domingo, 27 de junho de 2021

AMOR À FAMÍLIA

Por Antonio Gallas         

Josélia, em tela de Rogério Albino

        O amor à família, aos pais, aos irmãos e a  seus filhos, tem sido bastante evidenciado pelo poeta e escritor Elmar Carvalho em suas  publicações, tanto  nos seus livros quanto no em seu blog intitulado "Blog do Poeta Elmar". No livro Confissões de um Juiz, às páginas 136/138 com o título de A MORTE DE JOSÉLIA,  Elmar refere-se ao trágico acidente acontecido a 02 de junho de 1978, quarenta e três anos atrás, que ceifou a vida de sua irmã Josélia. 

        "... e mal completara quinze anos de vida. Era bela. Era alegre. Era cheia de vida. Sua alegria era verdadeiramente contagiante. Soubemos que no último dia de aula, quando viriam as férias de julho, ela abraçou todos os seus colegas de classe,  um a um, meninos e meninas, e lhe disse que fazia aquilo porque lhes desejava umas férias tão alegres quanto as que ela teria."

        A notícia do trágico acontecimento entristeceu  seus amigos, colegas de turma, professores,  amigos de seus pais, enfim, a todos que a  conheciam  e a estimavam.

        Josélia era minha aluna. Estudava na Escola Comercial de Parnaíba. À época, escrevi  em sua homenagem uma crônica para a "Crônica da Cidade" que era lida ao meio-dia na apresentação diária  do Rádio Repórter Educadora. Infelizmente não temos os arquivos mas lembro-me bem que finalizei com a seguinte expressão: "... Josélia morreu cheia de  vida..."  Conforme cita o poeta Elmar Carvalho no livro supra mencionado, "o texto foi lido por Gilvan Barbosa, de bela e vibrante voz".

        Agora, passados 43 anos daquele triste dia, Josélia continua viva em nossas lembranças, em nossos corações, tanto assim que, seu irmão, o Poeta Elmar Carvalho publicou em seu blog, o poema JOSÉLIA o qual consta no livro de poemas  "A Rosa dos Ventos Gerais" ( pags. 21/22) lançado em 1996.

 JOSÉLIA

Elmar Carvalho

(Em lembrança de minha irmã falecida aos  15 anos de idade, em 02 de julho de 1978.)

Fui pisado

pela terra.

Fui pisado

pela terra,

eu que sempre

procurei pisar

nas nuvens e

no céu.

                             Sem dormir sonhei,

                             mas o sonho acabou

                             antes de haver começado.

                             (Ainda bem, porque

                             o sonho era mau.)


Sonhei que minha

irmã morrera,

mas ela não morreu.

Era tão cheia de vida

que continua viva

na lembrança dos

que ficaram.

Ela continua viva

porque houve apenas

uma metamorfose

existencial.


                            Seu sorriso

                             seu (e)terno sorriso

                             sem precisar da

                             matéria para

                             ser desfraldado

                             continua estampado

                             em seu rosto

                             imaterial.


Josélia tinha a pureza dos inocentes

a inocente malícia dos felizes

e a beleza dos que não são

deste mundo cão.

Por isso foi

para o céu de

onde (vi)era.   

        


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