No domingo,
21 de junho, completaram cinquenta anos do jogo em que o Brasil sagrou-se
tri tricampeão mundial de football association conquistando
por definitivo a taça Jules Rimet. Os gols da partida
foram marcados por Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto Torres ( o capitão) para o
Brasil e por Boninsegna para a Itália.
Nessa época eu morava em São Luís, e o Maranhão, possuía apenas um único canal de televisão – a
TV Difusora do Maranhão fundada pelos irmãos Magno e Raimundo Bacelar.
Sem contar com transmissões via satélite, ou com
qualquer outra tecnologia que pudesse conectar a TV maranhense a outras
emissoras de televisão do país e transmitir os jogos no momento das partidas, os
maranhenses contentavam-se em ouvir os jogos pelo rádio, e ver tarde da noite, ou no dias seguinte, os tapes vindos de São
Paulo trazidos por aviões que só chegavam em São Luís por volta das 23 horas,
sendo que a televisão encerrava sua programação pontualmente à meia noite, ou
seja à zero hora e por essa razão nem sempre era possível ver os tapes das
partidas no mesmo dia em que eram realizadas. .
Já a capital do Piauí, a cidade de Parnaíba e
outras cidades do interior piauiense, por intermédio do prestígio e da
capacidade do engenheiro Alberto Silva, tiveram o privilégio de assistirem ao vivo
todas as partidas da Copa de 1970 transmitidas pela TV Ceará.
Alberto Silva, então funcionário da Companhia de Eletrificação
do Ceará (COELCE) idealizou a instalação de uma torre na cidade de Ubajara, na
Serra da Ibiapaba, cuja função seria captar e retransmitir o sinal da TV Ceará para uma repetidora
instalada na cidade de Pedro II no Piauí, e de lá, o sinal da
televisão cearense chegaria à capital Teresina, Parnaíba e para outros municípios
do Estado, como de fato aconteceu. Assim, muitos piauienses
tiveram esse privilégio de verem os jogos da copa de 1970 na comodidade e no conforto de seus lares.
Como conta o jornalista Zózimo Tavares, em seu livro 100 Fatos do Piauí no Século 20 "a transmissão foi possível porque a antiga Companhia de Telecomunicações do Piauí montou o seu sistema de comunicação, por microondas, para quase todo o Estado, de modo que as repetidoras de sinal de televisão pudessem utilizar, com inteira confiabilidade e sem despesas adicionais, as torres e instalações existentes para a reprodução das imagens da televisão às cidades já atendidas pela Telepisa".
Vale ressaltar que isso só foi possível graças ao prestigio do engenheiro parnaibano e da aquiescência do então governador João Clímaco d'Almeida, o Joqueira, permitindo, sem qualquer ônus, a utilização do sistema das Telecomunicações do Estado do Piauí - Telepisa.
E era assim que nos dias de jogos sempre havia uma “invasão” de maranhenses na capital do
Piauí – Teresina.
De carro próprios, de ônibus, de bicicletas, de jegues, ou de trem, os
maranhenses vinham em grande massa para Teresina a fim de verem pela televisão os jogos da seleção. O movimento era
grande, principalmente nos bares, nas janelas das casas (no chamado televizinho).
Depois dos jogos, quando o Brasil ganhava, o fuzuê era grande. A alegria ganhava as ruas, as praças e principalmente os bares.
Não sei se por gozação, pra "tirar onda” com os
maranhenses ou até mesmo para demonstrar o lado do bom humor piauiense tinha uma grande faixa à entrada da Ponte Metálica João Luis Ferreira, no lado maranhense em Timon, que dizia:"MARANHENSES BEM-VINDOS À GUADALAJARA", porque os jogos da seleção, com exceção da final da copa foram realizados no estádio Jalisco, na cidade cidade de Guadalajara, porém no último jogo a placa foi mudada para "MARANHENSES BEM-VINDOS AO NOVO MÉXICO" tendo em que a partida seria realizada no estádio ASTECA da cidade do México.
Mas na realidade o que houve mesmo foi um grande congraçamento entre piauienses e maranhenses. Todos irmanados torcendo pelo Brasil.
Exatamente neste último jogo, domingo 21 de
junho de 1970, lá estava eu e o Marcelino
Champagnat (um amigo e colega do curso de inglês) hóspedes do meu irmão
Durval Pimentel, em sua casa da rua Jonathas Batista esquina com a 24 de janeiro,
vizinha ao “Bar Leão do Mafuá” e da famosa Ponte do Mafuá que dá acesso à rua
Gabriel Ferreira na Vila Operária e bairros adjacentes.
Minha madrinha Inês, esposa de Durval, havia preparado um delicioso
vatapá feito com o saboroso camarão de Tutóia e estávamos degustando na companhia de umas "louras suadas" enquanto esperávamos a partida que começaria em poucos minutos.
Pois bem, olhos atento no aparelho de TV, silêncio geral e o árbitro dá inicio ao jogo. Decorridos 17 minutos Pelé marca o primeiro gol.
Só esqueceu de um detalhe muito importante, os tutoienses tiveram o prazer de assistir este evento fenomenal, na casa do Sr. Osvaldo Carvalho dos Santos proprietário e pioneiro em ter uma TV. E neste dia inesquecível a cidade e seus vilarejo, povoados, enfim estavam todos reunidos em nossas casa, mamãe cortava um pedaço de fita verde e amarela fazia lacinhos e os pregava com alfinetes nas roupas na altura do perito, assim todos estavam vestidos de verde e amarelo, mais Brasileiros impossível, numa cidadezinha maranhenses escondida entre, dunas, mares e coqueirais.
ResponderExcluirInfelizmente tudo isso foi soterrado na memória de quem vibrou,viveu e vivenciou um momento único, e porque não dizer HISTÓRICO.
Bela crônica, caro professor Gallas.
ResponderExcluirVocê poderia continuar escrevendo essas crônicas memorialísticas, que seriam coligidas e poderiam formar um importante livro.
Abraço,
Elmar
Obrigado por acessar o blog e pela sugestão meu caro amigo.
ExcluirUm abraço,
Antonio Gallas.