sábado, 27 de junho de 2020

BRASIL - 50 ANOS DO TRICAMPEONATO


No  domingo, 21 de junho,  completaram cinquenta anos  do jogo em que o Brasil sagrou-se tri tricampeão mundial de football association conquistando por definitivo a taça Jules Rimet. Os gols da partida foram marcados por Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto Torres ( o capitão) para o Brasil e por Boninsegna para a Itália.
Nessa época eu morava em São Luís,  e o Maranhão,  possuía apenas um único canal de televisão – a TV Difusora do Maranhão fundada pelos irmãos Magno e Raimundo Bacelar.
Sem contar com transmissões via satélite, ou com qualquer outra tecnologia que pudesse conectar a TV maranhense a outras emissoras de televisão do país e transmitir os jogos no momento das partidas,  os maranhenses contentavam-se em ouvir os jogos pelo rádio,  e ver  tarde da noite, ou  no dias seguinte,  os tapes vindos de São Paulo trazidos por aviões que só chegavam em São Luís por volta das 23 horas, sendo que a televisão encerrava sua programação pontualmente à meia noite, ou seja à zero hora e por essa razão nem sempre era possível ver os tapes das partidas no mesmo dia em que eram realizadas. .
Já a capital do Piauí, a cidade de Parnaíba e outras cidades do interior piauiense, por intermédio do prestígio e da capacidade do engenheiro Alberto Silva, tiveram o privilégio de assistirem ao vivo todas as partidas da Copa de 1970  transmitidas pela TV Ceará.
Alberto Silva, então funcionário da Companhia de Eletrificação do Ceará (COELCE) idealizou a instalação de uma torre na cidade de Ubajara, na Serra da Ibiapaba, cuja função seria captar e retransmitir  o sinal da TV Ceará para uma repetidora instalada na cidade de Pedro II no Piauí, e de  lá,  o sinal da televisão cearense chegaria  à capital Teresina, Parnaíba e para outros municípios do Estado, como de fato aconteceu.  Assim, muitos piauienses tiveram esse privilégio de verem os jogos da copa de 1970 na comodidade e no conforto de seus lares.
Como  conta o jornalista Zózimo Tavares, em seu livro 100 Fatos do Piauí no Século 20 "a transmissão foi possível porque a antiga Companhia de Telecomunicações do Piauí montou o seu sistema de comunicação, por microondas, para quase todo o Estado, de modo que as repetidoras de sinal de televisão pudessem utilizar, com inteira  confiabilidade e sem despesas adicionais, as torres e instalações existentes para a reprodução das imagens da televisão às cidades já atendidas pela Telepisa".
Vale ressaltar que isso só foi possível graças ao prestigio do engenheiro parnaibano e da  aquiescência do então governador João Clímaco d'Almeida, o Joqueira, permitindo, sem qualquer ônus,  a utilização do sistema das  Telecomunicações  do Estado do Piauí - Telepisa.
E era  assim que nos dias de jogos sempre  havia uma “invasão” de maranhenses na capital do Piauí – Teresina.
De carro próprios, de ônibus, de bicicletas, de jegues,  ou de trem,  os maranhenses vinham em grande massa para Teresina a fim de verem pela televisão os  jogos da seleção. O movimento era grande, principalmente nos bares, nas janelas das casas (no chamado televizinho).
Depois dos jogos,  quando o Brasil ganhava, o fuzuê era grande. A alegria ganhava as ruas, as praças e principalmente os bares. 
Não sei se por gozação, pra "tirar onda” com os maranhenses ou até mesmo para  demonstrar o lado do bom humor piauiense   tinha  uma grande faixa  à entrada da Ponte Metálica João Luis Ferreira,  no lado  maranhense em Timon,  que dizia:"MARANHENSES BEM-VINDOS À GUADALAJARA", porque os jogos da seleção, com exceção da final da copa foram realizados no estádio Jalisco,  na cidade  cidade de Guadalajara, porém no último jogo a placa foi mudada para "MARANHENSES BEM-VINDOS AO NOVO MÉXICO" tendo em que a partida seria realizada no estádio ASTECA da cidade do México.
Mas na realidade o que houve mesmo foi um grande congraçamento entre piauienses e maranhenses. Todos irmanados torcendo pelo Brasil.

Exatamente neste  último jogo, domingo 21 de junho de 1970, lá estava eu e o Marcelino   Champagnat (um amigo e colega do curso de inglês) hóspedes do meu irmão Durval Pimentel, em sua casa da rua Jonathas Batista esquina com a 24 de janeiro, vizinha ao “Bar Leão do Mafuá” e da famosa Ponte do Mafuá que dá acesso à rua Gabriel Ferreira na Vila Operária e bairros adjacentes.
Minha madrinha Inês,  esposa de Durval, havia preparado um delicioso vatapá feito com o saboroso camarão de Tutóia e estávamos degustando na companhia de umas "louras suadas" enquanto esperávamos a partida que começaria em poucos minutos.
Pois bem, olhos atento no aparelho de TV, silêncio geral e o árbitro dá inicio ao jogo.  Decorridos 17 minutos Pelé marca o primeiro gol. 



 Ainda nas emoções do primeiro gol marcado por Pelé meu irmão começa a passar mal.  Abandonamos um pouco a Televisão para cuidar dele. Não sei se por causa da emoção, ou por efeito etílico, o Durval passa mal, mas logo logo madrinha Inês resolveu o problema com um chá de erva-cidreira e tudo voltou ao normal.
Após o jogo, até porque nossa cerveja já tinha acabado, Eu e  Marcelino fomos ao centro, na Praça Pedro II.
 Um verdadeiro carnaval! A cervejaria Astra, de propriedade do cearense Jota Macedo tinha acabado de lançar no mercado a famosa astrinha e o proprietário do Bar Carnaúba em homenagem ao tri campeonato brasileiro determinou a venda do produto por CR$ 1,00 (um cruzeiro) moeda vigente na época.
Um tempo bom que vivemos e que sempre é bom recordar. Vamos relembrar os gols to tricampeonato no vídeo abaixo:





3 comentários:

  1. Só esqueceu de um detalhe muito importante, os tutoienses tiveram o prazer de assistir este evento fenomenal, na casa do Sr. Osvaldo Carvalho dos Santos proprietário e pioneiro em ter uma TV. E neste dia inesquecível a cidade e seus vilarejo, povoados, enfim estavam todos reunidos em nossas casa, mamãe cortava um pedaço de fita verde e amarela fazia lacinhos e os pregava com alfinetes nas roupas na altura do perito, assim todos estavam vestidos de verde e amarelo, mais Brasileiros impossível, numa cidadezinha maranhenses escondida entre, dunas, mares e coqueirais.
    Infelizmente tudo isso foi soterrado na memória de quem vibrou,viveu e vivenciou um momento único, e porque não dizer HISTÓRICO.

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  2. Bela crônica, caro professor Gallas.
    Você poderia continuar escrevendo essas crônicas memorialísticas, que seriam coligidas e poderiam formar um importante livro.
    Abraço,
    Elmar

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    1. Obrigado por acessar o blog e pela sugestão meu caro amigo.
      Um abraço,
      Antonio Gallas.

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