sexta-feira, 5 de março de 2021

QUANDO UM GOLEIRO VIRA UM DEUS!

  (Crônica de Pádua Santos*)


Uma amiga minha, natural de Parnaíba, mas que mora em Fortaleza, ao visualizar a imagem acima estampada, ligou-me bastante apreensiva pensando tratar-se de um acidente ou até mesmo de morte. Respondi-lhe que ficasse tranquila, pois não se tratava de uma coisa nem de outra. Pelo contrário. Nosso Prefeito Mão Santa, que aí aparece iniciando uma sessão de massagem, encontra-se mais vivo do que nunca. Foi reeleito no último pleito com ampla maioria, derrotando adversários que com ele concorreram, e mais ainda: derrotando aqueles que desistiram da concorrência porque entenderam que suas derrotas eram iminentes. E aqui pode surgir um forte imbróglio para nossa cidade. Se o homem já derrotou ou correu com seus adversários, e se não mais poderá ser reeleito, quem vai ser o seu sucessor, se é verdade que ainda não disse se vem preparando alguém para tanto? Pode surgir um forasteiro desamorável para com a cidade, e é isto o que já se ouve falar nos bastidores da política.

            É necessário que apareça um parnaibano como é o Mão Santa, que goste realmente do embate e não tema derrotas. Lembro-me bem de quando ingressei na vida pública, no ano de 1992 e, ao lado do ex-Prefeito Zé Hamilton, nos elegemos, Vereador e Prefeito, respectivamente, ambos sob sua liderança, visto que ele, naquela época, acabava de encerrar o seu primeiro mandato como chefe maior da Prefeitura.

            Zé Hamilton, em outros pleitos, novamente assumiu a Prefeitura e eu, como Presidente da Câmara Municipal, e também como Vice-Prefeito, eleito em 2000, por várias oportunidades cheguei a assumir o honroso cargo de chefe do Executivo parnaibano. Neste passo não posso negar que em alguns pleitos deixei de votar no nosso Prefeito massageado, mas também não devo esquecer que quando do meu ingresso na política partidária, como visto na ficha aqui publicada, foi ele o abonador de minha filiação no então PDS – Partido Democrático Social.

            Por outro lado, ao tranquilizar minha amiga que, à primeira vista, não entendeu o que retrata a foto, a ela informei outra impressão que tal visualização trouxe a minha mente.

            É que o Mão Santa ali se encontra deitado com o rosto para cima, com a cabeça apoiada em travesseiro revestido de pele de tigre, tal qual aqueles Faraós egípcios quando morriam e eram mumificados. Encontrando-se, também, sob os cuidados do ex-atleta do Parnahyba Sport Club, o Sr. Mário Pereira de Souza, mais conhecido por Mário Boi. Este competente massagista foi goleiro da agremiação parnaibana por muitos anos e não é esta a primeira vez que figura nas minhas crônicas. Quando em 2012 lancei o meu livro “O Encantador de Serpentes e Outros Vultos Ilustrados”, ele já ali figurava numa comparação que fiz de sua pessoa com o famoso selo “Olho de Boi” instituído em 1834 por determinação do Imperador Pedro II.

Agora ele volta como sendo Anúbis – Deus egípcio dos mortos e moribundos, aquele que os egiptólogos mais conservadores nunca souberam afirmar com certeza o animal que o representa, mas que sempre foi associado à mumificação. E aí a imaginação: Se compararmos o nosso Prefeito aos Faraós que foram mumificados, tendo em vista a posição em que se encontra para receber massagens e sua forte liderança sobre o seu povo, temos que também comparar o Mário Boi ao Anúbis. E a comparação realmente procede. O forte olhar do moreno não nos desmente - é deveras penetrante tal qual o olho do afamado Deus do Egito Antigo.



Pádua Santos* advogado, cronista, poeta e contista. Ex-vereador e ex-presidente da Academia Parnaibana de Letras.  



                                              

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