quinta-feira, 29 de abril de 2021

OS BRUTOS TAMBÉM AMAM

 Antonio Gallas

            Muita gente erroneamente atribui aos animais a denominação de "bichos brutos". Ledo engano. Muitos humanos às vezes são mais brutos do que certos animais irracionais. E não adianta entrarmos em detalhes, porque diariamente ao acompanharmos os noticiários presenciamos essas brutalidade, inclusive de pais que assassinam seus próprios filhos.

            Imaginem se não fossemos temente a Deus!

            Nesta terça-feira, 27 de abril, após ter participado, como expectador,  da Missa  celebrada por Padre Antonio Cruz na Igreja de Lourdes da Vermelha em Teresina pela passagem  do Sétimo Dia de  falecimento do meu sobrinho Durval de Oliveira Pimentel Sobrinho, o Duda, infelizmente mais um a vítima do Covide. Após ouvir as palavras do celebrante, senti-me leve, descontraído.  Resolvi então ligar a televisão para ficar inteirado dos últimos acontecimentos do país e do mundo. Por volta das 20 horas, atento às notícias do Jornal da Band  ouvi para os lados do portão da garagem da minha casa,  os gritos da nossa secretária doméstica que aos prantos exclamava: a Solzinha! ... a Solzinha!... a Solzinha!...

            Corri para ver o que estava acontecendo e a encontro em lágrimas, sentada numa cadeira do terraço. Ao ver-me foi logo dizendo: — a solzinha morreu! mataram a solzinha, foi veneno!

            Diante desse alvoroço, minha neta Zaira Maria também começou a chorar.

    Meu Deus, pensei eu, hoje o dia começou triste e está terminando triste. Como será então a noite? Tenho que me preparar para qualquer situação, ou seja, para o que der e vier.

            Cedo da manhã havia recebido a notícia do falecimento, também por Covid, da minha estimada colega Maria do Rosário de Fátima, professora de Português, com quem tive o prazer de trabalhar no Colégio Chagas Rodrigues. Uma criatura agradável, alegre, comunicativa, carinhosamente chamava-me de "galinhas" diminuitivo de Gallas. Quem me deu a triste notícia foi o meu colega Rubem, funcionário do Banco do Brasil, com quem Fátima foi casada e tiveram uma filha de nome Ana Alzira. Dois dias atrás o mesmo Rubem havia me comunicado o falecimento do seu irmão Francisco de Assis, o "Paínha" que residia na capital do Mato Grosso, Cuiabá. Tudo muito triste!

            A Solzinha fazia parte de um grupo de 05 felinos adotados em minha casa. Dona Maria José, nossa secretária há doze anos, quando decidimos que por conta da pandemia teria que abandonar a casa na qual morava no Município de Ilha Grande, trouxe consigo a "Florzinha" uma gata, em avançado estado de prenhez tanto que em 04 de maio de 2020 pariu quatro belos filhotinhos. Um dos filhotes morreu dias depois. Ficaram então, recebendo o carinho e os cuidados de dona Maria José e de todos nós, os seguintes animais: o Blegue, que já morava conosco, a Solzinha, o Marrento, a Rolly e a gata mãe chamada de Florzinha. Minha neta Zaira disse logo: - a solzinha é a minha. É a mais bonita!

Solzinha e o irmão Marrento

            Tomei conhecimento do que acontecera. Solzinha jazia estendida ao solo em frente à casa vizinha ao lado da nossa. Não vi marcas de sangue, muito menos machucões pelo seu corpo, porém, antes que fizéssemos   qualquer prejulgamento, minha filha Andrezza (ela e Zaira estão conosco desde março do ano passado) sugeriu que deveríamos ver as câmeras que temos instaladas na entrada de nossa residência. As imagens gravadas nas referidas câmeras constaram que a gatinha tinha sido atropelada por uma motocicleta. Uma cena, porém, surpreendeu-me e fez com que eu ficasse a imaginar que animais, mesmo sem raciocínio, sem saber distinguir, penso eu, o bem do mal, têm sentimento de solidariedade tais quais nós humanos e que são capazes também de expressar amor tanto para nós humanos como para seus próprios semelhantes.

            As imagens mostraram inicialmente quando Solzinha sai pelo portão de entrada, atravessa a rua e adentra ao terraço de uma floricultura que fica em frente à nossa casa. Minutos depois volta, e ao tentar atravessar a rua para retornar à sua morada é atropelada por uma moto. Com o impacto do veículo o animalzinho foi atirado a mais ou menos 10 metros de distância do local em que estava, onde debateu-se, agonizou e  faleceu.

            Marrento e Blegue que estavam em nossa calçada, no lado oposto, ao presenciarem o sofrimento da Solzinha correram para onde ela se encontrava, mas, infelizmente, nada podiam fazer para socorrê-la. Marrento caminhava de um lado para outro como que e perguntando o que estava a acontecer enquanto o Blegue parado   apenas observava.

            Sabe-se que animais transmitem para nós humanos um sentimento de amor. É a retribuição pela atenção, pelo carinho, pelo amor que dedicamos a eles. A Solzinha por exemplo, diariamente, logo ao amanhecer, postava-se à  porta do quarto da minha neta na espera de que quando Zaira saísse ela  iria receber um carinho, um afago, uma demonstração de amor.

Zaira e Solzinha no terraço da casa

            Depois de providenciar a retirada do corpo do animal do meio da rua, observei que os dois gatos que presenciaram o acidente ficaram entristecidos a noite inteira, e continuam ainda tristes.





5 comentários:

  1. Como é o amor de nossos bichinhos tão grande, tão indefesos e corajosos não sabem o que lhes esperam, mais enfrentam sem medo para nós doar seu amor.
    Amor que sentimos falta na perda mais que recordamos pois nunca nos deu dor.

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  2. É verdade sobrinha. Obrigado por ler e comentar.

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  3. Verdade! Minha filha tem um yorkshire micro e já temos uma certa convivência, oriunda de suas visitas. É impressionante. As vezes eu penso que ele sabe muito de todos nós. É uma graça. Me divirto!

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  4. Gosto de más de gastos,tenho 5 aqui em casa.

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