Por João Francisco Batalha *
João Francisco Batalha |
Convidado
pela ativista cultural Jucey Santos de Santana, minha confreira na Academia
Ludovicense de Letras e na Academia
Itapecuruense de Ciências Artes e Letras, para falar sobre as mulheres ararienses
que se destacaram na politica, inicio minha colaboração falando da educadora e
política Zuleide Violeta Fernandes Bogéa
(Zuquinha).
Nasceu em Arari, em 13 de outubro de 1897.
Transferida para a capital maranhense,
formou-se pela Escola Normal do Estado em 1913.
O novo Código Eleitoral baixado pelo presidente Getúlio Vargas, em 14 de
dezembro de 1932, ampliou o eleitorado brasileiro com o sufrágio feminino e dos
maiores de 18 anos, tornando o voto secreto. No ano seguinte, houve eleição
para deputado estadual constituinte, eletivo e legislativo, cuja Assembleia foi
instalada no dia 20 de junho de 1935, com poderes legítimos para eleger dois
senadores e o governador do Estado. Entre os 30 constituintes maranhenses
eleitos, foi escolhida pela Liga Eleitoral Católica, a professora Zuleide Violeta Fernandes Bogéa, primeira mulher maranhense a exercer um
mandato de deputado estadual.
A ativista
política arariense foi líder do
movimento que elegeu Aquiles de Farias Lisboa para o governo do Estado do
Maranhão e na dualidade da mesa da Constituinte de 1935/1947
foi vice-presidente, onde assumiu por
diversas vezes a presidência do parlamento maranhense.
Foi
partidária de Aquiles Lisboa, que governou com minoria na Assembleia, contando com
o apoio de apenas 14 dos 30 deputados.
Conselheira e
fundadora do IPEM, no governo do Dr. Paulo Martins de Sousa Ramos, também colaborou
na assessoria da administração do governador Newton de Barros Bello.
Proferiu
conferências em Caxias e São Luís. Participou de vários conclaves em Belém,
Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Foi agraciada com a “Medalha do Mérito Timbira”
e com a “Medalha do Centenário de Graça
Aranha”
Devota e
coproprietária da imagem de Bom Jesus dos Aflitos, que se encontra guardada e
exposta na igreja-matriz de Arari, fazia questão de assim se identificar.
Em uma das
visitas que eu fiz a professora Zuleide
Bogéa, em sua residência que ficava no sobradão nº 311 da
Rua do Sol, a mesma me relatou que
seus pais, também ararienses, eram descendentes do português Lourenço da Cruz Bogéa e
sua mulher, a espanhola Maria Isabel de Hungria Martins Bogéa, prima de Isabel
de Hungria, a rainha católica de Castela, que por sua vez, foi esposa de D. Fernando da Espanha, o
Católico, herdeiro da coroa de Aragão.
Pelo matrimônio, Isabel
e Fernando, uniram os dois reinos que
deu início à unificação total e expansão
do Reino da Espanha.
Nessa conversa que
tivemos, a professora fez questão de mencionar os nomes dos seus melhores alunos: Renato Archer, José
Carlos Ribeiro, Sebastião Ferreira, Antenor Bogéa, Remy Archer, Lourival Bogéa,
Raimundo Bogéa, Jesus Gomes Filho, José Ribamar Bogéa, Lourenço Vieira da
Silva, Malvina Serra, Ubirajara Rayol, Ivaldo Perdigão entre outros.
Tão logo se forma Zuquinha se dedica ao magistério. Em 1920, criou o Colégio São Luis Gonzaga, preparando
através deste educandário o caráter de discípulos que se destacaram nas ciências médica,
jurídica e cultural e no cenário
político nacional. Através do
curso de datilografia, que funcionava incorporado ao Colégio, preparou outros
tantos para competição e aprovação em
concursos públicos e ingressos em atividades
laborais.
Faleceu em São Luís, em 10 de novembro de 1984,
eternizando sua bravura através dos feitos como competente professora e política autêntica.
Apontada na publicação da Assembléia Legislativa de 2008,
como personagem do século XX na retomada do processo de desenvolvimento político do nosso Estado e figurante entre os
que fizeram a história do Legislativo Maranhense, é patronesse da Cadeira nº 23 da Academia
Arariense-Vitoriense de Letras.
Zuquinha, como carinhosamente tratada pela família, era filha de Mônica Virgínia de Moraes e Silva Fernandes que,
casada com Leonel Fernando Cardoso Bogéa,
em 7 de fevereiro de 1874, adotou o nome de
Mônica Virginia Fernandes Bogéa. Ele, nascido na Vila Real do Arari em
1841, filho de Ana Maria Cardoso Bogéa
com Alexandre Mendes Bogéa que, por sua
vez, era filho de Izabel de Hungria Martins Bogéa com Lourenço da Cruz Bogéa,
os patriarcas dos Bogéas de Arari. Ela, Mônica,
nascida em Anajatuba, em 23 de janeiro 1855 e falecida em Arari, em 1902, filha do português Miguel
Francisco da Costa Fernandes (1819-1882) e Brígida Rosa de Moraes e Silva, esta
por sua vez filha do Pe. Ignácio Mendes de Moraes e Silva com Antônia dos Santos. Lourenço da Cruz Bogéa, (Laurent de la Croix Bogéat) nasceu na Normandia, norte da França e era filho de Paul Bogéat,
nascido em Valetta, atual capital da
Malta, casado com Madeleine de la Croix, nascida no mesmo
local. Izabel de Hungria Pestana Martins (Bogéa depois de casada), falecida entre
1849 a 1851, em Arari, era filha de Inácio Xavier Martins com Anna Joaquina Pestana. Ele nascido na Vila do
Conde – Paço dos Arcos – Portugal.
Segundo
o diplomata Antenor Américo Mourão Bogéa Filho (Toiô), ”Laurent de la Croix
Bogéat, por ser republicano na França imperial de Napoleão Bonaparte, viu-se compelido a migrar
para Marselha, no sul do país e de lá, pelo mesmo motivo, a viajar para a Ilha
de Malta, seguindo depois para Portugal e se estabelecendo por um tempo em Paço
dos Arcos, nos arredores de Lisboa, onde conheceu Izabel de Hungria, com quem
se casou.
Quando
as tropas do Imperador Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, no início do
Século XIX, o casal tomou um navio e só com a roupa do corpo, veio para o
Brasil, aportando em Belém do Pará. Ao que parece, Lourenço teria sido também
acompanhado em sua vinda para o Brasil, por um irmão que teria se instalado no distrito de Nossa
Senhora da Conceição de Viseu, no Estado do Pará.
Chegando
ao Brasil, Laurent de la Croix Bogéat
aportuguesou o nome para Lourenço da
Cruz Bogéa. De Belém, Lourenço partiu com a esposa para São Luís do Maranhão,
de onde se deslocaram para o Mearim, passando a viver no povoado que deu origem
à Vila Real do Arari. Por precaução, evitava falar sobre sua origem, limitando somente
a dizer que era europeu.
É
cabível que os Bogéas do Pará, originados em Viseu, que se espalharam e cresceram também em
Carutapera/MA, onde foi prefeita Clara Monteiro Bogéa, eleita em 1937, sejam da
mesma família dos patriarcas Paul Bogéat e Madeleine de la Croix. Família que,
no Brasil, destacou-se em Arari e se
expandiu no Baixo Mearim, Anajatuba, Grajaú,
Lago da Pedra, Itapecuru e em São Luís.
PREFEITAS DE ARARI
Justina
Fernandes Rodrigues (Bebém), eleita em 1950, pelo PSP, com mandato de 31 de janeiro de 1951 a 31 de
janeiro 1956, mobilizou sua
administração com um comando voltado
para o progresso administrativo e desenvolvimento da educação, cultura e da pecuária do município.
Maria Ribeiro
Prazeres, eleita em 3 de outubro de 1960, pelo PSP, com mandato de 31 de janeiro de 1961 a 31 de
janeiro de 1966, deu continuidade à política educacional do município e foi uma
baluarte na fundação do Ginásio Arariense.
VEREADORAS DE ARARI
Nome Ano da eleição
Elisa Ribeiro dos Santos 1937
Leonília da Conceição Ericeira Leite 1947/1950
Maria das Neves Fernandes Leite 1954
Georgina Sá e Silva Santiago 1954/1958
Delzuita Nogueira Garcia 1976
Maria José Pires Ericeira 1982/1988/1991/1996
Maria de Jesus Santos Costa 1992
Maria das Dores Mendes Rodrigues 1992
Maria Celeste Martins Pereira 1996/2000
Adailza Mendes Souza Chaves 1996/2000
Cristina Maria Jardim Figueiredo 1996
Marize de Jesus Santos Alves 1996
Nilázia Rodrigues Batalha Fernandes 2012/2016.
* João Francisco Batalha é o presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão.
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