Reforma
política fora de época.
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Na atual conjuntura, para usar uma expressão bem antiga,
dos tempos de Jango, a tão propalada reforma política proposta pelo governo e
defendida por uma grande maioria de parlamentares, passa mais uma vez à opinião
pública como uma reforma oportunista e que na verdade não deve ter efeito
nenhum. O atual momento político brasileiro, sem precedentes em escândalos de
toda ordem e que não livra dos holofotes nem mesmo o presidente Temer,
configura muita cautela.
Há dois anos ninguém que faz parte do governo ou está
fora dele poderia imaginar que os escândalos de natureza da compra de apoio
político alcançariam esta monta atual. São milhões e bilhões de reais sendo
utilizados por empresas para compra de licitações e favorecimentos em negócios.
Muito dinheiro sendo utilizado para compra de silêncio de ministros,
assessores, deputados e senadores, acobertamento de maus procedimentos,
negócios escusos com bancos oficiais.
Esta ideia de reforma política defendida por uma parcela
da classe política com este Congresso Nacional ou boa parte de seus membros sendo
investigados não justifica uma tomada de tempo e de paciência. Os senadores e
deputados federais, se dado início ao tal e tão esperado documento da reforma,
estariam certamente legitimando muitos desvios de conduta dentro de um processo
que vai por um bom tempo servir de baliza para a vida institucional do País.
Uma reforma política agora, proposta neste exato momento
não soa bem. A mesma ideia que ouvimos recente de uma nova constituinte. Nossa
Constituição é de 1988. Ano que vem comemora seus trinta anos. De lá para cá
recebeu incontáveis emendas. O que se verifica no Congresso Nacional é a
necessidade de, a partir do eleitor, haver mais esclarecimentos sobre o perfil
de nossos parlamentares. Enquanto estivermos mandando para Brasília e para as
assembleias legislativas o que há de pior dos políticos vamos ficar
necessitando fazer reformas a toda hora.
Teremos eleições no ano que vem. Uma reforma política
agora, feita às pressas e a olhos vistos com a única intenção desviar a atenção
da opinião pública, de favorecer, acobertar, beneficiar situações, partidos,
elementos e criar na população a ideia de que há um trabalho sendo realizado
para melhorar as ações do governo é altamente falsa. Assim como as pretensas
reformas da previdência social e trabalhista, esta tão querida reforma política
não tem sentido numa hora de convulsão da governabilidade.
Enquanto isso muitas prefeituras estão fazendo o dever de
casa mesmo com a escassez de recursos e as mais variadas limitações. Naqueles
municípios onde os prefeitos foram reeleitos certamente se fizeram aos olhos da
população uma boa administração, parabéns, continuem. Continuem fazendo por
onde merecer a confiança do eleitorado. Mas naquelas prefeituras onde os
prefeitos foram derrotados e que agora são da oposição, paciência. Deixem que
os vencedores e atuais ocupantes recuperem o tempo e o dinheiro perdido em
manter a máquina funcionando. Neste momento o que menos importa, interessa é
reforma política.
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