domingo, 7 de abril de 2024

ARTIGO DE OPINIÃO

 

Rosette Nunes Correia Lopes  (foto)

Mãe atípica, militante na causa das pessoas com defciência, advogada, assessora parlamentar membro da diretoria da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Defciência da OAB/Ce. Filha de José Wilson Ferreira Sobrinho e Gardenia Maria Correia Ferreira. Neta, portanto, do ilustre acadêmico e ex-prefeito Lauro Andrade Correia.

21 DE MARÇO – DIA INTERNACIONAL DA SÍNDROME DE DOWN






            Sou Rosette, mãe da Paula (07) e do Pedro (05) que têm síndrome de Down/T21. Venho de uma geração que não estudou, não conviveu, não teve um amigo com deficiência, não se relacionou com a diversidade ou sequer compreendia o conceito de inclusão.

            Comemoramos no dia 21 de março o Dia Internacional da síndrome de Down, que tem como tema este ano: “menos estereótipos, mais oportunidades”. Vamos refletir como poderemos mudar a sociedade quando apenas uma pequena parcela se sente comprometida para participar desse debate?

            Diante do diagnóstico do filho, tudo muda ao nosso redor, é um marco na nossa vida, um misto de sentimentos, medo, culpa, tristeza, incertezas, força, coragem, aceitação. O impacto do laudo vem acompanhado de mudanças na rotina familiar, matrimonial, profissional, social, financeira, sexual, individual e na saúde física e mental dos pais.

            O mês de março tem sido um período com muitas campanhas, eventos que buscam dar visibilidade às pessoas com T21, o que tem me feito pensar se estamos de fato avançando ou se estamos simplesmente gerando “likes” para alguns autointitulados defensores da inclusão.

            Será que a sociedade quer e está preparada para ser realmente inclusiva? Alguns personagens são escolhidos como espécies de embaixadores da causa, de modelos a serem seguidos, o que pode gerar um problema social grave. É sabido que as redes sociais são pequenos recortes da vida real, são situações as quais queremos mostrar.

           Não adianta vestirmos camisas com frases de efeito, calçar meias trocadas coloridas, pingentes ou broches com o laço azul e amarelo se não tentarmos reeducar a todos à nossa volta. A educação deve começar pelos adultos que são os agente formadores de seus filhos, sobrinhos.

            Há alguns meses conheci um ser humano que sente e compreende o verdadeiro sentido de inclusão, que tem se disponibilizado a fazer diferença na vida das pessoas com deficiência. Escreve textos que parecem que foram escritos baseados em sentimentos vindos de nós, mães e pais atípicos. Obrigada, meu amigo Danilo Fontenelle.

            Recentemente, Danilo, escreveu um texto chamado Os trilhos da inclusão, texto que me emocionou e marcou profundamente. Define bem que “Inclusão não é apenas uma questão de acessibilidade física, mas também de acesso igualitário a oportunidades educacionais, empregatícias e sociais. Isso significa garantir que os espaços sejam adaptados e acessíveis, mas também que as barreiras atitudinais sejam derrubadas e que as pessoas com deficiência sejam vistas como agentes ativos de mudança e não como objetos passivos de assistência.”

           Te desejo, Pedro, um mundo mais inclusivo e consciente. Um mundo cheio de oportunidades. E a nós, mães atípicas, desejo que sejamos mulheres que amam, lutam, fazem acontecer e choram. Sejamos todas as nossas versões.

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