domingo, 7 de janeiro de 2018

LUTO

Resultado de imagem para LUTOTexto de Antonio Gallas
 
 
                O Brasil está de luto! Morreu, na última sexta feira (05) no Rio de Janeiro, o intelectual e membro da Academia Brasileira de Letra Carlos Heitor Cony com 91 anos de idade.  Radialista, jornalista, cronista, escritor premiado e considerado um dos maiores do Brasil, autor de 17 romances, entre eles "O ventre" (1958), "A verdade de Cada Dia", "Tijolo de Segurança" e "Pilatos" (1973), considerado pela crítica como uma de suas obras-primas. Depois deste último, passou mais de 20 anos sem publicar nenhum outro romance, quando lançou "Quase Memória" (1995), obra que vendeu mais 400 mil exemplares e lhe rendeu o Prêmio Jabuti que é considerado o mais importante prêmio literário do nosso país.
            Com uma longa carreira e experiência jornalística iniciada ainda nos anos 1950, e atuação nos principais jornais e revistas do país ao longo das últimas décadas, Cony certamente deixará uma lacuna na literatura brasileira.  
Louzeiro: autor de
Lúcio Flavio - O passageiro da Agonia
 
             Morreu também, no Rio de Janeiro dia 29 do mês de dezembro passado,   o escritor maranhense José Louzeiro, autor de mais de 51 livros nos seguimentos infanto-juvenil, biografias e romances-reportagens em cujo gênero é o pioneiro no Brasil.            O Brasil está de luto, não apenas pelo falecimento de Carlos Heitor Cony,  e de José Louzeiro. O Brasil está de luto principalmente  pelo comportamento da maioria dos políticos brasileiros, verdadeiros enganadores do povo, usurpadores da boa vontade da nossa  gente . O Brasil está de luto também  Pela forma com que as autoridades tratam  o patrimônio histórico cultural das nossas cidades.  Aqui em Parnaíba temos um exemplo vivo desse descaso. O Patrimônio Histórico Cultural de Parnaíba (Porto das Barcas) está se acabando. E ninguém faz nada. As edificações em ruinas, ameaçando cair em cima das pessoas, dos carros... Algumas ruas desse Centro Histórico são pontos de drogados. Muitas pessoas evitam trafegar à noite por essas ruas com medo de serem abordados por usuários de drogas que por lá ficam tanto durante o dia como à noite.  E o tal Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)? Apenas figura decorativa.
            Infelizmente Parnaíba não é a única cidade no Brasil a sofrer esse menoscabo. Outras e muitas outras também.

            Há pouco menos de um mês estive em São Luis, capital do Maranhão, cujo centro histórico foi declarado pela UNESCO Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1997 e fiquei estarrecido com o que presenciei. A Praça do Panteon onde fica a Biblioteca Benedito Leite (A Biblioteca Pública do Estado),  totalmente destruida – levaram as estátuas, os bustos as hermas. Estão fazendo uma reforma, dizem que tudo voltará ao seu lugar. Mas pelo tempo e andar da carruagem, assim como O Porto de Luis Correia, a orla da Avenida Beira Rio aqui em Parnaíba, o Rodoanel em Teresina e a duplicação da BR 135 em São Luis, só serão concluidas  com as calendas gregas, com o tear de Penélope ou num dizer mais brasileiro no “dia de São Nunca”!  A Praça Deodoro, contígua à Praça do Panteão está servindo de abrigo para drogados, moradores de ruas etc... E olhem que São Luis num passado, pela intelectualidade, pela cultura de seus habitantes e pelo mito de que se falava o melhor português do Brasil, recebeu o epíteto de Athenas Brasileira – hoje é apenas brasileira.   
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Moradores de rua fazem abrigo na Praça Deodoro
             Pensando em ver algo que me confortasse para esquecer o descalabro encontrado nas praças Deodoro e Panteon bem como  reconfortar meu âmago (afinal morei, namorei, estudei, trabalhei em São Luis),  dirigi-me à Praça João Lisboa – outrora cartão postal de São Luis. Minha decepção foi tão grande que resolvi voltar para o hotel. A praça totalmente devastada. A estátua do imortal João Lisboa, coberta de pombos e das fezes dessas aves Columbidae. Os abrigos onde lanchávamos à noite após as aulas e o retorno para pernoitar no Centro Guaxenduba pareciam que tinham sido devastados por uma guerra.  O banco onde à noite se reuniam os intelectuais Amaral Raposo (acompanho de seu inseparável  violão), professor Kalil Mohana, magistrado Ives Miguel Azar e muitos, não mais existe. 
            Aí vem a pergunta: o que a Prefeitura de São Luis ou o governo do estado poderiam fazer para recuperar o que já foi um belo cartão postal, ponto de encontro de intelectuais, de casais enamorados da bela cidade ludovicense?
            Este preâmbulo todo tem uma razão de ser: no primeiro dia do ano de 2018 aconteceu em São Luis o centenário da aposição da estátua do escritor João Lisboa. Como acompanho diariamente através dos jornais, dos blogs e televisão as notícias do Maranhão, não vi nenhuma manifestação por parte das autoridades sobre a data,  nem da Academia Maranhense de Letras que já o homenageou por ocasião do seu bicentenário em 2012. Apenas o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão,  Euges Lima, meu conterrâneo de Tutóia, com a divulgação da notícia no site do IHGM, no Jornal Extra e em uma entrevista na TV Mirante.
 

100 anos da estátua de João Lisboa
 

"Eternizado no bronze, depois de o haver sido nas suas obras...afinal, João Lisboa na praça pública!", palavras de José Ribeiro do Amaral, em discurso proferido por ocasião da inauguração da estátua de João Francisco Lisboa na Praça de mesmo nome, em 1.º de janeiro de 1918.
Há cem anos uma grande solenidade parou São Luís para homenagear o "Príncipe dos historiadores brasileiros", segundo Silvio Romero. 
 
Dois palanques foram montados, decoração com bandeiras e outros adornos, a estátua encoberta pelas bandeiras do Maranhão e do Brasil, foi uma grande festa, os cavalheiros, senhoras, moças, crianças, rapazes, todas as autoridades ,civis, militares e eclesiásticas, presentes. A filha adotiva do homenageado, Maria Lisboa, também se fazia presente, enfim, todos estavam lá e não queriam perder esse momento por nada.  A solenidade iniciou-se às 16 horas e às 21 horas ainda havia bastante gente circulando na Praça. Assim foi a inauguração.
 
 
Euges Lima, historiador e presidente do IHGM
 
 
 
 
 
               

2 comentários:

  1. Verdade, grande Professor Antonio Galas!
    Sobre a duplicação da BR-135, o trecho entre a Estiva e Bacabeira (entrada de Rosário), graças à Deus, foi entregue. Amém!!

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