II em direção ao Palácio La Ravardièrie, adentramos em um pequeno beco até atingirmos a rua Graça Aranha na qual percorremos toda sua extensão, talvez uns quinhentos metros, até atingirmos a Rua Luzia Burce, antigo Beco dos Barqueiros onde ainda hoje existe o casarão de nº 52, local da minha primeira morada na capital gonçalvina.
Logo ao chegar dei de cara com uma pessoa que tinha morado em Tutóia e que era conhecido por todos nós como “o Antonio do Juiz” por ser cunhado de dr. Adonias Lucas de Lacerda que fora juiz de direito na minha cidade. Fiz amizade com todos, dentre eles o Francisco de Paula Daniel Maranhão, funcionário da Assembleia Legislativa, e como não poderia deixar de ser, assim como eu, era boêmio. Maranhão, como nós o chamávamos, por coincidência era irmão de José Ávila Daniel Maranhão que tinha sido agente previdenciário em Tutóia e gozava da estima e amizade de todos da cidade.
Muita gente famosa morou neste sobrado da rua Luzia Bruce, inclusive o acadêmico (Academia Maranhense de Letras) José Carlos Souza Silva, cadeira 33, muito antes de mim.
Tudo ia às mil maravilhas no famoso sobrado muitas vezes apelidado por nós mesmo de balança mais não cai, até que um dia chegou um casal do interior que iria passar alguns dias em São Luís. O seu Mundico o hospedou num quarto contíguo ao meu, uma vez que era o único que estava vago na pensão.
À noite, ao retornar do colégio, para refrescar tomei um banho de água friinha retirada do tanque (o local do banho era ao ar livre, tudo isso no primeiro andar), enrolei-me na toalha, voltei ao quarto, deitei-me em minha rede para finalmente tirar aquele ronco tranquilo, mas antes resolvi aliviar as tensões do dia com uma boa leitura de alguns capítulos do livro “A Última Promessa” de Bernardo Almeida.
Estava eu absorto em minha leitura quando de repente a energia elétrica faltou. Coisa corriqueira em São Luís naqueles idos.
Da janela de meu quarto que dava para a rua Graça Aranha eu via a claridade da lua. Parece que era noite de lua cheia. O clarão da lua favoreceu-me não deixando meu quarto totalmente às escuras.
De repente ouço toc toc toc na porta e uma voz suave e aveludada a dizer: ...meu bem... meu bem... sou eu amor!... abre a porta...
Meu Deus! Pensei eu. É a senhora do quarto vizinho! Deve ter ido ao banheiro e voltou atarentada. (Não tinham quartos com banheiros) O marido deve estar dormindo e ela confundiu-se com o quarto.
Vou orientá-la, pensei decidi abrir a porta e qual foi minha surpresa a deparar-me com um marmanjo bem mais alto do que eu, fazendo sinal de silêncio com o dedo indicador sobre os lábios e falando baixinho:
— Shhh!... Ela está dormindo. Deixa eu entrar querido. Estou morrendo de medo...
Surpreso, bati a porta e exclamei: — Sai pra lá carnaval! Comigo não violão!...
MULHERES ARARIENSES NA POLÍTICA - continuação
Por João Francisco Batalha*
OUTRAS ARARIENSESES COM DESTAQUES NA POLÍTICA MARANHENSE
Marluce Costa
Moraes Ataíde, eleita em 2008 e 2012, exerceu dois mandatos de vereadora no município
de Barreirinhas, e foi secretária da
Câmara Municipal.
Marinilde
Alves de Souza Melo, arariense que foi prefeita de
Vitória do Mearim.
Aurinete
Freitas Almeida, ativista política. Professora graduada em Pedagogia e pós-graduada em
Docência Superior e em Ciências Humanas, é ex- Secretária de Educação do
município de Arari.
Foi
candidata a prefeita de Arari em 2012, pelo PP, a vereadora em 2016 pelo PMDB.
Foi professora no Colégio Arariense.
Na Fundação Cultural de Arari, da qual é
Conselheira, foi Auxiliar Administrativa, Diretora de Educação e Diretora do
Colégio Comercial de Arari.
Exerceu, também, as funções de Auxiliar
Administrativa da Prefeitura, Auxiliar
de Promotoria, Auxiliar do Judiciário e Chefe do Cartório Eleitoral.
Professora concursada do Estado foi Diretora Pedagógica
da Escola Dr. Milton Ericeira.
Conselheira
de Representantes da União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação – UNDIME, é Secretária de
Educação o município de Santo Amaro do Maranhão e pré-candidata a vereadora de
Arari pelo MDB nas eleições de 2020.
Lurdinha
Gusmão, assistente
social que exerceu grande influência política em Zé Doca/MA, onde ocupou a pasta da Secretaria de Assistência Social do
município durante 6 anos de gestão do seu pai, prefeito João Gusmão, arariense que foi, também, vereador, presidente da Câmara
e prefeito de Vitória do Mearim; duas vezes prefeito de Monção; e vice prefeito
e prefeito de Zé Doca. Candidata a prefeita pelo PTB, em renhida disputa eleitoral Maria de Lurdes
Santos Gusmão não se elegeu prefeita de Zé Doca, mas posteriormente, exerceu o comando do Cartório do Primeiro
Ofício do município que lhe rende várias
homenagens.
Beni Batalha, nascida Benedita dos Prazeres Batalha, na Tresidela do Bonfim do Arari, alterado para
Batalha Gonçalves com o advento do casamento. Noventa e um anos de idade, viúva,
10 filhos, 23 netos e 14 bisnetos, foi
primeira-dama do município de Pio XII e conviveu, no dia-a-dia, com as
pugnas políticas eleitorais de Pio XII e Vitória do Mearim e, em quase todas, desfrutou do sabor da vitória. Seu marido, Wilson Gonçalves foi prefeito de Pio XII. O sogro, Pedro Gonçalves duas vezes prefeito
de Vitória e duas de Pio XII. O cunhado,
José Maria Gonçalves, prefeito de Vitória. O outro cunhado, José Maria Rodrigues,
disputou eleição tumultuosa e violenta para a prefeitura de Vitória do Mearim.
Seu tio, Mundiquinho Batalha, três vezes
prefeito de Pio XII e o primo Carlos do
Biné, é o atual prefeito deste município e pré-candidato a reeleição nas
eleições 2020. Criou e deu dignidade a
todos os filhos. Mesmo sendo ela e seu marido pessoas pacíficas, não escaparam da
ferocidade e impetuosidade da política interiorana e da
fúria e violência perpetrada pela cabralhada do prefeito José Maciel (de
Vitória do Mearim) e em 1955 tiveram o lar invadido pela soldadesca e
capangada do opositor político. Diante das ameaças e acossamentos, para não se
submeterem às coações e constrangimentos,
obrigaram-se na solidão da noite,
evadir-se montados em mulas, burros e cavalos, com filhos pequenos e colaboradores,
por caminhos íngremes da Melindrosa, onde moravam, até a distante Cigana, quartel General e abrigo
político e seguro do sogro, guarnecido e protegido por seguranças e jagunços.
Maria Muniz, arariense ilustre, ativista
política atuante e inteligente que exerceu diversas atividades, além de notária
do Cartório do Segundo Ofício da Comarca de Arari, entre os anos de 1962 a 1965. Na política partidária, foi militante do barriguismo alinhado ao vitorinismo. Teve uma trajetória de altos e baixos, de aplausos
e reversos em sua cidade natal. Nunca disputou cargo eletivo, mas seu pai foi primeiro suplente de vereador,
desclassificado da titularidade pelo critério do desempate da idade. Maria do
Espírito Santo Muniz participava com autenticidade dos conchavos da política
local e dedicava-se com paixão, corpo e alma à causa que abraçava, fosse ela política ou social. Trabalhou com o
empresário Cipriano Ribeiro dos Santos, como secretária nas atividades
comerciais e escriturária do Engenho Santa Margarida e posteriormente, como secretária do Posto de
Puericultura de Arari, na gestão da senhora Perolina Santos. Arrimo dos pais idosos e responsável pelo
sustento da família não escapou da ira
dos adversários que lhes tomaram o Cartório com festas e foguetórios. Agredida
fisicamente em plena via pública de Arari, foi também, em 1962, hostilizada com chacotas, quando
assumia a posição destacada em curso de cooperativismo ministrado em Arari pela
Missão Intermunicipal Rural Arquidiocesana (MIRA), não se safou das pilhérias
com os qualificativos pejorativos que lhes crismavam seus algozes. Ultrajada e
ferida na alma, caiu em prantos do qual fui testemunha, mas não se igualou aos
agressores pelas provocações que lhe
foram dirigidas no momento.
A pedido do deputado
Milton Ericeira, laborou na Prefeitura de Arari, na gestão do prefeito Caiçara,
onde foi Inspetora de Educação e Chefe do Serviço de Alistamento Militar, período de onde não guarda boas recordações.
Entusiasta, batalhadora
e colaboradora pela fundação do Colégio Comercial de Arari, fundado em 11 de
agosto de 1967 e instalado em 30 de
março do ano seguinte, do mesmo foi destacada aluna, porém como recompensa por
sua dedicação, foi atingida pelo golpe da ingratidão e de forma arbitrária,
desmerecida e injusta excluída do quadro de alunos do estabelecimento.
Surgiu oportunidade de retornar ao Cartório de Arari,
mas por motivos políticos partidários não
foi contemplada.
Submetida a concurso público de âmbito estadual
para o Cartório de Bacabal, foi aprovada
em segundo lugar e não obstante a desistência do primeiro colocado, o que
lhe garantiria imediata nomeação para o exercício da função, teve o amargor
e a consternação de ouvir de um magistrado, que seu nome teria sido vetado e sua prova anulada,
por determinação política.
Mudando-se
de Arari para São Luis, concluiu os ensino médio e se graduou como Técnica em
Contabilidade, ao mesmo tempo em que trabalhou no “Armazém Gonçalves Dias”,
na “Mara Confecções” e na representação da “Boroughs”, no
Maranhão, onde foi secretária e gerente.
Zelosa no trabalho e sempre demonstrando domínio na atividade laboral, foi
convidada a exercer a chefia do Funrural da cidade de Pedreiras, o que fez com
desenvoltura e competência.
Se o Arari não a distinguiu o quanto a mereceu, foi Pedreiras quem lhes abriu os braços e lhe deu guarida com
muito carinho e distinção.
Foi e é uma guerreira.
OUTROS
DESTAQUES LOCAL
Outras mulheres se destacaram em nossa urbe no campo da educação,
cultura e do saber. Justifico a omissão porque o espaço é pequeno para enumerá-las, razão pela qual ficamos somente
na semeadura da política, assunto que nos foi solicitado escrever. Listar o
nome de todas as professoras que prestaram relevantes serviços em prol da
educação arariense, é, também,
impossível neste espaço. Mas citamos algumas que, infelizmente, se
mantém no anonimato dos nossos escribas
e historiadores, e entre outas, citamos Celízia Nunes Chidiak, normalista que exerceu o
magistério com simplicidade e competência, e por muitos anos, sendo
diretora da Escola Catulo da Paixão Cearense, no povoado Sítio. Maria Lopes no Curral da Igreja e no Bonfim. Zózima Lima Prazeres, no Bonfim. Maria Vale, Ivone Santos, Maria Everton, Jó
Pestana e Maria Santos no Bonfim e em Arari. Beni Ribeiro, no Barreiros; Mônica
Prazeres Barros, no Perimirim; Almerinda Prazeres Batalha, nas Moitas; Maria
Sabina, Raimunda dos Santos, Teodora dos Santos Prazeres, Chiquita Bogéa, Anicota
Bogéa, Amélia Alves Cutrim, Antônia Nina Nunes, Zizi Oliveira, Zilda Rodrigues
Fernandes, Maria do Carmo Pires, Mariana Santos, Marú Ericeira, Benedita Ericeira, Luzia de
Jesus Ericeira, Mary Salomão, Maria
Madalena Prazeres, Maria da Conceição Fernandes e tantas outras mestres professoras que as precederam, foram suas coetâneas ou as
sucederam na árdua missão de educar e que vivem no incógnito de nossas
autoridades.
E, finalmente, exaltamos a beleza da
mulher arariense, criatura de sublimes ideais, carinhos e ternuras. Poema de
felicidade e abrigo quente de todos os
bens, mulheres de encantos que cantam e encantam com seus cantos, nos acalma e conquista nossas almas.
Para não
dizer que não falei de flores, cito em nome da formosura arariense, Olga Salomão.
Foi Rainha da Festa de Arari, representante de beleza maranhense no Rio de
Janeiro, candidata a Miss Guanabara e citada pelos cariocas, para ser candidata a Miss Brasil.
*João Francisco Batalha é o presidente
da Federação das Academias de Letras do Maranhão.
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
MULHERES ARARIENSES NA POLÍTICA - PARTE I
Por João Francisco Batalha *
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| João Francisco Batalha |
Convidado
pela ativista cultural Jucey Santos de Santana, minha confreira na Academia
Ludovicense de Letras e na Academia
Itapecuruense de Ciências Artes e Letras, para falar sobre as mulheres ararienses
que se destacaram na politica, inicio minha colaboração falando da educadora e
política Zuleide Violeta Fernandes Bogéa
(Zuquinha).
Nasceu em Arari, em 13 de outubro de 1897.
Transferida para a capital maranhense,
formou-se pela Escola Normal do Estado em 1913.
O novo Código Eleitoral baixado pelo presidente Getúlio Vargas, em 14 de
dezembro de 1932, ampliou o eleitorado brasileiro com o sufrágio feminino e dos
maiores de 18 anos, tornando o voto secreto. No ano seguinte, houve eleição
para deputado estadual constituinte, eletivo e legislativo, cuja Assembleia foi
instalada no dia 20 de junho de 1935, com poderes legítimos para eleger dois
senadores e o governador do Estado. Entre os 30 constituintes maranhenses
eleitos, foi escolhida pela Liga Eleitoral Católica, a professora Zuleide Violeta Fernandes Bogéa, primeira mulher maranhense a exercer um
mandato de deputado estadual.
A ativista
política arariense foi líder do
movimento que elegeu Aquiles de Farias Lisboa para o governo do Estado do
Maranhão e na dualidade da mesa da Constituinte de 1935/1947
foi vice-presidente, onde assumiu por
diversas vezes a presidência do parlamento maranhense.
Foi
partidária de Aquiles Lisboa, que governou com minoria na Assembleia, contando com
o apoio de apenas 14 dos 30 deputados.
Conselheira e
fundadora do IPEM, no governo do Dr. Paulo Martins de Sousa Ramos, também colaborou
na assessoria da administração do governador Newton de Barros Bello.
Proferiu
conferências em Caxias e São Luís. Participou de vários conclaves em Belém,
Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Foi agraciada com a “Medalha do Mérito Timbira”
e com a “Medalha do Centenário de Graça
Aranha”
Devota e
coproprietária da imagem de Bom Jesus dos Aflitos, que se encontra guardada e
exposta na igreja-matriz de Arari, fazia questão de assim se identificar.
Em uma das
visitas que eu fiz a professora Zuleide
Bogéa, em sua residência que ficava no sobradão nº 311 da
Rua do Sol, a mesma me relatou que
seus pais, também ararienses, eram descendentes do português Lourenço da Cruz Bogéa e
sua mulher, a espanhola Maria Isabel de Hungria Martins Bogéa, prima de Isabel
de Hungria, a rainha católica de Castela, que por sua vez, foi esposa de D. Fernando da Espanha, o
Católico, herdeiro da coroa de Aragão.
Pelo matrimônio, Isabel
e Fernando, uniram os dois reinos que
deu início à unificação total e expansão
do Reino da Espanha.
Nessa conversa que
tivemos, a professora fez questão de mencionar os nomes dos seus melhores alunos: Renato Archer, José
Carlos Ribeiro, Sebastião Ferreira, Antenor Bogéa, Remy Archer, Lourival Bogéa,
Raimundo Bogéa, Jesus Gomes Filho, José Ribamar Bogéa, Lourenço Vieira da
Silva, Malvina Serra, Ubirajara Rayol, Ivaldo Perdigão entre outros.
Tão logo se forma Zuquinha se dedica ao magistério. Em 1920, criou o Colégio São Luis Gonzaga, preparando
através deste educandário o caráter de discípulos que se destacaram nas ciências médica,
jurídica e cultural e no cenário
político nacional. Através do
curso de datilografia, que funcionava incorporado ao Colégio, preparou outros
tantos para competição e aprovação em
concursos públicos e ingressos em atividades
laborais.
Faleceu em São Luís, em 10 de novembro de 1984,
eternizando sua bravura através dos feitos como competente professora e política autêntica.
Apontada na publicação da Assembléia Legislativa de 2008,
como personagem do século XX na retomada do processo de desenvolvimento político do nosso Estado e figurante entre os
que fizeram a história do Legislativo Maranhense, é patronesse da Cadeira nº 23 da Academia
Arariense-Vitoriense de Letras.
Zuquinha, como carinhosamente tratada pela família, era filha de Mônica Virgínia de Moraes e Silva Fernandes que,
casada com Leonel Fernando Cardoso Bogéa,
em 7 de fevereiro de 1874, adotou o nome de
Mônica Virginia Fernandes Bogéa. Ele, nascido na Vila Real do Arari em
1841, filho de Ana Maria Cardoso Bogéa
com Alexandre Mendes Bogéa que, por sua
vez, era filho de Izabel de Hungria Martins Bogéa com Lourenço da Cruz Bogéa,
os patriarcas dos Bogéas de Arari. Ela, Mônica,
nascida em Anajatuba, em 23 de janeiro 1855 e falecida em Arari, em 1902, filha do português Miguel
Francisco da Costa Fernandes (1819-1882) e Brígida Rosa de Moraes e Silva, esta
por sua vez filha do Pe. Ignácio Mendes de Moraes e Silva com Antônia dos Santos. Lourenço da Cruz Bogéa, (Laurent de la Croix Bogéat) nasceu na Normandia, norte da França e era filho de Paul Bogéat,
nascido em Valetta, atual capital da
Malta, casado com Madeleine de la Croix, nascida no mesmo
local. Izabel de Hungria Pestana Martins (Bogéa depois de casada), falecida entre
1849 a 1851, em Arari, era filha de Inácio Xavier Martins com Anna Joaquina Pestana. Ele nascido na Vila do
Conde – Paço dos Arcos – Portugal.
Segundo
o diplomata Antenor Américo Mourão Bogéa Filho (Toiô), ”Laurent de la Croix
Bogéat, por ser republicano na França imperial de Napoleão Bonaparte, viu-se compelido a migrar
para Marselha, no sul do país e de lá, pelo mesmo motivo, a viajar para a Ilha
de Malta, seguindo depois para Portugal e se estabelecendo por um tempo em Paço
dos Arcos, nos arredores de Lisboa, onde conheceu Izabel de Hungria, com quem
se casou.
Quando
as tropas do Imperador Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, no início do
Século XIX, o casal tomou um navio e só com a roupa do corpo, veio para o
Brasil, aportando em Belém do Pará. Ao que parece, Lourenço teria sido também
acompanhado em sua vinda para o Brasil, por um irmão que teria se instalado no distrito de Nossa
Senhora da Conceição de Viseu, no Estado do Pará.
Chegando
ao Brasil, Laurent de la Croix Bogéat
aportuguesou o nome para Lourenço da
Cruz Bogéa. De Belém, Lourenço partiu com a esposa para São Luís do Maranhão,
de onde se deslocaram para o Mearim, passando a viver no povoado que deu origem
à Vila Real do Arari. Por precaução, evitava falar sobre sua origem, limitando somente
a dizer que era europeu.
É
cabível que os Bogéas do Pará, originados em Viseu, que se espalharam e cresceram também em
Carutapera/MA, onde foi prefeita Clara Monteiro Bogéa, eleita em 1937, sejam da
mesma família dos patriarcas Paul Bogéat e Madeleine de la Croix. Família que,
no Brasil, destacou-se em Arari e se
expandiu no Baixo Mearim, Anajatuba, Grajaú,
Lago da Pedra, Itapecuru e em São Luís.
PREFEITAS DE ARARI
Justina
Fernandes Rodrigues (Bebém), eleita em 1950, pelo PSP, com mandato de 31 de janeiro de 1951 a 31 de
janeiro 1956, mobilizou sua
administração com um comando voltado
para o progresso administrativo e desenvolvimento da educação, cultura e da pecuária do município.
Maria Ribeiro
Prazeres, eleita em 3 de outubro de 1960, pelo PSP, com mandato de 31 de janeiro de 1961 a 31 de
janeiro de 1966, deu continuidade à política educacional do município e foi uma
baluarte na fundação do Ginásio Arariense.
VEREADORAS DE ARARI
Nome Ano da eleição
Elisa Ribeiro dos Santos 1937
Leonília da Conceição Ericeira Leite 1947/1950
Maria das Neves Fernandes Leite 1954
Georgina Sá e Silva Santiago 1954/1958
Delzuita Nogueira Garcia 1976
Maria José Pires Ericeira 1982/1988/1991/1996
Maria de Jesus Santos Costa 1992
Maria das Dores Mendes Rodrigues 1992
Maria Celeste Martins Pereira 1996/2000
Adailza Mendes Souza Chaves 1996/2000
Cristina Maria Jardim Figueiredo 1996
Marize de Jesus Santos Alves 1996
Nilázia Rodrigues Batalha Fernandes 2012/2016.
* João Francisco Batalha é o presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão.
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
INDEPENDÊNCIA OU MORTE?
Por Socorro Matos*
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| Foto: facebook de Eneas Ribeiro S. Correa |
Centenas de turistas se deslocando da capital para a nossa cidade, mais especificamente para o nosso litoral para aproveitar o feriado prolongado de 7 de Setembro, data em que nosso país tornou-se independente de Portugal.
No decorrer do dia vi várias reportagens relacionadas à lotação das nossas praias, que apesar do aviso das autoridades sobre a presença de tubarões em nosso litoral não conseguiu intimidar os visitantes.
Mas voltemos à frase em questão Independência ou Morte. A ideia de independência nos leva a pensar que somos livres, que podemos tudo, que devemos fazer o que nos agrada, mas será que estamos dispostos a pagar o preço dessa tão sonhada independência?
O primeiro homem que buscou ser independente pagou muito caro por isso, perdeu a própria vida e comprometeu a de seus descendentes.
Apesar de estarmos vivendo um momento que deveria ser de cautela devido a pandemia o que vemos são praias lotadas, pessoas passeando livremente sem nenhuma preocupação, se o uso da sua liberdade vai comprometer a vida do seu semelhante .
Muitos estão se sentindo livres, livres da máscara que serve de proteção contra o grande mal que nos assola , o coronavírus, esquecem-se que nossa luta não é contra um governante despótico, que não precisamos de espadas para nos defender porque o nosso maior inimigo é invisível e que a arma mais eficiente contra ele é a máscara.
Por isso mais uma vez diante da imprudência de muitos, fica a pergunta , depois deste feriado quando muitos abusaram de sua liberdade o que será que vai nos restar? Independência ou Morte?
*Socorro Matos é professora de Língua Portuguesa com graduação em Letras Português e especialização em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI . É professora da rede pública estadual e municipal em Parnaíba-PI.
COMO ERA O SETE DE SETEMBRO
Nesta manhã de 07 de setembro, como sempre faço aos domingos e feriados, saí um pouco da clausura para uma caminhada, até mesmo para cumprir recomendação médica. Aproveito os sábados, domingos e feriados porque praticamente o fluxo de transeuntes não existe.
Geralmente faço o seguinte percurso: saio de minha casa na rua Florindo Castro, sigo até a esquina da avenida Capitão Claro onde vejo o Colégio São Luis Gonzaga e o Monumento do Sesquicentenário da Independência do Brasil, o qual foi inaugurado pelo então governador Alberto Silva em 19 de outubro de 1972. Daí então volto e sigo em direção à praça Santo Antonio, cruzo a rua Ademar Neves e sigo até à Pedro II na esquina do sobrado onde mora minha prima Deolinda Furtado Silva Marinho. Faço esse percurso aproximadamente umas 10 vezes.
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| Foto Jornal da Parnaíba - outubro de 2013 |
Hoje, atraído pelo rufar de tambores fui um pouco mais adiante e cheguei até as proximidades da Praça Santo Antonio onde foi erguido o monumental Centro Cívico idealizado pelo engenheiro Lauro Correia quando prefeito da cidade.
Não me aproximei do local mas de onde eu estava, em frente à clínica dr. João Silva Filho, tinha uma visão perfeita do que estava acontecendo, mas confesso que fiquei triste quando vi apenas a fanfarra de uma escola que deveria ser a Escola Rolando Jacob, a Banda Municipal, e no palanque, isto é, no monumento ao alto, as autoridades, inclusive o prefeito. Na assistência ou platéia umas poucas pessoas que poderiam ser contadas a dedo, como se diz popularmente. Do lado da Maternidade Marques Bastos uma viatura policial da Força Tática com três soldados que não se demoraram muito e foram embora.
Ano passado, nesta data, a Praça Santo Antonio lotada. Pessoas de todas as classes sociais. Vendedores de pipoca e salgados, hot dog etc... aproveitando para faturar um pouquinho mais.
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| Desfile de 7 de setembro de 2019 - Crédito foto: Jornal da Parnaíba |
Diante desse quadro que presenciei quedei imaginar quão maligno esse tal coronavírus está sendo para o nosso país. O Sete de Setembro que antes celebrávamos com galhardia, com a presença de grupos de escoteiros, de lojas maçônicas, de estudantes das escolas públicas e particulares de Parnaíba lotando as avenidas Capitão Claro e Chagas Rodrigues no entorno da praça Santo Antonio, o que se via hoje, poder-se-ia dizer, era um quadro desolador, triste...
Absorto estava em meus pensamentos quando ouvi a voz do cerimonialista, professor e acadêmico Israel Correia anunciar a primeira fala da manhã que seria do presidente da Academia Parnaibana de Letras, professor, escritor e jornalista José Luis de Carvalho, especialmente convido para discorrer sobre a histórica data de Sete de Setembro.
José Luis discorreu citando que a história da independência de nosso país começa com Napoleão Bonaparte invadindo Portugal obrigando a família real chefiada pelo Rei Dom João VI fugir para o Brasil. Cita fatos que se desenrolam até o 7 de setembro de 1822.
Após a fala de José Luiz foi a vez do médico Valdir Aragão, assessor especial do prefeito. Dr. Valdir citou os governos da revolução de 1964, a chamada ditadura militar enfatizando como tendo sido os melhores de nosso país.
Em seguida foi a vez do historiador Diderot Mavignier que discorreu sobre a data destacando a importância do Piauí nesse fato histórico inclusive citando o 19 de outubro como o movimento de apoio ao novo rei e contra o domínio português.
Antecedendo a fala do prefeito, a Banda Municipal sob a batuta do maestro Charles executou o Hino da Independência, o Cisne Branco (canção do marinheiro Hino da Marinha) e o Hino do Exército.
O prefeito como sempre, repetitivamente falou da grandeza da Parnaíba. Fez comparações com o Rio de Janeiro dizendo que aquela "não é mais a cidade maravilhosa" e sim a nossa cidade. Bravos!!! aplaudi... Foi então que citou que o "melhor hospital do país" na cura do coronavírus encontra-se em nossa cidade.
O cansaço chegou, como ainda não tinha ouvido Mão Santa falar sobre a importância de se celebrar o 7 de setembro resolvi voltar para o meu lar.
Só que ao chegar em casa fui refletir sobre duas coisas a fim de encontrar respostas: o Rio de Janeiro que possui o Cristo Redentor considerado uma das maravilhas do mundo moderno, belas praias, o Horto da Tijuca, o Pão de Açúcar e outras belas atrações por qual motivo não é mais considerada a cidade maravilhosa do nosso país? Será que os médicos dos hospitais Sírio Libanês, Albert Einstein de São Paulo e de outros do Rio, São Paulo, Belo Horizonte precisam não estão agindo de forma correta no tratamento da Covid 19?
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| Cristo Redentor - uma das oitavas maravilhas do mundo |












