Desde sua criação e instalação em 19 de outubro do mesmo ano com apenas 30 cadeiras, importantes personalidades do mundo das letras, do jornalismo, da história, das artes e de outros ramos ligados à cultura local deixaram suas marcas registradas nos anais da Academia ao tornarem-se imortais.
Seguindo a tradição das demais academias, o sodalício deve ser composto por 40 cadeiras. Assim, na administração do então presidente Lauro Andrade Correia as 10 cadeiras restantes começaram a ser ocupadas a partir de 1989 como ocorreu em 20 de outubro, que, em festiva solenidade no auditório do Centro Recreativo Ranulpho Torres Raposo - SESC - Beira Rio, a professora Ligia Gonçalves de Carvalho Ferraz, tomou posse na cadeira de nº 31 que tem como patrono o político parnaibano José Pinheiro Machado.
Dos sócios fundadores que ocuparam as primeiras 30 cadeiras, ainda estão vivos Alcenor Candeira (cadeira nº 06), Anchieta Mendes (cadeira nº03) e Antonio Augusto do Reis Velloso ( cadeira nº 19).
Da fundação e instalação do sodalício, 101 personagens da cultura de nosso estado, parnaibanos, piauienses ou não, imortalizaram-se ao tomar posse e vestir o manto da Academia Parnaibana de Letras - APAL denominada de Casa de João Cândido.
Minha posse na APAL em 12/05/2017 Pronunciando meu discurso já com o manto acadêmico. |
SOBRE ACADEMIAS
Em artigo publicado no Jornal "O Dia" de Teresina, na data de 29/06/1988, o ilustre acadêmico, imortal e membro da Academia Piauiense de Letras, professor Arimateia Tito Filho, escreveu o seguinte:
"Deixemos de lado outras academias que nasceram e não
floresceram na antiguidade dos tempos. Façamos referência a Academia Francesa,
criada pelo cardeal Richelieu, com as suas quarenta poltronas, e que se tornou
modelo de quantas se foram fundando com os mesmos objetivos e vaidades.
Cheguemos ao Brasil. Aqui, na segunda capital do país, nos últimos tempos do
século passado, a fina flor dos literatos residentes no Rio, deliberou
estabelecer uma sociedade de defesa da língua e desenvolvimento cultural,
denominada Academia Brasileira, depois conhecida como Academia Brasileira de
Letras, cuja primeira presidência muito valorizou o grêmio, pois confiada a
Machado de Assis. Antes dela os cearenses, sempre espertos, puseram em
funcionamento a Academia Cearense de Letras, que desapareceu e anos mais tarde
reapareceu.
A Academia Brasileira frutificou em academias estaduais.
Cada unidade da Federação foi instituindo a sua, com o aproveitamento da prata
da casa. Nelas se congregavam os principais homens e mulheres dedicados à vida
literária ou expressões eloqüentes dos diversos ramos do saber humano, na
medicina, na engenharia, no direito, no magistério. Esses clubes gozavam do
apreço e da consideração do poder público e da coletividade, que delas recebiam
cooperação freqüente nos assuntos culturais.
Passavam-se os anos e as entidades acadêmicas mais se
prestigiavam e os seus membros se projetavam na admiração e no respeito geral.
De uns vinte anos e esta parte, porém, a excessiva vaidade humana iniciou o
processo de parir academias, grêmios e sociedades literárias por tudo quanto
biboca haja neste Brasil de asnices internas, dívidas externas e besteiras
permanentes. Existem academias de letras por todos os lugares, clubes de
poesias, agremiações de oratória, ateneus, institutos, com os seus quadros de
sócios nos quais figuram os mais variados tipos: analfabetos, alfabetizados,
débeis mentais. Da acima do meio da canela a quantidade de sócios, sócios
beneméritos, sócios honorários e correspondentes. Outro dia fundaram a Academia
Pindurassaiense de Letras ou mais esclarecidamente a Academia de Letras do
Arraial de Pindura Saia, nos confins do Mato Grosso do Sul.
Chegaria a época mais triste de quantas arapucas se vão
criando: a fase dos negócios rendosos. O ingresso da pretensa sumidade
literária custa dinheiro, com dinheiro se cobra pelo diploma respectivo. Já
estão distribuindo títulos de sócio benemérito, honorário e correspondente cada
um de preço especial. A produção livresca estarrece. Há hoje nessa vastidão
brasileira uma subliteratura que rebaixa o país a níveis da imbecilidade.
Fabricam-se poesias por toneladas. Abundam poetas, críticas, contistas. O
grande Marcuse dizia que três forças dominavam a sociedade: a econômica, a
política, a de inteligência. Pois esta última está na moda: ser ESCRITOR dá
prestígio, portas abertas, importância. Leio em jornal do sul que um subúrbio
de Uberaba em Minas, chamado Pau Fincado, fundou a Academia de Letras dos
Marginais. Talvez seja um respeitável centro das atividades do país."
Deixemos de lado outras academias que nasceram e não
floresceram na antiguidade dos tempos. Façamos referência a Academia Francesa,
criada pelo cardeal Richelieu, com as suas quarenta poltronas, e que se tornou
modelo de quantas se foram fundando com os mesmos objetivos e vaidades.
Cheguemos ao Brasil. Aqui, na segunda capital do país, nos últimos tempos do
século passado, a fina flor dos literatos residentes no Rio, deliberou
estabelecer uma sociedade de defesa da língua e desenvolvimento cultural,
denominada Academia Brasileira, depois conhecida como Academia Brasileira de
Letras, cuja primeira presidência muito valorizou o grêmio, pois confiada a
Machado de Assis. Antes dela os cearenses, sempre espertos, puseram em
funcionamento a Academia Cearense de Letras, que desapareceu e anos mais tarde
reapareceu.
A Academia Brasileira frutificou em academias estaduais.
Cada unidade da Federação foi instituindo a sua, com o aproveitamento da prata
da casa. Nelas se congregavam os principais homens e mulheres dedicados à vida
literária ou expressões eloquentes dos diversos ramos do saber humano, na
medicina, na engenharia, no direito, no magistério. Esses clubes gozavam do
apreço e da consideração do poder público e da coletividade, que delas recebiam
cooperação frequente nos assuntos culturais.
Passavam-se os anos e as entidades acadêmicas mais se
prestigiavam e os seus membros se projetavam na admiração e no respeito geral.
De uns vinte anos e esta parte, porém, a excessiva vaidade humana iniciou o
processo de parir academias, grêmios e sociedades literárias por tudo quanto
biboca haja neste Brasil de asnices internas, dívidas externas e besteiras
permanentes. Existem academias de letras por todos os lugares, clubes de
poesias, agremiações de oratória, ateneus, institutos, com os seus quadros de
sócios nos quais figuram os mais variados tipos: analfabetos, alfabetizados,
débeis mentais. Da acima do meio da canela a quantidade de sócios, sócios
beneméritos, sócios honorários e correspondentes. Outro dia fundaram a Academia
Pindurassaiense de Letras ou mais esclarecidamente a Academia de Letras do
Arraial de Pindura Saia, nos confins do Mato Grosso do Sul.
Chegaria a época mais triste de quantas arapucas se vão
criando: a fase dos negócios rendosos. O ingresso da pretensa sumidade
literária custa dinheiro, com dinheiro se cobra pelo diploma respectivo. Já
estão distribuindo títulos de sócio benemérito, honorário e correspondente cada
um de preço especial. A produção livresca estarrece. Há hoje nessa vastidão
brasileira uma subliteratura que rebaixa o país a níveis da imbecilidade.
Fabricam-se poesias por toneladas. Abundam poetas, críticas, contistas. O
grande Marcuse dizia que três forças dominavam a sociedade: a econômica, a
política, a de inteligência. Pois esta última está na moda: ser ESCRITOR dá
prestígio, portas abertas, importância. Leio em jornal do sul que um subúrbio
de Uberaba em Minas, chamado Pau Fincado, fundou a Academia de Letras dos
Marginais. Talvez seja um respeitável centro das atividades do país."
Contribuição de importantíssimo valor para a cultura Parnaíba, parabéns a todos que compõem está instituição.
ResponderExcluir