A REVOLTA DO CACHORRO
Texto de Antonio Gallas
Ao longo da história deste nosso querido Brasil, hoje tão
maltratado pela classe política, há registro de fatos que narram revoltas em
diversas partes de seu imenso território, acontecidas por diferentes motivos ou
causas.
No Maranhão, por exemplo, a Revolta de Bequimão foi uma
rebelião nativista ocorrida na cidade de São Luís em 1684, devido a grande
insatisfação dos comerciantes, dos proprietários rurais e da população em
geral, com a Companhia de Comércio do Maranhão, instituída pela coroa
portuguesa em 1682, e que tinha por objetivo fornecer crédito para a exportação
de algodão e açúcar e o transporte de produtores e escravos. Os comerciantes reclamavam do monopólio da
Companhia; os proprietários rurais contestavam os preços pelos quais a
Companhia pagava por seus produtos; já a população, estava insatisfeita com a
baixa qualidade e altos preços cobrados pelos produtos manufaturados e
comercializados por essa Companhia, na região. Foi então que na noite de 24 de
fevereiro de 1684, os irmãos Manuel e Tomás Beckman, dois proprietários rurais
da região, com o apoio de comerciantes, invadiram e saquearam um depósito da
Companhia de Comércio do Maranhão. Os revoltosos também expulsaram os jesuítas
da região e tiraram do poder o governador.
No
Piauí, um cabo do 25º Batalhão de Caçadores, do Exército Brasileiro, de nome Amador Vieira de Carvalho, no madrugada do dia 3 de junho de 19 31,
comandou uma revolta contra os desmandos impostos pelo comandante do Batalhão, o
coronel Sebastião Rebêlo Leite. O cabo Amador, juntamente com outros cabos e
soldados, invadiu o Palácio de Karnak, depôs e manteve prisioneiro o
interventor Landri Sales e se fez governador do estado por um período de
aproximadamente 24 horas. Assim conta a História...
Para não criar um texto muito longo
e cansativo (os leitores não gostam) vou fazer menção apenas a três revoltas
que aconteceram no Rio de Janeiro, duas delas quando ainda a mundialmente
Cidade Maravilhosa era a capital do Brasil: a Revolta da Chibata e A Revolta da
Vacina e por último a Revolta dos Marinheiros que deu início à série de eventos que culminariam
na derrubada do presidente eleito João Goulart pelo golpe militar de 1964.
Mas o fato que vou lhes narrar, a “Revolta do Cachorro”, não está
inserido ainda em nenhum livro de história. Foi presenciado por mim mesmo, com esses olhos
e ouvidos que a terra há de comer, e foi aqui, nesta Parnaíba de Nossa Senhora
da Graça que ele aconteceu. Também não pensem, senhores leitores, que o Cachorro aqui revoltado faz parte daquele
bando de “vadios “cabíris”, vagabundos vira-latas,
famélicos ladrejantes e cansados farejadores dos becos de nossa urbe”, como
foram chamados pelo dr. Antonio de Pádua Ribeiro dos Santos em sua “Pregação aos Cachorros” publicado nos
blogs da cidade, quando o acadêmico presidente da APL apela aos caninos para que ajudem a
sensibilizar os políticos parnaibanos no sentido de formalizarem um convênio para que a Academia possa, pelo
menos, pagar um vigia, a fim de evitar que mais roubos sejam feitos naquele
sodalício e tentar estancar a dilapidação de seu patrimônio.
Era uma manhã ensolarada quase ao meio dia, fazia muito
calor. Um cidadão em pé, na calçada, bastante suado, a dizer impropérios contra
a funcionária de um cartório que se recusou a fazer o Registro do seu filho. Fiquei
a pensar cá com meus botões que
certamente ele queria colocar no filho um daqueles nomes esquisitos ou
estrambóticos que no futuro a criança poderia se tornar alvo de galhofas, hoje
chamado de bullyng. Sim, porque
vejam só, já foram registradas pessoas com nomes tais como: Um dois três de Oliveira Quatro( o mais famoso de todos), Flávio Cavalcante
Rei da Televisão Brasileira, Oceano Atlântico da
Silveira e Souza, Olinda Barba de Jesus, Necrotério Pereira da Silva,
Nostradamus Brasileiro do Acre, Newton Marimbondo Vinagre, Jacinto Pinto no
Rego e muitos outros nomes que são verdadeiras
aberrações.
Por conta disso uma lei criada em 1973
dá aos funcionários dos cartórios o direito de negarem o registro de crianças
com nomes que possam causar constrangimentos no decorrer da vida. Mesmo assim,
alguns acabam sendo registrados por insistência dos pais. E acho que foi isso
que tinha acontecido.
Para matar minha curiosidade aproximei-me
do tal cidadão para indagar o que o estava deixando com aquela revolta toda. E
ele resmungando: - ela só faz isso
comigo porque sou pobre. Se eu fosse rico teria registrado o meu filho. Mas ela
vai me pagar! Vai me pagar! Ora se vai!...
E dirigindo-se pra mim falou: - imagine o
senhor, aí já registraram pessoas com nomes de Raimundo
Passarinho, João Coelho, José Cabrinha, Batista Leão, Cristina Bezerra, Luiz
Carneiro, Bernardo Lobo, Maria Rola, José Maria Pinto, Raimundo Veado, Mário
Boi, José Pavão, Antonio Lobão, Francisco Pato, Roberto Barata, e por que
ela não quer registrar meu filho?
Indaguei ao cidadão que nome ele
queria colocar no rebento, ao que prontamente ele respondeu: - ora, José Cachorro Leitão Filho, porque meu nome mesmo é José de Arimatéia Leitão, mas sou conhecido
por todos como José Cachorro e por isso quero registrar meu filho com o nome de
José Cachorro Leitão Filho.
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