Odilardo Carneiro(*) |
Hoje, bem cedo, ganhei o dia. Pela manhã me encontrei com o Sr. Paulo, conhecido no Prédio, por alguns condôminos, por Paulo do Gás. A alcunha deve-se ao fato de o mesmo ser também proprietário de uma revendedora de Gás Butano. Homem de negócios. A maior parte de seus investimentos concentra-se no ramo imobiliário. É proprietário de mais de umas dezenas de prédios de quatro andares, sob pilotis, modelo preferido e que ele mesmo acompanha a construção. Gosta de dizer que é seu hobby, apenas para não ficar em casa, visto o que já amealhou economicamente no decorrer de seus 68 anos de vida, trabalhando desde os dezesseis anos de idade.
De boa prosa, estar sempre a contar “causos” da vida, sobretudo quando está no Bar do Raimundo, ao pé do Morro Santa Terezinha, no Mucuripe. Gosta de uma pinga seguida de uma cerveja para lavar o peritônio. De bom gosto. Torce pelo o Fortaleza, o tricolor do Pici. A presente narrativa me veio através do FÁBIO, técnico em eletrodomésticos que presta serviços para o nosso condomínio.
Um certo dia, o Sr. Paulo toma o elevador, vindo de mais um dia de trabalho, desta feita, num dia de sábado, todo sujo e empoeirado de sua labuta na construção de mais um o prédio, quando uma distinta senhora o aborda e fala:- hoje eu me esqueci de recolher o lixo e tem uns restos de lagosta que eu queria me desfazer e, se ficar para o fim de semana elas vão estragar e apodrecer o meu apartamento, o Sr. não poderia ir comigo agora e fazer a coleta? O Sr. Paulo aquiesceu de pronto e se dirigiram ao apartamento da grã-fina.
- Aqui está! Ainda estão boas. Receba também R$ 5,00 reais pela ajuda. O Sr. Paulo retorna ao elevador com destino a sua suntuosa mansão, no vigésimo segundo andar, de frente para o mar, localizado na cobertura do edifício. Liga para a portaria a procura do zelador Jailson. Oferece-lhe as lagostas e ainda dá uma gratificação de R$ 2,00.
O mais interessante de tudo é que a distinta senhora já o encontrou várias vezes no elevador e não o reconhece, talvez agora pelo traje, pela elegância com que se veste e como trata as pessoas, com sentimentos eivados de simpatia, reverência e humildade. Nessas oportunidades em que se encontram no elevador, a distinta senhora limita-se a baixar a cabeça.
Eu perguntei ao Sr. Paulo o que diria se a mulher lhe pedisse desculpas e se retratar-se pela falha, ele simplesmente responde: eu pediria para ela ficar tranquila e que naquele sábado, ela havia me dado um lucro de R$ 3,00. Constrangê-la jamais!
(*)Antonio Odilardo Mendes Carneiro é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Reside em Fortaleza - CE
Grande amigo Gallas Pimentel! Fico grato pela postagem do meu conto em seu prestigiado blog. Um grande abraço!
ResponderExcluirMande outros que eu publico com imenso prazer
ResponderExcluir