PÁDUA MARQUES (Jornalista, escritor e membro da APAL) |
Donald Trump, aquele
fogoió que é agora presidente dos Estados Unidos, me faz lembrar um amigo de
infância lá do bairro de Fátima que gostava muito de criar confusão toda vez
que a gente inventava de criar uma brincadeira ou acertar um jogo de bola. Era
coisinha de nada pra ele bater o pé e, se fosse o caso, como se costuma dizer,
melar a empreitada. Não vou aqui e numa hora dessas dizer seu nome completo
porque ainda de vez em quando nos encontramos.
Mas tirando esse
defeito, o meu amigo de infância era leal e corajoso ao extremo de comprar uma
briga de murro pra si quando tinha consciência de que um de nós estava em
desvantagem. Todo bairro tinha seus valentões. Naquele tempo todo menino tinha
que ter no currículo no mínimo uma briga de rua. Era passaporte pra ser
respeitado e lá no futuro ser admirado pelas namoradas. Foi um tempo de grande
depressão econômica e os jovens da Parnaíba, assim como os americanos dos anos
30, tinham quase como diversão brigar na rua.
No bairro de Fátima era
assim. Mas antes vou fazer uma observação importante que é pra depois ninguém
achar que andei errando na geografia. Bairro de Fátima antigamente era um
bairro grande. Começava na chamada beira da linha de trem ali pela gameleira,
onde hoje funciona uma boate, e acabava onde hoje é o Tiro de Guerra. Eram,
portanto dois em um, a parte baixa e a parte alta. Na parte baixa, onde eu
passei minha primeira infância e a parte alta. Na parte alta tinha uma turma
que era de fechar quarteirão.
Tinha gente tida como
valente e arruaceira. E nessa fama dada pela briga de rua acabava sobrando pras
mães. Assim ficaram conhecidos no baixo bairro de Fátima os Cão da Doca e os
Cão da Calô. Não tinha um jogo de futebol que fosse, no Bariri, São Tarcísio ou
fora das fronteiras que não acabasse em briga. Algumas ainda hoje lembradas com
muito orgulho pelos hoje veteranos. E se o jogo era pros lados do Catanduvas,
no campo do Botafogo, a coisa era feito briga de americanos com o pessoal do
Exército Islâmico.
Falando em americanos,
em março o presidente Trump assinou uma ordem executiva revertendo a política
ambiental do seu antecessor Barack Obama. Pelo que se sabe até o presente
momento os Estados Unidos vão, na observação dos ambientalistas, marchar pra
trás. Os Estados Unidos vão deixar de mão o objetivo de reduzir a emissão de
gases poluentes na atmosfera. Pro presidente com cara de vendedor de seguros
esse negócio da redução de emissão de gases e meio ambiente degradado é
conversa pra bumba meu boi dormir.
Pra ele essa conversa
mole de preservação ambiental é uma porta aberta pra desaquecer a economia,
fechar empresas e deixar milhões de americanos sem emprego. Pela visão dos
ambientalistas e dos governos que defendem essa política é uma forma de
democratizar os recursos naturais entre países pobres, ricos e os remediados.
Pra que no futuro a Terra não se transforme numa panela de feijoada fumegando
de tão quente.
Mas o presidente Trump
vê de outra forma. Retardando o crescimento pra priorizar cuidados com o meio
ambiente, a economia americana deixa de produzir bens de consumo. E bens de
consumo, computadores, smartfones, fornos micro-ondas, televisores, automóveis,
máquinas de calcular, roupas, processadores de alimentos, enfim, todas essas
quinquilharias que deixam o mundo inteiro gritando na porta do Armazém Paraíba
em dia de liquidação, são tudo que todo mundo quer ter em casa.
Porque esse negócio de
desenvolvimento é complicado. A gente entende como aquela coisa de ter acesso
aos bens de consumo pra uma melhor qualidade de vida, urbana ou rural. Mas
qualidade de vida respeitando o meio ambiente presume deixar de lado alguns confortos
tecnológicos. Isso ninguém abre mão. Duvido. Então o presidente Trump está
nessa situação. Briga com todo mundo dizendo e mostrando que tem razão ou deixa
todo mundo se lascar.
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