domingo, 1 de junho de 2025

 Brasil, o Jogo da Democradura: Entre Peões e Xeque-Mate


Por Prof. Walbert Pessoa(*)

            Brasil: um enredo de distopia tropical. Ontem, hoje — e talvez amanhã — continuamos vivendo cenas de um roteiro escrito pelos próprios protagonistas de uma história mal contada. Uma história onde os vilões se disfarçam de heróis e o povo assiste ao espetáculo como figurante, silenciado.

            Os representantes políticos, que deveriam servir ao povo, se tornam os arquitetos da crise. Com habilidade cínica, reaparecem como “salvadores da pátria” — os mesmos que, dias antes, ajudaram a arruinar os pilares da nação. São cúmplices — e, por que não dizer, os verdadeiros vilões — das muitas malfeitorias que se perpetuam nas engrenagens do poder.

Enquanto isso, o povo... grita em silêncio. Não se assume culpado, mas carrega a culpa nos ombros, como se fosse inerente à sua existência. No fundo, todos sabemos: estamos presos a um jogo de xadrez perverso. Somos os peões — aqueles que protegem o rei, que resgatam o prisioneiro do xeque apenas para que ele volte ao tabuleiro e execute a jogada final: o xeque-mate.

            E quando se está em xeque, não há mais lances legais para escapar.


                No campo de batalha das decisões, o povo é vigiado, manipulado, racionalizado. Carrega o  peso da ignorância herdada, do abandono histórico, e segue pagando a conta — sempre. O lamaçal se renova, mas nunca seca.

            A aliança entre governo e bancos privados se fortalece. Eis o “X” da questão: os bancos patrocinam o governo. Se eles quebram, são socorridos. Se o povo quebra, ninguém o levanta. Olham para os lados, coçam a cabeça, nada entendem — mas receberão os boletos, isso é certo.

            A voz do sistema, ainda que disfarçada, ecoa clara: "Nós quebramos, depois compramos — e vocês, povo, pagarão a conta."

            O Supremo Tribunal decide, o resto obedece. Eis o retrato do que chamo de democradura: um regime onde a democracia é formal, mas o autoritarismo é funcional. Um governo eleito  para servir — ou para se servir do povo?

            Vejo, a olho nu, as engrenagens desse teatro de manipulação em massa. O vilão se disfarça de salvador. As peças se movem de forma precisa, enquanto os espectadores — nós — batem palmas confusas diante de um enredo que não escrevemos, mas somos obrigados a encenar.

Que consórcio é esse que governa acima da soberania popular?   Que futuro nos resta quando os boletos chegam antes da esperança?


NOTA DO AUTOR

Esse texto apresenta uma forte crítica sociopolítica com um tom reflexivo  e literário ,evidenciando indignação diante do cenário político brasileiro. Traz uma linguagem carregada de metáforas e simbolismos, o que dá ao texto um caráter quase poético, ainda que imerso em  desilusão e denúncia.

Por Prof. Walbert Pessoa(*) é maranhense, natural de Colinas, Graduado em Licenciatura Plena em História pela UESPI  e  Pós-graduado em Psicopedagogia Hokemãh. 


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