Por: Antonio Gallas
Dourado e Augusto, charge de Gervásio Castro gentilmente cedida ao blog pelo poeta Elmar Carvalho |
Quando alguém recebe uma ordem de prisão, quer seja
por mandado ou em flagrante, procura sempre dar um jeito de escapar das garras da patrulha. É o famoso jeitinho
brasileiro. Na verdade, ninguém quer ser preso, ninguém quer ficar atrás
das grades para ver o sol nascer quadrado.
Nos noticiários da televisão, temos acompanhado as artimanhas criadas por políticos, empresários, médicos, "laranjas", religiosos, traficantes e outros que para não serem levados ao xilindró inventam de tudo. Alguns apresentam atestados médicos dizendo serem portadores de doenças crônicas, ou fogem para outros países, e em muitos casos até se fingem de mortos como foi o daquele prefeito de uma cidade no Peru, que se fingiu de morto para evitar ser preso após sair para beber em meio à pandemia, fato narrado em episódio já publicado neste blog.
A história
que vou contar aconteceu aqui mesmo na querida
Parnaibinha de Nossa Senhora da Graça e teve como cenário o
"cheira mijo" - Bairro São
José.
O personagem
principal foi o nosso amigo boêmio, carnavalesco e humorista José Dourado
Filho, Zé Dourado, ou simplesmente Douradim, como o chamávamos na
intimidade.
Frequentador
assíduo do Bar do Augusto (in memoriam) ou “ Bar Recanto da Saudade” e
de outros pontos da boêmia parnaibana,
foi o
próprio Douradim (in memoriam) quem narrou o fato para o escritor José
Luiz de Carvalho numa das costumeiras reuniões da Forja no
bairro São José bem aos fundos da Fundição Perseverança, uma das pioneiras
metalúrgicas do Estado do Piauí .
O Bar
Recanto da Saudade ou Bar do Augusto ficava no Bairro São José na região
conhecida por Munguba, outrora frequentada por embarcadiços ou porcos d’água
por se tratar de uma Zona de Baixo Meretrício próxima ao cais onde atracavam as
embarcações vindas do Porto de Tutóia e de outras reo Piauí.
O nome Forja dado a
esses encontros, faz alusão ao conjunto de equipamentos utilizados pelos
ferreiros na fundição de metais. Na Forja reuniam-se
intelectuais, boêmios, empresários, aposentados e outros contadores de
histórias... E dentre eles estava o nosso Douradim a contar suas bravatas.
Num desses
encontros, sempre realizados no final das tardes e regados a churrasco, cerveja
gelada compradas no Bar do Augusto, o Douradim contou ao escritor José Luiz de
Carvalho que certa vez, após tomar umas
e outras, excedeu-se e começou a abusar no bar onde estava
inclusive provocando outros fregueses que só não o bateram em
consideração à dono do estabelecimento.
Segundo ele
mesmo contou, abusou tanto, que a dona do bar não teve outra alternativa a não
ser chamar a polícia.
Era início
da década de 1970, inverno vigoroso e como sempre àquela época o bairro São
José sofria com alagamentos. Em frente ao bar onde estava havia criado uma
lagoa cheia de lamas. Mais lamas do que água. Local predileto para os porcos se
refrescarem do calor ao meio dia.
O governador
do estado, o parnaibano Alberto Silva havia destinado duas viaturas de Rádio
Patrulha para sua cidade natal. Dois fusquinhas zerinho da silva e
como se diz popularmente, ainda cheirando a leite para o serviço da
segurança em Parnaíba.
Ao ouvir o
barulho da sirene dos carros, Douradim pensou... pensou...
E foi
então que teve a brilhante ideia: Entrou na lama e começou a rolar
pelo chão, lambuzando-se todo.
Quando a
viatura chegou e os policiais desceram para efetuar a prisão perguntaram: "cadê
o meliante"? Dona Graça responde:
Cabo Élcio
então olhou, sorriu e ordenou:
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