DIÁRIO
[Entre lembranças e pequenos afazeres]
Elmar Carvalho
16/09/2020
Ontem estive na banca do Louro, com a finalidade exclusiva
de adquirir um exemplar do livro/álbum Mergulho nas lembranças da minha
“parnaibinha” – anos 40/60, da autoria de Raimundo Nonato Caldas – CAVOUR. Já
possuí um volume desse livro, que me foi ofertado pelo poeta Alcenor Candeira
Filho, sobre o qual emiti um longo comentário, que se encontra publicado na
internet.
Contudo, não sei se o emprestei para uma pessoa de Campo
Maior, na esperança de que ela fizesse algo semelhante com relação a essa minha
cidade natal. Mas o fato é que não consegui reencontrar esse livro, que de vez
em quando folheava, para reler alguns trechos e rever as suas inúmeras
fotografias de ruas, prédios, logradouros e pessoas, que passei a conhecer a
partir de junho de 1975, quando fui morar em Parnaíba, juntamente com minha
família.
Quando estive na banca do Louro, aproveitei para olhar os
velhos prédios do entorno da praça, em busca do jovem que fui e de velhos
amigos que partiram para uma outra e melhor dimensão. Afinal, a partir de 1975
e durante alguns anos morei nesse logradouro, quando ele tinha um outro e mais
belo formato. Eu e minha família moramos no apartamento dos Correios e
Telégrafos, numa época em que quase todo mundo se comunicava por carta, ou por
telegrama, nos casos de urgência.
De ontem para hoje passei a folhear novamente esse
livro/álbum, como o qualifico, e ao ver as suas fotografias e legendas passeei
pela Parnaíba de outrora e de agora, posto que muitos dos prédios e logradouros
ainda se encontram de pé, alguns fisicamente, outros apenas em minha memória e
em minha saudade, como nos versos imortais do poeta Bandeira. Várias pessoas
nele estampadas já partiram para a eternidade, mas muitas se encontram bem
vivas em minha memória insistente.
O belo livro do Nonato Cavour me serviu para, com a
substancial ajuda do escritor, jornalista e professor Antônio Gallas, provar
que uma suposta fotografia antiga da praia de Amarração, que fora amplamente
divulgada através das redes sociais, não passava de uma fake news fotográfica.
As fotografias do livro, com banhistas nessa referida praia, da mesma época do
registro fotográfico, serviram para demonstrar, sobretudo pelo cotejo das
vestes, que a fotografia internética era mesmo uma fraude.
Contudo, outros afazeres tomaram meu tempo de ontem para
hoje. Entre eles uns reparos e pequenas melhorias em nossa casa parnaibana,
referentes a ar-condicionado, internet e recepção de sinal televisivo. Além
dessas ocupações da vida prática e cotidiana, atendendo solicitação do poeta e
escritor Claucio Ciarlini, lhe enviei por WhatsApp o poema titulado Vento na
alma e nos cabelos, evocativo da velha Parnaíba do início de minha
juventude, para ser publicado na segunda edição da revista O Piagüí em
Quarentena.
E que tem tudo a ver com o clima saudosista que me foi
proporcionado pelo passeio memorialístico através das páginas impregnadas de
emoção e reminiscências do livro/álbum de Cavour. Parafraseando Guimarães Jr.,
a saudade me jorrou em ondas, e quase não pude resistir à melancolia que tentou
me acabrunhar.
Vencendo essa atmosfera penumbrosa, saí paro o sol e para a
vida que, estuantes, me acenavam.


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