terça-feira, 7 de setembro de 2021

SAUDADES DO SETE DE SETEMBRO


Por Antônio Gallas 

Ah,  bons tempos aqueles! Mesmo no chamado período da "ditadura militar". O Sete de Setembro era um belíssimo  espetáculo! Os colégios engalanados,  com seus alunos devidamente uniformizados, suas fanfarras, bandas marciais, carros alegóricos, a desfilarem garbosamente pelas mais importantes ruas, avenidas e praças da cidades, a receber os aplausos do povo e das autoridades que,  do palanque oficial,  a tudo e a todos  observavam.

Fonte: SEDUC -PI  09/2016

Ah bons tempo aqueles! Não havia xingamentos, não havia desacato às autoridades, não havia desrespeito. Havia sim competição entre as escolas, cada qual querendo exibir-se com melhor desempenho, melhor performance. 

Tudo na mais perfeita ordem, sem qualquer interferência que pudesse vir a estragar a beleza do civismo do patriotismo, da reverência  pela data.

Em Teresina, a parada do sete de setembro nessa época  era na avenida Frei Serafim, a mais importante do centro da capital piauiense.  Como era salutar apreciar o desfile das alunas do Colégio Sagrado Coração de Jesus ( Colégio das  Irmãs),  da Escola Normal Antonino Freire com suas fardas azul e branco. Era como se fosse um colírio para os olhos masculinos. Bonito também a organização dos colégios Domício, Leão XIII,  Demóstenes Avelino, ( onde fiz o exame  de admissão ao ginásio) São Francisco de Sales ( Diocesano) Zacarias de Góes ( o liceu piauiense) e a tradicional banda da então Escola Técnica Federal do Piauí. Tudo isso, repito, na mais perfeita ordem, no mais absoluto respeito. Respeito à data, respeito aos professores, respeito ao povo e, principalmente,  respeito às autoridades constituídas.  Apenas demonstração de civismo e patriotismo.

Em Tutóia alunos das escolas públicas e particulares  marchavam com garbo e elegância  a receber o aplauso dos presentes. Ainda lembro da Crisális Fonseca, baliza do Colégio Castelo Branco a fazer evoluções, à frente da escola,  enquanto seus colegas  a seguiam marchando pela Praça Getúlio Vargas e Rua Lucas Veras  ao som da fanfarra sob a batuta e treino do sargento Magno, da Marinha do Brasil.




Sargento Magno em pé com a farda da Marinha de Guerra do Brasil



Em  São Luis o desfile acontecia em duas datas: cinco e sete de setembro. No dia 05, dia da raça,  era o dia em que as escolas desfilavam  a mostrar sua força, elegância, sua raça... Eram muitas. Colégio São Luis, sob a direção do professor Luis Rego, Nina Rodrigues, dirigido pelo imortal Carlos Cunha, Liceu Maranhense, Rosa Castro, Cardoso Amorim do pastor Capitolino Araujo,    Centro Caixeiral e muitas outras escolas que marcaram e ainda hoje marcam a educação maranhense.

 Havia alguma disputa? Sim. A disputa entre as bandas do Colégio Maritas  e da  Escola Técnica Federal do Maranhão, dirigida então pelo professor Ronald Carvalho. Cada uma delas procurava apresentar-se com a melhor performance na disputa do primeiro lugar, na preferência popular. Mas era uma competição saudável, sem qualquer tipo de agressão. 

Ah, bons tempos aqueles!

No dia 07 a parada cívico-militar com componentes da Polícia Militar do Maranhão, Exército,  Marinha, Aeronáutica  e as bandas militares a executar dobrados como "Avante Camaradas", "Cisne Branco" além de outros,   criando assim  uma aura de civismo, patriotismo e também de romantismo. 

 Às escolas e aos militares associavam-se também entidades civis como os  clubes de serviços ( Rotary, Lions), grupos de escoteiros, ex-pracinhas da FEB ( Força Expedicionária Brasileira que tinham o prazer em afirmar que lutaram na Batalha de Monte Castelo na Itália durante a Segunda Guerra Mundial) e muitos outros. Tudo, passo a passo acompanhado pelos brilhantes repórteres da Rádio Difusora do Maranhão Edy Garcia,  Fernando Souza e grande equipe.  Dia seguinte "A Difusora Opina"  cronica do imortal Bernardo Almeida, reverenciava o sete de setembro e o aniversário de São Luis que transcorre dia 08,  amanhã portanto, um dias após a comemorações da data do grito do Ipiranga.  .

Em Parnaíba os desfiles  seguiam pelas avenidas Capitão Claro e Chagas Rodrigues em direção ao Centro Cívico na Praça Santo Antonio.  

 Idealizado pelo engenheiro  Lauro  Andrade Correia quando prefeito de Parnaíba,  o Centro Cívico,   local das concentrações e solenidades cívicas da cidade, teve projeto arquitetônico de Regis de Atahyde Couto ( neto do tutoiense coronel Arthur Athayde).

   

Centro Cívico em Parnaíba vendo-se ao fundo a torre da igreja
de Santo Antonio do Colégio das Irmãs
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Vale ressaltar a incansável luta do professor Francisco Pinto (nosso querido padre Pinto hoje) que apesar de ser deficiente físico corria de um lado a outro na montagem do carros alegóricos da Escola Comercial de Parnaíba, do Ginásio Clóvis Salgado, Centro Caixeiral, Colégio Estadual e, mesmo sentindo dores na coluna acompanhava o desfile para que tudo saísse perfeito. E olhem que os carros alegóricos preparado pelo professor Francisco Pinto eram verdadeiras obras de arte.


Pe. Francisco Pinto quando professor foi responsável por alegorias em carros de escolas e pela organização do desfiles de sete de setembro em Parnaíba.

Ah, bons tempos aqueles. Tudo saía perfeito!Tudo muito bonito! Após a grande parada, liberados,  alunos, professores, público,  corríamos para o SESC Beira-Rio para a diversão. A tradicional festa da independência animada por um conjunto musical da cidade, geralmente os atômicos prosseguia até o final da tarde. Era só alegria, diversão. E o orgulho do dever cumprido mais uma vez para com a nação, nosso querido país. E nosso coração continuava  verde, amarelo, azul anil como na canção de "Os Incríveis".
Por conta da pandemia  do Covid 19  não tivemos desfile no ano passado,  nem  neste ano, entretanto, Parnaíba não esqueceu de prestar sua homenagem à Pátria.  O prefeito de Parnaíba, dr. Francisco de Assis de Moraes Souza,  acompanhado do presidente da Câmara Municipal, vereador Carlson Pessoa e da vereadora Neta Castelo Branco,   som do hino nacional brasileiro,  hastearam simultaneamente as bandeiras de  Parnaíba, do Piauí e do Brasil.

   
Após o hasteamento das bandeiras houve um rápido desfile da banda da  Escola Municipal Roland Jacob encerrando a solenidade.
Ah, Bons tempos aqueles...
 



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