domingo, 28 de maio de 2017

A REVOLTA DO CACHORRO


A REVOLTA DO CACHORRO
Texto de Antonio Gallas
            Ao longo da história deste nosso querido Brasil, hoje tão maltratado pela classe política, há registro de fatos que narram revoltas em diversas partes de seu imenso território, acontecidas por diferentes motivos ou causas.
            No Maranhão, por exemplo, a Revolta de Bequimão foi uma rebelião nativista ocorrida na cidade de São Luís em 1684, devido a grande insatisfação dos comerciantes, dos proprietários rurais e da população em geral, com a Companhia de Comércio do Maranhão, instituída pela coroa portuguesa em 1682, e que tinha por objetivo fornecer crédito para a exportação de algodão e açúcar e o transporte de produtores e escravos.    Os comerciantes reclamavam do monopólio da Companhia; os proprietários rurais contestavam os preços pelos quais a Companhia pagava por seus produtos; já a população, estava insatisfeita com a baixa qualidade e altos preços cobrados pelos produtos manufaturados e comercializados por essa Companhia, na região. Foi então que na noite de 24 de fevereiro de 1684, os irmãos Manuel e Tomás Beckman, dois proprietários rurais da região, com o apoio de comerciantes, invadiram e saquearam um depósito da Companhia de Comércio do Maranhão. Os revoltosos também expulsaram os jesuítas da região e tiraram do poder o governador.
            No Piauí, um cabo do 25º Batalhão de Caçadores, do Exército Brasileiro, de nome Amador Vieira de Carvalho, no madrugada do dia 3 de junho de 1931, comandou uma revolta contra os desmandos impostos pelo comandante do Batalhão, o coronel Sebastião Rebêlo Leite. O cabo Amador, juntamente com outros cabos e soldados, invadiu o Palácio de Karnak, depôs e manteve prisioneiro o interventor Landri Sales e se fez governador do estado por um período de aproximadamente 24 horas. Assim conta a História...
            Para não criar um texto muito longo e cansativo (os leitores não gostam) vou fazer menção apenas a três revoltas que aconteceram no Rio de Janeiro, duas delas quando ainda a mundialmente Cidade Maravilhosa era a capital do Brasil: a Revolta da Chibata e A Revolta da Vacina e por último a Revolta dos Marinheiros que deu início à série de eventos que culminariam na derrubada do presidente eleito João Goulart pelo golpe militar de 1964.
            Mas o fato que vou lhes narrar, a “Revolta do Cachorro”, não está inserido ainda em nenhum livro de história.  Foi presenciado por mim mesmo, com esses olhos e ouvidos que a terra há de comer, e foi aqui, nesta Parnaíba de Nossa Senhora da Graça que ele aconteceu. Também não pensem, senhores leitores, que o Cachorro aqui revoltado faz parte daquele bando de “vadios “cabíris”, vagabundos vira-latas, famélicos ladrejantes e cansados farejadores dos becos de nossa urbe”, como foram chamados pelo dr. Antonio de Pádua Ribeiro dos Santos em sua “Pregação aos Cachorros” publicado nos blogs da cidade, quando o acadêmico presidente da APL  apela aos caninos para que ajudem a sensibilizar os políticos parnaibanos no sentido de formalizarem  um convênio para que a Academia possa, pelo menos, pagar um vigia, a fim de evitar que mais roubos sejam feitos naquele sodalício e tentar estancar a dilapidação de seu patrimônio.
            Era uma manhã ensolarada quase ao meio dia, fazia muito calor. Um cidadão em pé, na calçada, bastante suado, a dizer impropérios contra a funcionária de um cartório que se recusou a fazer o Registro do seu filho. Fiquei a pensar cá com meus botões que certamente ele queria colocar no filho um daqueles nomes esquisitos ou estrambóticos que no futuro a criança poderia se tornar alvo de galhofas, hoje chamado de bullyng. Sim, porque vejam só, já foram registradas pessoas com nomes tais como: Um dois três de Oliveira Quatro( o mais famoso de todos), Flávio Cavalcante Rei da Televisão Brasileira, Oceano Atlântico da Silveira e Souza, Olinda Barba de Jesus, Necrotério Pereira da Silva, Nostradamus Brasileiro do Acre, Newton Marimbondo Vinagre, Jacinto Pinto no Rego e muitos outros nomes que são verdadeiras  aberrações.
            Por conta disso uma lei criada em 1973 dá aos funcionários dos cartórios o direito de negarem o registro de crianças com nomes que possam causar constrangimentos no decorrer da vida. Mesmo assim, alguns acabam sendo registrados por insistência dos pais. E acho que foi isso que tinha acontecido.
            Para matar minha curiosidade aproximei-me do tal cidadão para indagar o que o estava deixando com aquela revolta toda. E ele resmungando: - ela só faz isso comigo porque sou pobre. Se eu fosse rico teria registrado o meu filho. Mas ela vai me pagar! Vai me pagar! Ora se vai!...
             E dirigindo-se pra mim falou: - imagine o senhor, aí já registraram pessoas com  nomes de Raimundo Passarinho, João Coelho, José Cabrinha, Batista Leão, Cristina Bezerra, Luiz Carneiro, Bernardo Lobo, Maria Rola, José Maria Pinto, Raimundo Veado, Mário Boi, José Pavão, Antonio Lobão, Francisco Pato, Roberto Barata, e por que ela não quer registrar meu filho?

            Indaguei ao cidadão que nome ele queria colocar no rebento, ao que prontamente  ele respondeu: - ora, José Cachorro Leitão Filho, porque meu nome mesmo é  José de Arimatéia Leitão, mas sou conhecido por todos como José Cachorro e por isso quero registrar meu filho com o nome de José Cachorro Leitão Filho.  


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