Por Francisco Batalha
Francisco Batalha - Presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão - FALMA |
Questionado pelo professor arariense Pedro de Oliveira Dutra Neto, geógrafo, poeta, escritor e titular da Academia de Letras e do Instituto Histórico Geográfico de Arari, respondo:
O QUE O ARARI REPRESENTA NA MINHA VIDA.
Antes de responder ao professor a pergunta que me transporta para o liminar dos anos de minha existência, peço vênia para um preâmbulo:
Sou saudosista e para alguns posso parecer exagerado, mas procuro ser moderado. Amparado pelo cumprimento dos meus deveres e pela religiosidade cristã, temente a Deus e respeitando seus mandamentos, as Leis, a Constituição de nossa Pátria e as opiniões diferentes, confesso que tenho gosto por fotografias e por lances históricos do passado. Posso parecer descomedido para uns, ou comedido para outros. Reconheço que tenho falhas, defeitos, imperfeições e equívocos. Mas tenho também, meus acertos e possuo marcas, convicções e opiniões definidas, ainda que reprovadas por alguns.
Quanto ao Arari, ele representa na minha vida, uma página de saudades! Dentro de mim persiste uma recordação saudosa de seu povo, sua gente, seus costumes e sua cultura.
De lá, guardo a reminiscência dos acontecimentos da infância, vividos na Tresidela do Bonfim.
Lembro-me constante do seu povo, sua gente, seus costumes e cultura. O lar, o aconchego dos pais e da família, o cercado, gado nos currais e fora deles, os rebanhos de carneiros, as roças verdes de esperança, os campos banhados de vida, o rio e a pororoca, os igarapés; os latidos dos cães e o ruminar dos animais; as fruteiras, o luar, a natureza e os cantos dos pássaros... e as casas assobradadas dos meus pais e avós.
Momentos que enterneciam a alma do menino matuto do interior arariense e antecederam a agradável juventude vivenciada na cidade.
Desta, uma saudade pungente dos colegas de bancos escolares, das amizades e dos amigos que conquistei – passarinhos que voaram para longe, mas os guardo na memória. Lembranças das festas carnavalescas do Antônio Lima, do Gregório Vale, do Cassino Arariense e dos comparsas de farras e boemia.
Recordação das lanchas que aportavam em frente a Igreja Matriz, do movimento da Rua Grande nos dias que antecediam os festejos de Bom Jesus dos Aflitos e do dia da festa. Das conquistas, prazeres, gozos, sonhos e felicidade do período primaveril. Da graciosidade das colegiais de fardas listradas, punho branco e chapéu de palha carnaúba; ou ainda usando boinas arredondas de alvíssimas brancuras. Escolares bonitas, elegantes, as vezes dengosas e misteriosas, que cheias de encantos sedutores desfilavam a caminho do educandário, fazendo queimar nossos corações adolescentes. Com uma delas, anos depois casei-me. E seu olhar ainda guarda aquele brilho dos tempos primaveris, enchendo-me de uma saudade cortante e, ao mesmo tempo, prazerosa.
Arari é uma exclamação na minha existência! Tantos outros magnetismo de fascínio e sedução que me veem à memória, por terem me contagiado com um passado de glórias e belezas do qual sinto saudades.
Hoje, de cabelo brancos, na fina cinza do tempo, na escureza do crepúsculo da vida, na estiagem do Sol ardente da idade e na fase amarga de perder velhos amigos e contemporâneos de juvenilidade, constato que o Arari representa parte do lado bom de minha vida e dos dias felizes vividos nas teias das arvoradas, em douradas manhãs de mocidade, que me alegraram, encheram-me a alma de esperança e perfumaram minha existência juvenil para sempre.
Publicado originalmente no ARARI, HERÓIS E VIOLÕES, editado pelo Prof. Pedro Neto e no Blog do Professor Gallas.
Texto maravilhoso ...todo arariense sentiu no coração essas belas palavras traduzida em grande sentimentos de amor å sua terra
ResponderExcluirAmigo Batalha, o seu texto me encantou, porque ele representa tudo que você: amor, carinho, compreensão e afeto. Deus proteja os seus caminhos. Abraço.
ResponderExcluirAMEI o seu texto, cheio de românticas e felizes memórias juvenis!
ResponderExcluirParabéns
Muito linda e comoventes palavras, que vão sempre representar sentimentos verdadeiros , vividos e memorável.
ResponderExcluirDeduzo em breves palavras que o texto é belo e emocionante...Meus parabéns João Batalha.
ResponderExcluir