Texto de Antonio Gallas
Recebo
um zap (*) do colega e confrade
Antonio de Pádua Marques Silva, o Padinha do “Gato Ladrão de Sebo”, perguntando-me
se eu achava que ele deveria voltar a escrever crônicas. Pela expressão dele na foto que me enviou, achei-o
macambuzio, sorumbático, com cara de quem comeu e não gostou.
O
Padinha , como assim o chamamos , é jornalista e escritor, membro da Academia
Parnaibana de Letras onde ocupa a cadeira de nº 24 que tem a poetisa Luiza
Amélia de Queiroz Brandão como patrona. Luiza Amélia é natural de Piracuruca.
Padinha,
pelos seus méritos de jornalista e escritor, é o segundo ocupante da cadeira,
pois esta mesma teve como primeira ocupante a também poetisa e professora Edimeè
Rego Pires de Castro.
Pois bem.
Como amigo e confrade do Padinha, devo encorajá-lo a continuar escrevendo suas
crônicas, porque ele escreve bem, e não é nenhum um assassino. Claro que estou me referindo ao assassinato da “última flor do Lácio” tão comum nesses
tempos de internet, de zap zaps, facebooks
etc... E são poucas, as pessoas que hoje em dia escrevem bem. Até porque escrever não é uma tarefa fácil.
Muita
gente acha que escrever consiste apenas em nos debruçarmos no teclado e botar a
cabeça e os dedos para trabalharem. Não. Não é assim! Escrever é difícil, principalmente quando se
pretende fazer um texto claro, bem elaborado, que possa ser lido e entendido
por flamenguistas, botafoguenses, corintianos, gregos, troianos, acadêmicos ou
simplesmente por qualquer cidadão comum ou até mesmo pelo Junior, flanelinha
que fica na Praça da Graça do lado em frente à igreja do Rosário, o qual é um aficionado
à leitura de jornais e revistas.
Escrever não é fácil, quando procuramos seguir
com exatidão as normas que regem a gramática da nossa língua, a fim de
evitarmos construções como essa que li num blog do sul do estado que dizia: “ladrão rouba carro e bate em muro porque
não sabia dirigir em Floriano”. Pergunto: será que esse ladrão sabia
dirigir em outro lugar, que não Floriano?
Por
conta disso, às vezes ficamos alguns dias, semanas até, sem qualquer nova
postagem no blog porque não queremos ser Ctrl
C Ctrl V (copiar e colar) como acontece na maioria dos blogs. Ninguém escreve nada e quando o fazem não
observam as regras da gramática, muito menos a clareza em um texto. Em outras
palavras, assassinam a “ultima flor do Lácio inculta e bela”...
Blogs e
portais surgem a cada momento na Internet. O espaço é livre e cada um pode
criar um blog ou portal e escrever o que bem quiser. Eu, entretanto, quando me
deparo com uma matéria carregada de assassinatos à nossa língua pátria,
principalmente escrita por uma pessoa que se diz jornalista, ou até mesmo
quando começo a ler um livro que encontro erros, ali mesmo paro a leitura, não
prossigo...
Dia
desses, ao ler um blog que recentemente havia sido criado aqui em Parnaíba e que
o seu titular questionava num grupo de whatsapp
o porque em uma pesquisa de opinião que apontou os melhores blogs da cidade, ou do estado, ele não tinha sido
escolhido em primeiro lugar, tal foi minha surpresa que ao ler o título de uma
postagem do referido blog encontrei de cara nada menos do que quatro erros de
Português. Não prossegui a leitura.
Verifiquei
que o mesmo blog postou uma matéria que trazia o seguinte título “Vândalos ateia fogo em casa no bairro...”
Verifiquei também que outros blogs, repetiram o mesmo erro, exceto o Jornal da
Parnaíba de responsabilidade do bancário aposentado José Wilson que colocou o
título correto: “vândalos ateiam fogo em
casa...”
O leitor deve estar se
perguntando se este escriba (no dizer do poeta Diego Mendes Souza) não comete
erros quando escreve. Mas é claro que sim! Às vezes pequenos erros escapam aos nossos olhos durante a revisão, entretanto
assassinatos à língua tenho certeza que não.
Posso ficar sem escrever semanas, mas jamais colocarei títulos como os
que transcrevo a seguir: “DESCASO! Populares reclamam do mato que toma de conta
dos Cemitério de Parnaíba”, ou “Calote: Pessoal que trabalhou na campanha Antirrábica
ainda não receberam seus pagamentos”.
Para os
linguistas o importante na comunicação é ser compreendido, conquanto que para
os gramáticos seguir os ditames da gramática, da norma culta da língua é que é
legal.
Em se tratando de comunicação oral e informal
até concordo com os linguistas, todavia, quando nos referimos a um assunto
dentro de um texto, este tem que ser
claro, objetivo e não dúbio como o que me referi no parágrafo anterior com
grifo, O leitor não sabe se o ladrão bateu o carro no muro porque não sabia dirigir apenas na cidade de
Floriano ou se o ladrão não sabia mesmo dirigir de forma alguma. Este outro título por exemplo: “Mulher bate
na filha de dez anos porque estava bêbada”. Quem estava bêbada? A mulher ou a
filha de dez anos?
Tem razão o jornalista Bernardo
Silva quando afirma “Jornalismo: É preciso prestigiar os profissionais e jogar
o resto fora. É hora de se fazer um diferencial entre quem exerce a
atividade legalmente, com conhecimento de causa, e quem está nela para fazer
picaretagem; expor ao públicos seus recalques, suas contrariedades políticas,
suas frustrações.
Jornalismo é uma atividade intelectual. Não é para qualquer um. E
hoje, com tanto lixo por aí; blogueiro de toda espécie, surgindo à toda hora...
todos, inclusive os verdadeiros
profissionais, são nivelados por baixo. Tem muita gente por aí, com DRT e tudo
mais, que não sabe escrever.” (
Blog do B. Silva 09/02/2018).
Portanto
Padinha, meu conselho é para que você
continue a escrever suas bem
elaboradas crônicas, pois nestes tempos de control
C / control v, parodiando o lema da escola de marinheiros de Sagres escrever
é preciso ou melhor, navegar nas letras é preciso.
(*) Forma abreviada popularmente da palavra inglesa whatsapp.
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