O Moço do Piauí
Por: José Luiz de Carvalho (presidente da Academia Parnaibana de Letras)
Quem é esse moço? Alguém perguntou, logo alguém respondeu, vem lá do Piauí. Se ainda hoje existe discriminação contra a sua origem territorial. O termo “xenofobia”, hoje amplamente divulgado e combatido, naquele tempo ninguém sabia, nem o que era isso na teoria, porém a prática era real e cruel. Não só os oriundos do Piauí, considerado um dos Estados mais pobres da Federação na época, mas também e de outros Estados nordestinos, de forma geral chamados de “Nortistas”, chamados “cabeças chatas”. Assim dividiam o Brasil e em dois grandes pedaços, mundos totalmente diferentes, um muito rico e um outro extremamente pobre.
Nas décadas de 50 a 60 essa “coisa” era muito mais intensa, principalmente na “Cidade Maravilhosa”, a sempre glamorosa baia da Guanabara, naquela época, o Rio de Janeiro era a capital do Brasil! Aquele homem franzino de estatura mediana, de cor clara e olhos claros já se projetava como um eficiente jornalista. Enfrentando é claro todas as dificuldades que alguém encontra nas terras doutros. Eficiente e sonhador, o teimoso parnaibano. Do Piauí, quem era mesmo conhecido era repórter Carlos Castelo Branco, o Castelinho que depois se tornaria o maior jornalista político do Brasil.
Em 1953, com apenas 21 anos de idade, José Pinheiro de Carvalho passa a ser um dos jornalistas do Jornal Tribuna da Imprensa, de propriedade do Carlos Lacerda.
Seguiu com o seu propósito de elevar o nome do seu Estado. Não queria ser apenas um jornalista atuante, sabia que era necessário fazer algo pela sua terra e pela sua gente. Ele conseguiu convencer os seus pares de comunicação e realizaram a “Operação Piauí “entre 1955-1956, trazendo ao Piauí vários jornalistas do sul e sudeste em um avião da FAB mostrando as riquezas e o potencial do Estado, de Gilbués ao litoral.
Participou do Cruzeiro Musical 1958 na TV RIO e TV PAULISTA -RECORD. Que tinha como apresentador o jornalista Cesar Ladeira que nessa ocasião o chamou pela primeira de “O MOÇO DO PIAUI”, sendo que essa denominação perdurou por toda a sua vida.
O Moço do Piauí era dono de uma mente brilhante e irrequieta, foi produtor do filme Guru das Sete Cidades, no ano de 1972, onde mais uma vez mostrou as belezas, os cenários e pontos turísticos regionais. Era um verdadeiro embaixador do Piauí no restante do Brasil.
Ao retornar para sua amada Parnaíba, instalou o Lions Club Atalaia.
Idealizou e fundou a Academia Parnaibana de Letras, com a ajuda de outros intelectuais a saber: Alcenor Rodrigues Candeira Filho, João Nonon de Moura Fontes Ibiapina, José de Anchieta Mendes de Oliveira, Maria da Penha Fonte e Silva e Raimundo Fonseca Mendes
Sua influência e aceitação popular tornou-se tão grande que foi eleito vice-prefeito da Parnaíba, na chapa encabeçada pelo legendário médico e político Joao Silva Filho. Quando desenvolveu vários trabalhos culturais e assistenciais, sempre ajudando aos mais pobres dos vários bairros da cidade.
Ele faleceu no dia 28 de março de 1984, no rio de Janeiro, porém o seu corpo foi trazido em enterrado no Cemitério da Igualdade, em Parnaíba.
Assim, depois de fazer a leitura dessa breve crônica, você também saberá quem foi o “Moço do Piauí”.
OBS: Hoje dia 28 de março, relembramos José Pinheiro de Carvalho nos 37 anos do seu falecimento.
Caro Professor Gallas, um sentido agradecimento pela sua carinhosa crónica dedicada ao meu pai. Apenas uma correção quanto à data de partida, em 86, fazendo agora 35 anos de enorme saudade. Obrigado e saudades de Lisboa, com um abraço do tamanho do Atlântico. Zezo
ResponderExcluirEssa divisão só existe na cabeça das pessoas que são acéfalos.
ResponderExcluirEu sou Paulista, mas encantada pelo nordeste.
Deixei meu estado pra viver no Piauí há 8 anos....e amo de paixão...tudo que nele dá...tudo que nele reside...tudo que nele habita.
Um lugar q hj chamo de meu.