- não é o bicho não... é o gallas de óculos –
A agência 2826-6 do Banco do Brasil em São Bernardo
no Maranhão, antes de se tornar classe H era classe I subordinada a agência
0590-8 localizada em Brejo, também no Estado do Maranhão.
A documentação do movimento diário era enviada
através de um malote num automóvel conduzido pelo senhor José da Silva
Meireles, O Zé Beleza de São Bernardo, homem de confiança da administração da
agência. De Brejo, alguns dos documentos seguiam para Chapadinha, em outro automóvel,
para de lá, serem levados via aérea para a capital São Luís, quando então seriam
processados pelo Centro de Processamento de Dados do Banco do Brazil - CESEC.
As agências ainda não possuíam computadores, e a
movimentação diária das contas dos clientes eram escrituradas manualmente em
Brejo. O movimento de débito e crédito era lançados nas enormes fichas amarelas
(quem trabalhou no Banco naquela época conhecia-as muito bem) que continham o
nome e o número da conta do cliente. Tudo isso digitado, ou melhor, datilografado e impresso, nas
máquinas mecânicas Burroughs ou Remington que mais pareciam um linotipo, daqueles que se
usava nas gráficas para preparar jornais e os impressos daquela época.
Imaginem só a despesa que o Banco tinha com o
transporte terrestre e aéreo, e o trabalho dava ao funcionário lançar
manualmente o movimento diário na conta de cada cliente? Mesmo assim, nos
balanços semestrais, o Banco sempre auferia grandes lucros!
Com a implantação do I/O remoto na agência de Brejo, a coisa fiou mais fácil. I/O que em inglês significa Input(entrada) e Output
(saída) é um sistema de computação que utiliza a automação apenas para entrada
e saída de dados, sem outras funções que os computadores modernos possuem.
Porque a agência de São Bernardo era dependência da
agência de Brejo, nossa presença fazia-se
necessária para ajudar nos lançamentos contábeis e em outros serviços que só
podiam ser feitos na agência mãe. Nas sextas-feiras, quando não vínhamos para
Parnaíba, aproveitávamos a noite para um bom papo e bebericar umas geladas na AABB local que ficava na Rua
Gonçalves Dias. Às vezes pernoitávamos para no dia seguinte tomar um banho no
Riacho Carrapato e saborear a galinha caipira à cabidela, no restaurante de dona
Maria às margens do rio que fica a maios ou menos 10 quilômetros do centro de Brejo e às margens da Rodovia MA 034 que liga a região do
Baixo Parnaíba à capital São Luís.
E foi num desses banhos no carrapato que aconteceu
algo inusitado: Antonio Odilardo Mendes Carneiro, o capitão Odilardo como nós o
chamávamos, exercia na agência a função de supervisor do SETOP (Setor de
Operações); natural de Fortaleza, casado com a senhora Valéria tinham três
filhos: Daniel Gustavo, Odilardo Filho e Camila Maria.
Pois bem: estávamos nos refrescando nas deliciosas
águas do riacho quando de repente resolvi me acocorar e ficar apenas com a
cabeça submersa. Usava um par de óculos escuro do tipo Ray Ban. Fiquei ali
naquela posição, apenas a cabeça fora d’água, por um bom tempo. O Odilardo Filho
que tinha apenas três anos, e brincava na margem do riacho, resolve entrar na água, e ao ver, apenas minha
cabeça, receou e recuou um pouco, foi quando o Daniel, mais velho, com cinco anos, exclamou:
- Vem maninho, entra! Tenha medo não! Não é o bicho não... é o Gallas, de óculos!!!
Ninguém aguentou! Todos sorrimos... e essa ficou na
minha memória!
Ilustração: Zaira Maria
Voce foi genial, grande Gallas, ao tratar de forma bem humorada os bons tempos que vivenciamos em São Bernardo (MA). Lembro quando íamos a Tutóia (MA), nos finais de semana curtir a praia e nos deliciarmos com camarões gigantes, a preço de banana, e levávamos generosas quantidades pra casa e pagávamos com cheque. O cheque era apresentado na agência local e levado à São Luis(MA), via malote, para só depois retornar à São Bernardo (MA), para o débito na conta. Todo o trâmite demorava cerca de 20 dias. Enquanto isso aplicávamos o recurso no overnight, a taxa de juros de 80% a.m. Tempos bons da Era Sarney.kkkkkkkkk
ResponderExcluirVerdade amigo. Um tempo em que não existia a violência que hoje anda solta pelo país. Algum ou outro fato de violência que ocorria eram fatos isolados. Na era Sarney torcíamos pelo "disparo do gatilho" não para matar alguém, mas para que nosso salário não fosse "comido" pela inflação.
ResponderExcluir