domingo, 27 de dezembro de 2020

NOITE FELIZ ( Conto Natalino)

Antonio Gallas

PART I - Introdução
Acordara assustado pelo barulho de buzinas de carro e pelo burburinho de vozes das pessoas que transitavam pela calçada onde estivera caído ao chão, dormindo, sabe-se lá por quantas horas.
Levantou-se e caminhou a esmo.  Viu à sua esquerda o Bar Fortaleza, na esquina Praça da Graça com a Rua Riachuelo, de onde fora                   enxotado pelo garçom porque não tinha dinheiro para pagar a dose de bebida que havia consumido.  Olhou em sua frente e viu a praça, as lojas que a circundavam, repletas de luzes coloridas e as pessoas caminhando rumo à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça.
Só então se deu conta de que era noite de natal e as pessoas estavam indo para a Missa do Galo  que seria celebrada em poucos minutos pelo bispo de Parnaíba Dom Paulo Hipólito de Souza Libório.
Rafael chegara em Parnaíba no final da década de 1960. Oriundo do interior do Maranhão, mais precisamente do vizinho município de Araioses, o mais novo dentre quatro irmãos,  assim que concluiu o curso primário no Grupo Escolar Luis Viana, do povoado João Peres, comunicou aos pais, o seu desejo de vir morar em Parnaíba para prosseguir nos estudos, pois, segundo ele, não tinha tendências para "trabalhar na roça".
E assim foi feito. Seu Joaquim, pai de Rafael, tinha uma irmã de nome Marfisa   que morava aqui em Parnaíba,  no Bairro São José. Acertaram com ela aceitar o menino em sua casa para que o mesmo pudesse prosseguir nos estudos. Em troca, seu Joaquim, próspero agricultor e pecuarista, abasteceria mensalmente sua despensa com os mantimentos necessários à alimentação de todos da casa.
Rafael foi matriculado na Escola Comercial de Parnaíba, onde iniciou o seu curso ginasial. Estudioso e bem-comportado, logo logo ganhou a amizade dos colegas, o respeito e a admiração dos professores, tanto assim que um dos seus professores da escola, o qual também era instrutor no SENAI,  o aconselhou a fazer um curso de mecânica naquela instituição, que ainda hoje é referência nacional.
E assim foi feito.
 Rafael dedicara-se com afinco aos estudos das disciplinas curriculares do ginásio, como também das atividades a serem cumpridas nas oficinas do Centro de Formação Profissional José de Moraes Correia,  em Parnaíba.
Pela sua dedicação passou a ser o monitor da sua turma,  e em menos de dois anos estava concluindo seu Curso Básico de Mecânica de Automóveis.
Feliz, e bem otimista em seus propósitos, foi inicialmente estagiar na oficina de um senhor conhecido por “Riba do Saló”, ali no bairro do Carmo; depois com o “Chico Pato” na Guarita, onde a especialidade era “enrolar” induzidos, o que consistia em fazer uma nova bobina para a peça que acionava a parte elétrica dos automóveis naquela época.
Mas Rafael pensava alto e não queria depender de quem quer que fosse. Já havia terminado o ginásio e planejava abrir sua própria oficina.
Com um pequeno financiamento conseguido através do Banco do Nordeste, com a fiança do seu padrinho, senhor Sebastião Furtado, rico fazendeiro e proprietário de carnaubais no município de Araioses, Rafael comprou então alguns equipamentos tais como compressor, elevador, equipamento hidráulico, solda, máscara e luva para proteção individual, soquetes, carregadores, torno mecânica e outros, que possibilitassem abrir sua própria oficina e trabalhar por conta própria sem depender de terceiros.
E foi assim que surgiu a “Oficina do Rafa” ali na Guarita,  nas proximidades da “Figueira” e da “Beleza da Rosa” região bastante frequentada à noite pelos notívagos, boêmios e mulherengos.


PART II - O Namoro 
A "Oficina do Rafa" crescia a cada dia que passava. Sempre movimentada, cheia de clientes,  o que possibilitava Rafael  a cumprir com suas obrigações creditícias para com o Banco.
Certo dia,  fora chamado para ir à casa de um médico da cidade a fim de  resolver um problema mecânico no carro da esposa desse  médico. 
Foi então que conheceu a Daniele, por quem se apaixonou à primeira vista.
Daniele, uma moça jovem, bonita, tez morena e de corpo escultural,  oriunda também do interior do Maranhão,  viera para Parnaíba a procura de emprego. Trabalhava como doméstica na casa do  médico. Ao vê-la,  Rafael sentiu um pulsar diferente no coração. Talvez no momento em que a flecha do Cupido o atingiu.
Foi Daniele quem veio abrir o portão quando ele tocou a campainha.
- Bom dia moça. Sou o mecânico que veio olhar o carro do doutor...
- Bom dia. Pode entrar. O doutor já foi para o trabalho, mas a minha patroa já vai descer para lhe explicar qual o problema do carro. Enquanto isso o senhor já pode ir olhando ... É aquele jipe azul ali...

A casa do médico era um sobrado do tipo neoclássico com apenas um andar. Da calçada,  através das grades de ferro sustentadas por um muro de mais ou menos um metro e meio,  era possível se ver um majestoso e bem cuidado jardim,  e a garagem,  com dois ou três veículos  em seu interior. Rafael seguindo as instruções de Daniele dirigiu-se até o jipe  e rapidamente identificou o defeito. Um cabo da bateria desconectado.   Verificou também que havia muita crosta de zinabre nos polos da bateria nos quais são conectados os cabos da corrente elétrica do veículo. Isto sem dúvida, dificulta o carro pegar na partida e  que certamente compromete o desempenho do veículo.  
Num pretexto para manter um diálogo com Daniele, chamou-a e disse:
- Moça, já achei o defeito,  mas preciso de um pouco de água quente para fazer uma limpeza aqui  nos da  bateria.
Passados alguns minutos Daniele aparece trazendo  uma caçarola  com água quase fervendo na qual  o mecânico acrescentou acrescentou uma porção de bicarbonato de sódio e executou o seu trabalho.
Terminada a tarefa, ao entregar de volta a caçarola para a doméstica travou com ela o seguinte diálogo:
- Moça como é o seu nome?
- Daniele, respondeu ela.
_ Ah sim, disse ele. - Pra poder andar num jardim bonito como este, tinha que ser uma moça bonita que nem uma flor assim como você,  e com um nome também muito bonito. 
Daniele, sorriu meio encabulada e exclamou: - saliente!
- Não,  disse Rafael, estou apenas sendo sincero com você...  
Nisso teve um ímpeto de tirar uma flor de uma roseira, pediu licença, e, sorrindo,  colocou a rosa em seus cabelos... 
A partir desse encontro começaram a namorar. Com a aquiescência dos donos da casa namoravam no portão das oito à nove horas da noite, exceto nos fins de semana quando o mecânico viajava para visitar os pais no interior do Maranhão. 
PART III  - Do  Namoro ao Casamento 

Do namoro ao noivado, e,  finalmente, ao casamento.
Casaram-se em uma cerimônia simples  numa manhã  dia 20 de janeiro, na igreja do povoado João Peres,  município de Araioses,  durante o encerramento  dos festejos de São Sebastião, celebrado naquela localidade. Padre Américo, vigário da paróquia  do município, oficiou o ato religioso. 
O casal seguia uma vida normal, sem problemas ou atribulações. Rafael trabalhando na oficina e Daniele nos afazeres  domésticos. 
Aconselhada pelo marido, matriculou-se no Curso Supletivo noturno do Ginásio Polivalente Lima Rebelo.
Veio então o primeiro bebê:  uma linda menina que recebeu na pia batismal o nome de Florisa, porque, segundo Rafael, foi através de uma flor que ele ganhara o amor de Daniele.
Enquanto Rafael dedicava-se à oficina,  Daniele cuidava da criança e continuava seus estudos no Supletivo, já em reta final. 
Após o nascimento da criança, dona Gertrudes, mão de Daniele, viúva, com o intuito de ajudar nos cuidados com o bebê veio morar com o casal e, de quando em vez queria dar pitaco na vida dos dois, do que Rafael não gostava. 
- Tu toma cuidado minha filha, esse teu marido parece que arranjou uma rapariga. Só chega em casa de noite, e dia de sábado não vem mais nem almoçar e quando chega é  fedendo a cachaça. Tu abre o zóio minha filha. Veja o que tou te dizendo. Home é bicho que não presta. São tudo igual... Eu tenho o exemplo do teu pai... Ispia bem...
Devido as responsabilidades assumidas, por vezes Rafael tinha que ficar na oficina até mais tarde, e aos sábados, após o trabalho era normal que tomasse uma ou duas cervejinhas com os amigos no "Bar da Figueira" ou até mesmo na "Beleza da Rosa".                                                                                                          
O tempo passava e o casal continuavam vivendo em  momentos de felicidade. Mas, como diz a sabedoria popular, "nem tudo na vida são flores, nem todos os dias têm sol."  "Os dias nublados irão vir, as flores irão murchar, mas depois a primavera certamente vai chegar!"
Para muitos, em situações de dificuldades o sol se apaga de uma vez por todas, as estrelas não brilham mais, mas para outros, aqueles quem  têm fé, e acreditam na força do ser Supremo,  sempre haverá um novo dia, uma nova chance, um novo amor, uma nova oportunidade… Mas a vida, essa é única!


PARTE IV - O INCÊNDIO

Naquela sexta-feira 13 de um mês de agosto Rafael estava longe de imaginar o que poderia acontecer com ele naquele dia.

A sexta-feira 13,  e ainda mais num mês de agosto, para os supersticiosos, é um dia aziago, ou seja, dia de muito azar. Aliás não é de hoje que se diz que "agosto é o mês do desgosto".  
Mas Rafael não era supersticioso, portanto não acreditava nessas crendices. 
Terminou  o seu trabalho daquele dia, gratificou o ajudante que com ele trabalhava e resolveu tomar uma cervejinha na "Beleza da Rosa" pois como ele mesmo costumava dizer "ninguém é de ferro"!
Apesar de gostar de saborear uma  "loura suada" após o encerramento do expediente nas sextas-feiras, Rafael não se excedia. Era um homem cumpridor com suas obrigações de esposo e com o lar, além de se mostrar um pai zeloso e cuidadoso com a Florisa que que a essa altura já  estava beirando os dois  anos de idade. O máximo que ficava na rua era até 20 horas, mesmo sabendo que quando chegasse em casa dona Gertrudes tinha que reclamar e se ele quisesse jantar que esquentasse a comida no fogão a gás porque a Daniele ainda estava estudando à  noite, já na última etapa do seu Curso Supletivo.
Nessa época o micro ondas não tinha aparecido ainda por essas bandas. 
Logo que havia terminado de degustar a segunda cerveja e preparando-se para ir para  casa ouviu um barulho ensurdecedor -  uma explosão vinda das bandas da Rua Anhanguera, onde ficava sua oficina. Saiu assustado, sequer pagou a conta e ao chegar à porta da boate vislumbrou o clarão das labaredas e sua oficina ardendo em chamas.
Procurou um orelhão para ligar para os bombeiros mas o único que tinha por perto estava com defeito.
Rafael desesperado, e com ajuda de  populares tentou debelar as chamas, com baldes d'água  e pequenos extintores, mas nada, todo o esforço foi inútil. Perda total. Dois carros que estavam no interior da oficina queimaram-se totalmente.
Rafael saiu com o juízo ardendo. Chorava tal qual uma criança. Como fazer para cumprir as responsabilidades assumidas? E quando chegasse em casa ainda iria ter que ouvir as chateações de dona Gertrudes.  Dito e feito:
Era quase meia noite quando ele chegou em casa. Daniele com a cara emburrada e dona Gertrudes chateando:
- Não te disse Daniele? Ele tava com rapariga até uma hora dessa! E olha a cara dele! Parece que a cunhã deu uma pisa nele, ispia aí minha filha! Ele tá com cara de quem comeu e não gostou!


Final

 Não conseguira dormir nessa noite.  Com os olhos lacrimejando  procurava encontrar uma razão para o que havia acontecido. Daniele tentando consolá-lo abraçou-o e disse-lhe: - Tenha fé em Deus que tudo vai ficar bem e você vai reconstruir sua oficina.

Mas que Deus e este? - questionava a si próprio. Como pode ser um Deus justo e fazer uma coisa dessas comigo? Logo eu, que frequento a missa, cumpro com o meu dever de pai, de esposo, de cidadão e gosto de ajudar os mais pobres. Por que, meu Deus?
Sempre aos domingos, na Igreja de São José, no bairro em que morava,   assitia a missa, comungava, e durante o ofertório dava sua contribuição, que no seu entender,  estaria  a  cumprir  com suas obrigações de um bom católico.  Gostava de ouvir as pregações do monsenhor Antonio Sampaio, um grande orador sacro nascido neste solo parnaibano.
Diante do trágico acontecimento Rafael sentiu sua fé abalada. Por coincidência, tinha lido alguns capítulos de  um livro deixado em sua oficina por um cliente, no qual o autor, talvez ateu, questionava a existência de Deus, a fé dos cristãos,  além de criticar todos os estilos crença religiosa.
Estava com o juízo ardendo. A mente confusa ao imaginar como fazer para cumprir as obrigações assumidas junto à instituição financeira que financiou a compra dos , teto, e outras coisas, além de dois carros que estavam no galpão, tudo foi  transfoequipamentos. Da oficina pouco restou.  Apenas os equipamentos em ferro e aço. Paredesrmado  em cinzas.  Se não bastasse essa preocupação tinha ainda que aturar o patati-patatá  da dona Gertrudes:
- Isso tudo foi culpa dele. Na pressa de ir se encontrar com as raparigas, não reparou direito se tinha desligado as tomadas... Foi alguma faísca elétrica que provocou o incêndio. Quem sabe alguma gambiarra...
Rafael teve o ímpeto de dar uns tabefes na sogra mas conteve-se. Resolveu sair de casa. Foi morar na oficina. Improvisou uma barraca de lona e ficou lá, até para vigiar o que ainda restava e não ser carregado pelos ladrões.
Começou fazer uns "bicos" mas o pouco dinheiro que ganhava corria para os bares, que segundo ele, a bebida era o seu alívio, o seu consolo, o que lhe fazia bem.
Mas, será que este seu pensamento estava correto ? O poeta piauiense Da Costa e Silva, nos dois últimos versos do soneto A Moenda afirma:
"- álcool para esquecer os tormentos da vida
- e cavar, sabe Deus, um tormento maior".

Naquela noite de natal, ao acordar e levantar da sarjeta onde dormira, saiu ainda cambaleante,"abilobado", e quando deu por si, estava na Catedral de Nossa Senhora da Graça onde em poucos minutos seria celebrada a tradicional Missa do Galo. Ao passar pela porta principal da igreja notou que as pessoas afastavam-se de onde ele estava. Procurou um banco para sentar-se mas todos lotados. Reuniu forças e encostou-se em uma das colunas próximas da porta de entrada da igreja. O mal cheiro exalando da sua roupa e do seu próprio corpo afastavam as pessoas para distante dele. 
Acompanhara, sem ninguém ao seu lado, todos os rituais da Santa  Missa, porém, antes da comunhão eucarística o sacerdote  pronuncia as palavras do evangelho de João Capítulo 14, versículo 27 que diz:  "eu vos dou a paz, eu vos deixo a minha paz".
No momento do abraço da paz anunciado pelo bispo, Rafael ao ver todos  na igreja abraçando-se, beijando-se, confraternizando-se em comunhão com Cristo,  sentiu saudades da esposa e da filha. Não conteve as lágrimas. Chorou, embora silenciosamente, mas chorou... Foi então que sentiu  pelas suas costas um abraço carinhoso e uma mão de criança apertar a sua mão.
Virou-se e foi surpreendido com um beijo e o abraço carinhoso da esposa e da filha.
- Vamos para casa. Vamos recomeçar nossa vida. Arranjei um emprego de zeladora numa escola.
As pessoas na igreja ficaram  boquiabertas  ao presenciarem uma senhora e uma criança bem vestidas abraçarem e beijarem o que parecia ser um bêbado mendigo e fedorento.
Para  Rafael, aquela sim, não deixou de ser uma NOITE FELIZ!


                                        XXXXXXXXX
ESTE CONTO FOI PUBLICADO NO NATAL DO ANO PASSADO -   2019 E CONSTA NA  72ª EDIÇÃO DO ALMANAQUE DA PARNAÍBA REFERENTE 2019/2020.
 O FATO ACONTECEU NOS PRIMEIROS ANOS DA DÉCADA DE 1970, PORÉM NO TEXTO PUBLICADO NO ALMANAQUE, NO ÚLTIMO CAPÍTULO, FAÇO REFERÊNCIA A  UM LIVRO QUE O PERSONAGEM HAVIA LIDO ALGUNS CAPÍTULOS E CITO COMO SENDO DE AUTORIA DO ESCRITOR AMERICANO  "SAM HARRIS".
NA REALIDADE O LIVRO EXISTIU, SÓ QUE O AUTOR ERA OUTO CUJO NOME NÃO LEMBRO.  NÃO ATENTEI PARA A ÉPOCA DESSE ACONTECIDO,  PORTANTO COMETI UM ERRO, POIS NESSA ÉPOCA SAM HARRIS AINDA ERA CRIANÇA TENDO EM VISTA QUE NASCEU EM 1967 E O LIVRO "O FIM DA FÉ" CITADO NO CONTO SÓ FOI ESCRITO DEPOIS DO ATAQUE TERRORISTA ÀS TORRES GÊMEAS EM 11 DE SETEMBRO DE 2011. PEÇO ENTÃO DESCULPAS PELO ERRO COMETIDO.

A SEGUIR A PARTE QUE FOI SUBSTITUÍDA

Mas diante do trágico acontecimento Rafael sentiu sua fé abalada. Por coincidência, um cliente esquecera na sua oficina um livro, versão em Português de "The End of Faith" do autor americano Sam Harris  ( O Fim da Fé) e que ele, Rafael, leu  alguns capítulos.  No livro, que foi escrito após o ataque das torres gêmeas nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, o autor critica todos os estilos crença religiosa,  às vezes,  induzindo o leitor ao ateísmo.

 
AGORA A PARTE NOVA:

Diante do trágico acontecimento Rafael sentiu sua fé abalada. Por coincidência, tinha lido alguns capítulos de  um livro deixado em sua oficina por um cliente, no qual o autor, talvez ateu, questionava a existência de Deus, a fé dos cristãos,  além de criticar todos os estilos crença religiosa.

2 comentários:

  1. Quantos casos parecidos eram narrados e presenciados por todos nós, a vida era simples e todos compartilhavam. Hoje há o esquecimento e o descaso movidos por TI, onde o consumismo de TER, predomina...

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