quinta-feira, 22 de outubro de 2020

FUNERAL DE UM VELHO AMIGO

 Com o título acima publiquei neste  blog em 18 de outubro de 2018, um poema retratando  a lamentável situação em que se encontra um dos que já foi o mais importante rio navegável do Piauí -  o Parnaíba, ou "velho monge" no dizer do poeta Da costa e Silva. O poema foi musicado e nos é agora apresentado em vídeo na interpretação em voz e violão por um dos  seus autores, o músico Chico Sampaio.




FUNERAL DE UM VELHO AMIGO


Chico Sampaio e Cícero Veras

Ah, velho monge
Grande, vasto e farto amigo
É doloroso ver-te assim
Assoreado e triste
A procurar passagem 
sem contudo, achar!
Passas devagar.
Mesmo assim, insistes
Ante a morte anunciada
Desalmada a dar palpite
Porque ainda teimas, velho amigo?
Porque insistes?

Ah, meu velho Rio
Teus barrancos viraram bancos
A obstruíste o leito
Já desfeito
Teus algozes se riem satisfeitos
Bolsos cheios a te roubarem o jeito
Teu sorriso insatisfeito
Em meio as intrusas ilhas
Que se formam ao tempo
Ao relento a catar teus ventos
Que já não são os mesmos,
Olhos desatentos!

Ah, minha velha fonte
De inspiração constante
Já não és como antes
Teus poetas já não te cantam
Te olham de um canto
Dor no peito e nó na garganta
A desfazer-lhes o encanto
As rimas a transformassem 
Em copiosos prantos
A desanimar cantantes
Verso e prosa já nã há,
Que desencanto!

Ah, meu velho amigo
Que agonizas lentamente
O que fazer?
Que remédio, que providência?
Se já não mais te olham 
Com olhos de complacência!
Te roubaram a altivez
A dignidade, talvez
A ganância te tirou a cadência
Tua morte é fruto da incoerência,
Da insanidade humana
Que indecência!

Ah, velho monge
Não quero que morras assim
Desanimado e triste
Como uma fênix
Quero ver-te ressurgir
A deixar tuas lavadeiras
Pescadores e poetas a sorrir
Caudalosamente rumo ao mar 
Voltes a bramir
Levanta do teu leito e anda
Diria o salvador
Pela mão a te conduzir!

SOBRE OS AUTORES:

Chico Sampaio 

Iniciou na música em Parnaíba, no início dos anos 80, quando fundou com amigos o GRUPO CACHOEIRA, o primeiro grupo vocal de músicas autorais de Parnaíba. 
Em 1982, iniciou carreira solo, participou e foi vencedor de festivais de música em Parnaíba, como FUNIL “Festival Universitário Livre”, Festival da Rádio Educadora de Parnaíba, festival do SESC, festival da ASARTEPI, em Sobral - CE, o festival MANDACARÚ, entre outros no Nordeste Brasileiro. 
Em 1984, foi único compositor classificado do norte do Piauí, no festival CANTA NORDESTE Piauí, com a Música VIOLAR.
Tem música gravada no CD Porto das Barcas, um projeto produzido e executado pela Secretaria de Cultura de Parnaíba. 
Tem músicas gravadas por artistas como: Limarcos, Marlon Dreher e Banda Sal da Terra.
Foi fundador, diretor e produtor das bandas: BIZZ, RAIZES, CHAPEU DE COURO, SAL DA TERRA e FORROKALIPSO, diretor e produtor da banda LOUCA PAIXÃO em São Luiz do Maranhão.
Atualmente compondo e produzindo músicas para gravação de um EP (EXTENDED PLAY).

Cícero Veras dos Santos -   Natural de Tutóia litoral do Maranhão.  
Pastor Sênior da Igreja Evangélica Verbo da Vida - São Luís - MA. Estudou no Colégio Estadual Lima Rebelo-Parnaíba- PI. Foi Correspondente do Jornal Inovação em Brasília - DF (década de 80).
Foi Parceiro Letrista do músico parnaibano Chico Sampaio. Reside na capital maranhense - São Luis.

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