domingo, 28 de março de 2021

CRONICA - O Moço do Piauí




O Moço do Piauí

 Por: José Luiz de Carvalho (presidente da Academia Parnaibana de Letras)



Quem é esse moço? Alguém perguntou, logo alguém respondeu, vem lá do Piauí.  Se ainda hoje existe discriminação contra a sua origem territorial.  O termo “xenofobia”, hoje amplamente divulgado e combatido, naquele tempo ninguém sabia, nem o que era isso na teoria, porém a prática era real e cruel.  Não só os oriundos do Piauí, considerado um dos Estados mais pobres da Federação na época, mas também e de outros Estados nordestinos, de forma geral chamados de “Nortistas”, chamados “cabeças chatas”. Assim dividiam o Brasil e em dois grandes pedaços, mundos totalmente diferentes, um muito rico e um outro extremamente pobre. 

Nas décadas de 50 a 60 essa “coisa” era muito mais intensa, principalmente na “Cidade Maravilhosa”, a sempre glamorosa baia da Guanabara, naquela época, o Rio de Janeiro era a capital do Brasil!  Aquele homem franzino de estatura mediana, de cor clara e olhos claros já se projetava como um eficiente jornalista. Enfrentando é claro todas as dificuldades que alguém encontra nas terras doutros. Eficiente e sonhador, o teimoso parnaibano. Do Piauí, quem era mesmo conhecido era repórter Carlos Castelo Branco, o Castelinho que depois se tornaria o maior jornalista político do Brasil.

Em 1953, com apenas 21 anos de idade, José Pinheiro de Carvalho passa a ser um dos jornalistas do Jornal Tribuna da Imprensa, de propriedade do Carlos Lacerda. 

Seguiu com o seu propósito de elevar o nome do seu Estado. Não queria ser apenas um jornalista atuante, sabia que era necessário fazer algo pela sua terra e pela sua gente.  Ele conseguiu convencer os seus pares de comunicação e realizaram a “Operação Piauí “entre 1955-1956, trazendo ao Piauí vários jornalistas do sul e sudeste em um avião da FAB mostrando as riquezas e o potencial do Estado, de Gilbués ao litoral.

 Participou do Cruzeiro Musical 1958 na TV RIO e TV PAULISTA -RECORD. Que tinha como apresentador o jornalista Cesar Ladeira que nessa ocasião o chamou pela primeira de “O MOÇO DO PIAUI”, sendo que essa denominação perdurou por toda a sua vida.


O Moço do Piauí era dono de uma mente brilhante e irrequieta, foi produtor do filme Guru das Sete Cidades, no ano de 1972, onde mais uma vez mostrou as belezas, os cenários e pontos turísticos regionais.  Era um verdadeiro embaixador do Piauí no restante do Brasil.  


 Ao retornar para sua amada Parnaíba, instalou o Lions Club Atalaia.  

 Idealizou e fundou a Academia Parnaibana de Letras, com a ajuda de outros intelectuais a saber:  Alcenor Rodrigues Candeira Filho, João Nonon de Moura Fontes Ibiapina, José de Anchieta Mendes de Oliveira, Maria da Penha Fonte e Silva e Raimundo Fonseca Mendes

 

Sua influência e aceitação popular tornou-se  tão grande que foi  eleito  vice-prefeito da Parnaíba, na chapa encabeçada pelo legendário médico e político Joao Silva Filho. Quando desenvolveu vários trabalhos culturais e assistenciais, sempre ajudando aos mais pobres dos vários bairros da cidade. 

Ele faleceu no dia 28 de março de 1984, no rio de Janeiro, porém o seu corpo foi trazido em enterrado no Cemitério da Igualdade, em Parnaíba.


Assim, depois de fazer a leitura dessa breve crônica, você também saberá quem foi o “Moço do Piauí”.

OBS: Hoje dia 28 de março, relembramos José Pinheiro de Carvalho nos 37 anos do seu falecimento.

2 comentários:

  1. Caro Professor Gallas, um sentido agradecimento pela sua carinhosa crónica dedicada ao meu pai. Apenas uma correção quanto à data de partida, em 86, fazendo agora 35 anos de enorme saudade. Obrigado e saudades de Lisboa, com um abraço do tamanho do Atlântico. Zezo

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  2. Essa divisão só existe na cabeça das pessoas que são acéfalos.
    Eu sou Paulista, mas encantada pelo nordeste.
    Deixei meu estado pra viver no Piauí há 8 anos....e amo de paixão...tudo que nele dá...tudo que nele reside...tudo que nele habita.
    Um lugar q hj chamo de meu.

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