Por Antonio Gallas
Josélia, em tela de Rogério Albino
O amor à família, aos pais, aos irmãos e a seus filhos, tem sido bastante evidenciado pelo poeta e escritor Elmar Carvalho em suas publicações, tanto nos seus livros quanto no em seu blog intitulado "Blog do Poeta Elmar". No livro Confissões de um Juiz, às páginas 136/138 com o título de A MORTE DE JOSÉLIA, Elmar refere-se ao trágico acidente acontecido a 02 de junho de 1978, quarenta e três anos atrás, que ceifou a vida de sua irmã Josélia.
"... e mal completara quinze anos de vida. Era bela. Era alegre. Era cheia de vida. Sua alegria era verdadeiramente contagiante. Soubemos que no último dia de aula, quando viriam as férias de julho, ela abraçou todos os seus colegas de classe, um a um, meninos e meninas, e lhe disse que fazia aquilo porque lhes desejava umas férias tão alegres quanto as que ela teria."
A notícia do trágico acontecimento entristeceu seus amigos, colegas de turma, professores, amigos de seus pais, enfim, a todos que a conheciam e a estimavam.
Josélia era minha aluna. Estudava na Escola Comercial de Parnaíba. À época, escrevi em sua homenagem uma crônica para a "Crônica da Cidade" que era lida ao meio-dia na apresentação diária do Rádio Repórter Educadora. Infelizmente não temos os arquivos mas lembro-me bem que finalizei com a seguinte expressão: "... Josélia morreu cheia de vida..." Conforme cita o poeta Elmar Carvalho no livro supra mencionado, "o texto foi lido por Gilvan Barbosa, de bela e vibrante voz".
Agora, passados 43 anos daquele triste dia, Josélia continua viva em nossas lembranças, em nossos corações, tanto assim que, seu irmão, o Poeta Elmar Carvalho publicou em seu blog, o poema JOSÉLIA o qual consta no livro de poemas "A Rosa dos Ventos Gerais" ( pags. 21/22) lançado em 1996.
JOSÉLIA
Elmar Carvalho
(Em lembrança de minha irmã falecida aos 15 anos de idade, em 02 de julho de 1978.)
Fui pisado
pela terra.
Fui pisado
pela terra,
eu que sempre
procurei pisar
nas nuvens e
no céu.
Sem dormir sonhei,
mas o sonho acabou
antes de haver começado.
(Ainda bem, porque
o sonho era mau.)
Sonhei que minha
irmã morrera,
mas ela não morreu.
Era tão cheia de vida
que continua viva
na lembrança dos
que ficaram.
Ela continua viva
porque houve apenas
uma metamorfose
existencial.
Seu sorriso
seu (e)terno sorriso
sem precisar da
matéria para
ser desfraldado
continua estampado
em seu rosto
imaterial.
Josélia tinha a pureza dos inocentes
a inocente malícia dos felizes
e a beleza dos que não são
deste mundo cão.
Por isso foi
para o céu de
onde (vi)era.
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