Blog do Professor Gallas

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

HOMENAGEM PÓSTUMA


RITA PORTELA – Um Coração Magnânimo!
Texto de Antonio Gallas
               Há exatamente uma semana ela partia para o além deixando em todos nós uma dor, uma tristeza, uma grande saudade...
               As pessoas costumam  dizer que “quem quiser ser bom que morra”! Mas na verdade, não é bem assim. Há pessoas que nascem, crescem, vivem e morrem com a bondade no coração.  Essas pessoas jamais saem de nossas mentes, de nosso convívio, mesmo depois de se mudarem para o paraíso.
               É o caso de minha amiga Rita de Cássia Nóbrega Portela, a Rita Portela, ou, a Ritinha como comumente a chamávamos.
               Nasceu, cresceu, viveu e morreu com a bondade em seu coração.
               Minha amizade com a Rita começou tão logo cheguei a Parnaíba e perdurará para sempre, eternamente...
               Lembro-me muito bem como se fosse hoje, quando esta amizade começou. Foi numa tarde de Março do ano de 1972 no Ginásio Clóvis Salgado. 
               Por recomendação da professora Elza Maria Marques Costa, diretora da Escola Comercial de Parnaíba à época, onde consegui meu primeiro emprego como professor de inglês em Parnaíba, fui ao Ginásio Clóvis Salgado falar com a professora Maria da Penha Fonte e Silva, então diretora do educandário, para tentar conseguir uma vaga naquele conceituado estabelecimento de ensino da cidade. A resposta da ilustre mestra parnaibana foi negativa, afirmando que o ginásio já contava com dois professores de inglês, catedráticos.
               Não fiquei desiludido com a resposta NÃO, uma vez que estava recém-chegado na cidade e ainda não era conhecido profissionalmente. Entretanto antes de deixar o prédio do colégio, uma pessoinha simpática com um largo sorriso estampado no rosto, sentada a uma mesa na secretaria da escola chamou-me e disse o seguinte: - “professor, eu também sou professora de inglês aqui. Tenho quatro turmas de primeira série (hoje corresponde ao sexto ano  do ensino fundamental). Vou lhe dar as minhas turmas”.
               Fiquei surpreso, meio encabulado, mas ao mesmo tempo feliz!  E passei então a me perguntar: como, neste mundo cheio de pessoas egoístas, alguém poderia abdicar de algo que lhe renderia um salário mensal em favor de uma pessoa desconhecida?
               Daí então pude avaliar quão magnânimo, quão bondoso era o coração da Rita Portela. Presentes a esta sua atitude estavam a Salete Menezes e a Toinha que trabalhavam na secretaria e mais duas outras pessoas que não recordo agora quem eram.
               Trabalhei no Clóvis Salgado até dezembro de 1982 quando então me desliguei para em janeiro de 1983 assumir um cargo na carreira administrativa do Banco do Brasil na cidade maranhense de Barreirinhas localizada nos “Lençóis Maranhenses”.
               A Rita foi uma dessas pessoas que sabia cativar os amigos. Soube viver a vida, intensamente. Sempre com alegria! Bebeu, sorriu, dançou, amou, nos abraçou, nos beijou e sempre trazendo uma mensagem de paz, de carinho, de conforto, de positividade...  Não teve filhos, mas criou a Ana Paula e os dois filhos desta, dando-lhes aconchego, conforto, educação e carinho como se fossem seus próprios filhos. Mais uma prova de seu coração bondoso.
               Na tarde do dia 17 de fevereiro de 2018 recebemos a triste notícia de que nossa amiga havia partido para o encontro com Deus. Foi para a morada que o PAI havia preparado para ela. Ficamos tristes, choramos, mas temos certeza de que por tudo que ela fez de bem aqui nesta terra ela está feliz, na casa de Deus.
                Rita foi sepultada na manhã de domingo, dia 18, no Cemitério da Igualdade com um grande acompanhamento.
               Embora tristes pelo seu falecimento, a Rita, durante o seu velório, ainda nos proporcionou o prazer de reencontrarmos colegas que há muito não nos víamos, como a professora Luzia Margarida e outros, assim como ex-alunos como o grupo da turma concludentes do ginásio do ano de 1977 que recentemente, juntamente com ela comemoraram festivamente os 40 anos dessa formatura.
Mais uma prova da sua grandeza! DESCANSE EM PAZ AMIGA!
Rita Portela com alunos que concluíram o ginásio no ano de 1977
Alguns momentos na comemoração realizada em novembro do ano passado:
Ao fundo em pé Helder Fontenele, Sérgio Cajubá, Crisóstomo, professora Vicença (atual diretora do Ginásio Clóvis Salgado), Rosangela, Tânia e Edilson.
Sentados: Rita Portela e Cid Miranda (hoje professor de inglês em Fortaleza - Ce)


Outro momento das comemorações dos  40 anos  da turma de  concludentes do Ginásio Clóvis Salgado em  1977.






 
 
 
 
Postado por blog do professor gallas às 07:10 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

ESPETÁCULO DA PAIXÃO

Postado por blog do professor gallas às 03:41 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

ARTIGO DA SEMANA

 

Dona Antonia do Acácio e Minha Formação.

Texto de Pádua Marques (*)                      

farinha
 
                         Logo no inicio dessa semana que finda,  a morte andou dando um passeio muito próximo de nossa família. Quando a gente chega numa certa idade já pouco causa surpresa a visita entre nós dessa indesejada e traiçoeira, principalmente se aquela pessoa de nossa estima ou proximidade de parentesco se encontre em leito e doente. Foi o caso de dona Antonia.
farinhada1
                         Minha mãe a chamava Antonia do Acácio porque foi casada por pouco tempo com seu primeiro irmão e com quem teve três filhos, hoje todos beirando os setenta anos. Meu irmão mais velho, o Cariri e minha irmã Maria do Socorro eram seus compadres, padrinhos de dois filhos dela com seu Zé Martins, seu segundo marido e que lhe deu sete filhos.
farinhada3
                         Largada de meu tio, que foi embora pro Rio de Janeiro e nunca mais deu notícias, naqueles anos após a Segunda Guerra, com três filhos pequenos pra criar, se juntou com um homem que tinha outra família, -  seu Zé Martins e com ele depois de alguns anos entrou de Maranhão adentro, no São Paulo, região de Araioses, fronteira com a Barra do Longá, Buriti dos Lopes, indo morar numas chamadas sobras de terra pertencentes a um homem metido a rico da Parnaíba, o Tomás Neto.
farinhada2
                         Dona Antonia, mesmo tendo motivos por ter sido abandonada por meu tio e com três filhos pequenos,  nunca deixou, ficou diferente ou intrigada com minha mãe. Muito pelo contrário. Já vivendo no São Paulo e com os filhos em idade de mandar pra escola vinha pedir ajuda à cunhadinha, pra que uma de suas filhas, Rosalina, estudasse e morasse em nossa casa por algum tempo enquanto ela se arrumava pra vir viver e botar  os outros na escola em Parnaíba. E sempre foi recebida em nossa casa com grande alegria.
                              Nas nossas férias da escola primária, eu, Zezinho e Jesus íamos pro São Paulo passar alguns dias naquele interior distante e tão pobre de um tudo, onde não havia qualquer sinal de conforto. Mas foi numa dessas férias que aconteceu um dos fatos mais engraçados comigo e que até hoje conto em casa.
                    Numa Semana Santa do distante 1969 fui sozinho passar uns três dias na casa de dona Antonia e de seu Zé no São Paulo. Conheceria pela primeira vez uma farinhada. Chegamos numa sexta-feira ao cair da tarde e já no dia seguinte, sábado, seria a vez de conhecer toda aquela arrumação na casa de seu Paulo Zebra.
farinha1
                         A casa de taipa e coberta de palha de carnaúba, pouco ou quase nenhum conforto da cidade, com todas aquelas crianças, humildes, cerimoniosas com aquele menino de cidade grande, foi pra mim motivo de muita admiração. Interessante é que não tinha portas! Apenas armações feitas de talos grossos de uma palmeira, que à noite eram colocadas na cozinha e na porta da frente. Dona Antonia e seu Zé tinham três jumentos, os jipes pra qualquer tempo, hora e lugar.
                         Numa dessas noites, com saudade de casa, demorei a pegar no sono. E como quase todo menino de meu tempo, tinha medo de alma e chupava o dedo polegar. Lá pelas tantas senti que alguma coisa muito grande estava muito perto de minha rede. Caí na besteira de, mesmo no escuro, apurar a vista. E não é que era um jumento?! Alguém de casa, um dos meninos talvez, não teve o cuidado suficiente e deixou de colocar a dita improvisação de porta no seu devido lugar. O animal procurando um abrigo entrou e veio se acomodar justo perto de mim!
fadulzinho2
                         Mas dona Antonia gostava de ler. Quando vinha resolver alguma coisa em Parnaíba pedia pra minhas irmãs revistas de fotonovelas. Era pra quando desse uma folga no trabalho de casa correr os olhos naquelas maravilhas da literatura depois de ouvir novelas num rádio Semp.  Menino curioso nascido na cidade, já na escola e tirando boas notas, encontrei justo numa tarde do domingo, véspera de minha volta pra casa entre objetos esquecidos, um livro que me foi determinante até hoje, Minha Formação, de Joaquim Nabuco.
(*) Pádua Marques é escritor e jornalista. Membro da Academia Parnaibana de Letras, do IHGGP e de outras instituições literárias.


Postado por blog do professor gallas às 03:32 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

LUIZA AMÉLIA

“Georgina”, de Luiza Amélia, ganha reedição.

 
 
georgina1
A literatura piauiense tem motivos de sobra para comemorar, afinal, depois de 125 anos, Georgina ou os efeitos do amor, obra máxima da poetisa piauiense Luiza Amélia de Queiroz, foi reeditada e virá a público nas próximas semanas, em Teresina. Os créditos recaem para a equipe do Núcleo de Estudos de Literatura Piauiense (NELIPI), vinculado à Universidade Estadual do Piauí e coordenado pela professora doutora Algemira de Macêdo Mendes.
A reedição, que conta com a organização e a apresentação do parnaibano Daniel Castello Branco Ciarlini e Algemira de Macêdo Mendes, e texto de orelha de Rosana Cássia Kamita, importante nome nos estudos de literatura e gênero do Brasil (UFSC), é um dos mais ousados empreendimentos de resgate das letras piauienses nos últimos tempos.
georgina2
Dividida em cinco cantos que somam mais de 3 mil versos polimétricos, Georgina é, na realidade, uma narrativa em versos, protagonizada por um casal, Acrísio e aquela que dá título à obra. O livro traz ainda um bônus aos leitores: inúmeros outros poemas inéditos da poetisa, publicados no século XIX, quando ela então colaborava para o Almanaque de Lembranças Luso Brasileiro.
casa8
“Georgina, de Luiza Amélia, é de suma importância às letras do Piauí e interessa muitíssimo à historiografia literária de Parnaíba, afinal, foi nessa cidade que a poetisa viveu a maior parte de sua vida e escreveu parte considerável dessa narrativa em versos”, afirmou Daniel Ciarlini, um dos organizadores da reedição.
O projeto gráfico do livro tem a assinatura de Marleide Lins de Albuquerque e ilustração de Jheine A. Cunha.
Luíza Amélia de Queiroz Brandão é patrona da cadeira  24 da Academia Parnaibana de Letras, tendo como atual ocupante o jornalista e escritor Antonio de Pádua Marques Silva. Viveu em Parnaíba tendo morado no imponente sobrado da atual avenida Presidente Vargas. Fonte: Daniel CB Ciarlini. Fotos: web/APM Notícias. Edição: APM Notícias.
Postado por blog do professor gallas às 04:21 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

RITA DE CÁSSIA NÓBREGA PORTELA

MISSA DE SÉTIMO DIA

                  
  Os familiares da professora Rita de Cássia Nóbrega Portela, falecida em 17.02.2018, comunicam aos parentes, amigos, colegas professores, alunos e ex-alunos,  que mandarão celebrar uma Missa de Sétimo Dia em sufrágio de sua bondosa alma. Referida Missa acontecerá na Igreja de São José, no dia 23.02.2018(sexta-feira), às 17:30 horas.
                      De já agradecem a todos que comparecerem a este ato de fé e solidariedade humana.
Postado por blog do professor gallas às 02:15 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

DEPOIMENTO SOBRE JOSÉ ELMAR DE MELO CARVALHO

Alcenor Candeira Filho *
 
elmar-apl-site
 
     Já me manifestei por escrito sobre a obra literária de Elmar Carvalho em quatro momentos, todos revestidos de caráter solene e público: 1994, com o discurso de recepção na posse do poeta na Academia Parnaibana de Letras; l996, com a apresentação de ROSA DOS VENTOS GERAIS na noite do lançamento em Parnaíba; 2010, com a apresentação de POEMITOS DA PARNAÍBA no lançamento ocorrido no auditório da APAL; 2015, no lançamento do livro CONFISSÕES DE UM JUIZ.
     Formado em administração de empresas e em direito. Magistrado, jornalista, poeta, cronista, crítico literário e romancista, Elmar é autor de vários livros em prosa e em verso, destacando-se ROSAS DOS VENTOS GERAIS, LIRA DOS CINQUENTANOS, CONFISSÕES DE UM JUIZ e HISTÓRIAS DE ÉVORA.
capa-lira-50
     Durante o tempo em que morou em Parnaíba (1975/1982), Elmar participou de vários movimentos culturais, principalmente como presidente do Diretório Acadêmico 3 de Março (CMRV/UFPI) e membro do Movimento Social e Cultural Inovação.
     Na qualidade de literato, Elmar é mais conhecido como poeta e romancista, mas não podemos deixar de lembrar a sua vocação para a crítica literária.
     Mesmo não sendo ainda autor de livro no gênero, Elmar já publicou em revistas e jornais vários textos de crítica literária, voltados especialmente para a análise de obras piauienses.
     O trabalho que Elmar Carvalho vem realizando se afasta da velha crítica historicista, que realça os elementos extrínsecos (biográfico, histórico e sociológico) da obra literária. Ciente de que literatura é acima de tudo “monumento estético”, o escritor tem optado pela chamada “nova crítica”, que valoriza os elementos intrínsecos da obra. Se literatura é a arte da palavra, o texto e a sua interpretação estético-literária é que importa.
     No início de 2010 Elmar Carvalho criou por sugestão de sua filha Elmara o “poetaelmar.blogspot.com.br”.
     Ao longo desses oito anos de existência, o blogue vem divulgando textos em prosa e em verso de sua autoria e artigos e poemas de intelectuais do Piauí e de outros estados brasileiros.
     Elmar Carvalho tornou-se um dos poetas mais importantes da Geração do Mimeógrafo ou dos Anos 70, geração que escreveu uma poesia agressiva – chamada marginal ou alternativa -, caracterizada por uma linguagem livre e contestatória e fortemente impregnada de denúncia.
     Essa poesia social, reveladora de um grande poeta público, se reveste de acentuado sopro épico, como exemplificam os poemas que integram “A Zona Planetária”, título inspirado num prostíbulo de Campo Maior.
     Além da poesia utilitarista, o poeta tem criado também a poesia lírica como se vê no poema “Marítima”.
capa-325c225aaed-rosa2bdos2bventos2bgerais
                    A mais importante obra poética de Elmar Carvalho – ROSA DOS VENTOS GERAIS -, com três edições, apresenta apreciável diversidade temática, variedade percebida também em termos de gêneros literários, com versos para todas as preferências e gostos: líricos, sociais, épicos, satíricos.
     A partir dessa diversidade, o poeta dividiu a coletânea em quatro partes, que passo a comentar.
      Os poemas da 1ª PARTE são líricos. Falam de amores devastadores, como no “Poema da Mulher Amada”, e de amores idos e vividos, como na “Elegia do Amor Final”.  Aliás, as coisas idas, vividas e revividas predominam na parte inicial do livro.
     O passado não é uma pedra, não é uma campa, por isso nele o poeta mergulha como que em busca do tempo perdido “com seus gemidos/ de fantasmas que/ arrastam correntes/por entre ais doloridos”.
     Conforme está dito em “Eterno Retorno” o passado são “emoções revividas/ e ampliadas/ das sensações/de nervos expostos/ nas carnes pulsantes”. Na esteira da teoria circular, o poeta lembra que “o passado poderoso e renitente/ retorna e continua vívido e presente/ se contorcendo se retorcendo/ e se reacontecendo.
     Já o poema que abre a coletânea – “Autobiografia Zodiacal” – anuncia uma das características marcantes do poeta Elmar Carvalho: sua vinculação com o concretismo, vanguarda que propõe o aproveitamento de recursos espaciais e geométricos como elementos orgânicos do poema.
     A miséria humana, observada numa das regiões mais carentes do país, latejam nos versos que compõem a 2ª PARTE do livro, denominada “Cancioneiro do Fogo”.
     Certamente não são versos incendiários, porque não incitam a rebelião. São versos utilitários, que servem para tornar o ouvido um órgão capaz de ouvir, por exemplo, o ronco sinistro de vísceras famintas:
                                                    “a rosa
                                                    que come
                                                    e consome
                                                    o ‘home’
                                                    mora
                                        em sua víscera sonora
                                                 e o devora
                                        como uma flora
                                                 cancerosa
                                                          rosa carnívora
                                        que aflora e o deflora
                                        de dentro para fora”.
         O poeta, sempre interessado em sua época, assume a posição de receptáculo do sofrimento humano, de caixa acústica por meio da qual as pessoas possam tomar conhecimento dos males que as afligem, como neste minúsculo poema “O Favelado”
                                      O favelado, qual filósofo meditava:
                                      sua miséria era tamanha
                                      que tudo enchia e ainda sobrava”.
     A terceira parte do livro – “Cancioneiro da Terra e da Água” – celebra o Piauí. São versos líricos através dos quais o poeta empreende um passeio sentimental por ruas, praças, praias, campos, casas, catedrais e cidades piauienses. Nesse bloco de composições telúricas, destacam-se, como os mais inspirados e de melhor solução formal, os poemas “Noturno de Oeiras” – resultado de uma viagem física e psicológica que o poeta realizou pelo reino mágico da antiga capital de inúmeras tradições históricas, religiosas e artísticas -, e “Marítima”, escrito no ritmo oceânico do mar, em cujas ondas o poeta assimilou os gestos e o jeito de falar e de ser.
     A vida, respirada, repisada, repensada e/ou reinventada nos ares do Piauí no final do século XX, mas sempre a mesma em qualquer lugar e época, – eis a matéria-prima da poesia reunida na derradeira parte do livro – “Cancioneiro dos Ventos Gerais”.
     A vida em Parnaíba, que o poeta já exaltara em vários poemas inseridos no “Cancioneiro da Terra e da Água´, está presente na série denominada “PoeMitos da Parnaíba”, que retratam tipos curiosos, malucos, miseráveis, humanos.
     Dois poemas se destacam na parte final do livro, ambos de natureza épica na classificação do próprio autor: “Dalilíada”, baseado na vida e na obra do pintor espanhol Salvador Dali, e a “Zona Planetária”, inspirado no cabaré de Campo Maior.
     Num total de 382 versos, distribuídos em 10 segmentos, o poeta focaliza a prostituição através de um processo criativo em que mistura a mitologia clássica, a astronomia e a sociologia dos lupanares.
     O início do poema fornece uma visão geral da promiscuidade do ambiente, onde as emoções são alinhadas pedra a pedra ao som de vitrolas que embala os “que bebem vinho/ e sangue em frágeis taças de cristal”.
      Há versos admiráveis nesse moderno poeta épico, seja pela magia musical, seja pela beleza das imagens. Se a linguagem às vezes ganha sabor classicizante para ajustar-se ao referencial mitológico, assume quase sempre expressividade moderna e contundente, como nos versos de “Marte”, cujo ritmo de rudo açoite parece querer varrer as impurezas da vida instintiva e sublinhar a sublime alvura dos lençóis lavados em lágrimas vertidas nas ressacas das “tempestades do sexo”.
     Com POEMITOS DA PARNAÍBA, obra ilustrada com caricaturas de Gervásio Pires e Castro Neto, Elmar Carvalho revela mais uma faceta de seu talento poético: a produção jocosa, alegre, graciosa, satírica, retratando anatômica e psicologicamente pessoas que foram ou são bastante conhecidas em Parnaíba, a maioria gente humilde.
capa-livro-confissc3b5es2b0012b-2bcopia
     Finalmente, CONFISSÕES DE UM JUIZ é um livro de quase duzentas páginas que reúne parte dos textos postados no blog: crônicas, comentários, reminiscências, confissões, reflexões sobre pessoas, bichos e lugares.
     A obra enfatiza na parte inicial as lembranças do burocrata, sobretudo do julgador, do que tem a responsabilidade superior e constitucional de “atribuir a cada um o que é seu”. Responsabilidade imensa a do juiz, que raramente é reconhecido pelo que faz no desempenho da profissão.
     Destaca-se nas primeiras páginas do livro a revelação, em tom de quase desabafo, feito por quem laborou durante quatro décadas na vida pública e dela teve se afastar em razão de aposentadoria fundamentada em tempo de serviço mas motivada verdadeiramente por razões que a própria razão desconhece.
     O juiz Elmar teria ainda outro argumento para justificar a aposentadoria, se essa fosse o seu objetivo: doença grave.
     Mas no fundo o que ele pretendia apesar dos pesares era continuar servindo ao país como magistrado culto, íntegro, justo, bom. Estava plenamente motivado para o trabalho forense por mais algum tempo.
     O comovente depoimento de Elmar sobre os fatos e circunstâncias que precipitaram o pedido de aposentadoria aos 58 anos de idade repercutiu no meio forense e intelectual, com opiniões postadas na internet e comentários inseridos no livro.
     Na 2ª e 3ª PARTES do livro, o autor selecionou textos escritos há algum tempo, vários deles complementando e elucidando fatos focalizados na parte inicial.
     Recentemente Elmar Carvalho publicou o romance HISTÓRIAS DE ÉVORA, que ainda não li.
     Elmar Carvalho é casado com Maria de Fátima de Sousa Carvalho, com quem tem dois filhos. Pertence a várias agremiações culturais e literárias. Ocupa a cadeira nº 10 da Academia Piauiense de Letras e a de nº 07 da Academia Parnaibana de Letras.
* Escritor e poeta. Membro da APL
capa-h-25c32589vora
Postado por blog do professor gallas às 11:32 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

ADEUS À MINHA QUERIDA AMIGA RITA PORTELA

Bernardo Silva

Professora Rita de Cássia Nobrega Portela
                                     
Há 3 meses atrás eu perdia um irmão, muito querido. Desses parceiros, com quem se divide confidências, aventuras, sorrisos, lágrimas...e ele se foi. E eu fiquei aqui, só, com o vazio da sua ausência. Hoje vi o sepultamento de uma grande amiga. Dessas que a gente carrega do lado esquerdo do peito...
Foram muitos sorrisos, juntos. Muitos brindes à nossa vida, aos nossos amigos e aos nossos sonhos. Foi assim, a amizade que mantivemos por muitos anos, com a professora Rita Portela, falecida ontem em Teresina e sepultada hoje em Parnaíba. ´
Éramos uma turma bacana, que se encontrava nos fins de semana. Olho agora para trás e vejo que muitos desses amigos/irmãos já se foram. Os meus grandes amigos estão desaparecendo, rapidamente. E esta olhada no retrovisor me leva a uma profunda reflexão sobre o sentido da vida. O que somos, o que estamos fazendo aqui, e para onde vamos depois que o corpo perde a vida.
Sei que o espírito é eterno e que um dia todos vamos nos encontrar, outra vez. Mas o tempo que isto vai levar, ninguém sabe. Enquanto isso, o nosso peito arde de saudades... a gente deveria ter conversado mais, Rita; sorrido mais e se abraçado mais. Não houve tempo para o adeus. E é sempre duro demais olhar para o corpo sem vida de um irmão, de um amigo/amiga, inerte, estendido dentro de um caixão,
A minha querida amiga, Rita Portela, escreveu uma história de vida ali, no Ginásio Clóvis Salgado, cuidando do Círculo Operário São José, deixado pelo seu querido pai, Francisco Portela de Sampaio, que ainda conheci, nas comemorações do Círculo Proletário São José, que mantinha a Escola Comercial de Parnaíba, onde lecionei por 19 longos anos. Foram 50 anos de vida da nossa amiga, dedicados ao Ginásio Clóvis Salgado e à Escola Monsenhor Roberto Lopes.
O meu grupo de grande amigos está ficando reduzido demais. E eu sei que a minha hora também vai chegar. Mas, é ruim demais ficar esperando a nossa hora tendo que passar por momentos tão tristes de olhar um irmão, um amigo, partir, não se sabe para onde.
Deixo aqui meus sentimentos à família e as minhas oração ao Deus Todo Poderoso, para que receba em seus braços mais esta filha que retornou à pátria espiritual.
Fonte: Blog do B. Silva em 18.02.2018.
Postado por blog do professor gallas às 04:14 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial
Assinar: Postagens (Atom)

Sobre mim

blog do professor gallas
Ver meu perfil completo

Quem sou eu

ANTONIO GALLAS

Funcionário aposentado do Banco do Brasil S.A. Especialista em Língua Inglesa pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Fez curso de didática e aprimoramento da Língua Inglesa nos Estados Unidos na Saint John University em Nova Yorque. Poeta, escritor, jornalista e professor de Língua Inglesa. Membro das seguintes instituições literárias e históricas: Academia de Ciências Artes e Letras de Tutóia – MA .(ACALT-MA), e da Academia Parnaibana de Letras - APAL, do Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Parnaíba – (IHGG) e sócio correspondente do Instituto Histórico de Artes e Letras de Buriti dos Lopes – PI.


Arquivo do blog

Pesquisar este blog

  • ARTIGO DA SEMANA (30)
  • CENAS DO COTIDIANO (5)
  • ELEIÇÕES 2016 (1)
  • ESTÓRIAS DE XIKOUSE (12)
  • ESTÓRIAS DO XIKOUSE (11)
  • HISTÓRIAS DE ÉVORA (41)
  • HOMENAGEM DO BLOG (2)
  • PRODAMOR E OUTROS CAUSOS (8)
  • SHORT STORIES (6)
Tema Janela de imagem. Tecnologia do Blogger.