quinta-feira, 10 de setembro de 2020

MULHERES ARARIENSES NA POLÍTICA - PARTE I

 Por João Francisco Batalha * 

João Francisco Batalha

                                    

                        Convidado pela ativista cultural Jucey Santos de Santana, minha confreira na Academia Ludovicense de Letras e na  Academia Itapecuruense de Ciências Artes e Letras, para falar sobre as mulheres ararienses que se destacaram na politica, inicio minha colaboração falando da educadora e política Zuleide Violeta Fernandes Bogéa (Zuquinha).

             Nasceu em Arari, em 13 de outubro de 1897. Transferida  para a capital maranhense, formou-se pela Escola Normal do Estado em 1913.

                        O novo Código Eleitoral baixado pelo presidente Getúlio Vargas, em 14 de dezembro de 1932, ampliou o eleitorado brasileiro com o sufrágio feminino e dos maiores de 18 anos, tornando o voto secreto. No ano seguinte, houve eleição para deputado estadual constituinte, eletivo e legislativo, cuja Assembleia foi instalada no dia 20 de junho de 1935, com poderes legítimos para eleger dois senadores e o governador do Estado. Entre os 30 constituintes maranhenses eleitos, foi escolhida pela Liga Eleitoral Católica,  a professora Zuleide Violeta Fernandes  Bogéa, primeira mulher maranhense a exercer um mandato de deputado estadual. 

                        A ativista política arariense foi  líder do movimento que elegeu Aquiles de Farias Lisboa para o governo do Estado do Maranhão e na dualidade da mesa da Constituinte de 1935/1947 foi vice-presidente, onde assumiu por diversas vezes a presidência do parlamento maranhense. 

                        Foi partidária de Aquiles Lisboa, que governou com minoria na Assembleia, contando com o apoio de apenas 14 dos 30 deputados.

            Conselheira e fundadora do IPEM,  no governo do Dr.  Paulo Martins de Sousa Ramos, também colaborou na assessoria da administração do governador  Newton de Barros Bello.

                        Proferiu conferências em Caxias e São Luís. Participou de vários conclaves em Belém, Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Foi agraciada com a “Medalha do Mérito Timbira”  e com a “Medalha do Centenário de Graça Aranha

                        Devota e coproprietária da imagem de Bom Jesus dos Aflitos, que se encontra guardada e exposta na igreja-matriz de Arari, fazia questão de assim se identificar.               

                        Em uma das visitas que eu fiz a  professora Zuleide Bogéa, em sua residência que ficava no sobradão nº  311  da Rua do Sol,  a mesma me relatou que seus  pais, também ararienses, eram descendentes do português Lourenço da Cruz Bogéa e sua mulher, a espanhola Maria Isabel de Hungria Martins Bogéa, prima de Isabel de Hungria, a  rainha católica  de Castela, que por sua vez,   foi esposa de D. Fernando da Espanha, o Católico, herdeiro da coroa de Aragão.

                        Pelo matrimônio, Isabel e Fernando,   uniram os dois reinos que deu início à unificação total e expansão  do Reino da Espanha.

                        Nessa conversa que tivemos, a professora fez questão de mencionar os nomes dos  seus melhores alunos: Renato Archer, José Carlos Ribeiro, Sebastião Ferreira, Antenor Bogéa, Remy Archer, Lourival Bogéa, Raimundo Bogéa, Jesus Gomes Filho, José Ribamar Bogéa, Lourenço Vieira da Silva, Malvina Serra, Ubirajara Rayol, Ivaldo Perdigão entre outros.

                        Tão logo se forma Zuquinha se dedica ao magistério.  Em 1920,  criou o Colégio São Luis Gonzaga, preparando através deste educandário o caráter de discípulos  que se destacaram nas ciências médica, jurídica e cultural e no cenário  político nacional.  Através do curso de datilografia, que funcionava incorporado ao Colégio, preparou outros tantos para competição e aprovação  em concursos públicos  e ingressos em atividades laborais.

                         Faleceu em São Luís, em 10 de novembro de 1984, eternizando sua bravura através dos feitos como competente  professora e política autêntica.

Deputada Zuleide Bogéa.             

                        Apontada na  publicação da Assembléia Legislativa de 2008, como personagem do século XX na retomada do processo de desenvolvimento  político do nosso Estado e figurante entre os que fizeram a história do Legislativo Maranhense, é  patronesse da Cadeira nº 23 da Academia Arariense-Vitoriense de Letras.

            Zuquinha, como carinhosamente tratada pela família,  era  filha de Mônica  Virgínia de Moraes e Silva Fernandes que, casada com  Leonel Fernando Cardoso Bogéa, em 7 de fevereiro de 1874, adotou o nome de  Mônica Virginia Fernandes Bogéa. Ele, nascido na Vila Real do Arari em 1841,  filho de Ana Maria Cardoso Bogéa com Alexandre  Mendes Bogéa que, por sua vez, era filho de Izabel de Hungria Martins Bogéa com Lourenço da Cruz Bogéa, os patriarcas dos Bogéas de Arari. Ela, Mônica,  nascida em Anajatuba, em 23 de janeiro 1855 e falecida  em Arari, em 1902, filha do português Miguel Francisco da Costa Fernandes (1819-1882) e Brígida Rosa de Moraes e Silva, esta por sua vez filha do Pe. Ignácio Mendes de Moraes  e  Silva  com  Antônia dos Santos. Lourenço da Cruz Bogéa, (Laurent de la Croix Bogéat) nasceu na Normandia,  norte da França e era filho de Paul Bogéat, nascido  em Valetta, atual capital da Malta,  casado  com Madeleine de la Croix, nascida no mesmo local. Izabel de Hungria Pestana Martins (Bogéa depois de casada), falecida entre 1849 a 1851,  em Arari,  era filha de  Inácio Xavier Martins com  Anna Joaquina Pestana. Ele nascido na Vila do Conde – Paço dos Arcos – Portugal. 

Segundo o diplomata Antenor Américo Mourão Bogéa Filho (Toiô), ”Laurent de la Croix Bogéat, por ser republicano na França imperial de  Napoleão Bonaparte, viu-se compelido a migrar para Marselha, no sul do país e de lá, pelo mesmo motivo, a viajar para a Ilha de Malta, seguindo depois para Portugal e se estabelecendo por um tempo em Paço dos Arcos, nos arredores de Lisboa, onde conheceu Izabel de Hungria, com quem se casou.

Quando as tropas do Imperador Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, no início do Século XIX, o casal tomou um navio e só com a roupa do corpo, veio para o Brasil, aportando em Belém do Pará. Ao que parece, Lourenço teria sido também acompanhado em sua vinda para o Brasil, por um irmão que teria se instalado no distrito de Nossa Senhora da Conceição de Viseu, no Estado do Pará.

Chegando ao Brasil,   Laurent de la Croix Bogéat aportuguesou o nome para  Lourenço da Cruz Bogéa. De Belém, Lourenço partiu com a esposa para São Luís do Maranhão, de onde se deslocaram para o Mearim, passando a viver no povoado que deu origem à Vila Real do Arari. Por precaução, evitava falar sobre sua origem, limitando somente a dizer que era europeu.

É cabível que os Bogéas do Pará, originados em Viseu, que  se espalharam e cresceram também em Carutapera/MA, onde foi prefeita Clara Monteiro Bogéa, eleita em 1937, sejam da mesma família dos patriarcas Paul Bogéat e Madeleine de la Croix. Família que, no Brasil, destacou-se  em Arari e se expandiu no Baixo Mearim,  Anajatuba, Grajaú, Lago da Pedra, Itapecuru e em São Luís.

 

PREFEITAS DE ARARI

Justina Fernandes Rodrigues (Bebém), eleita em 1950, pelo PSP,  com mandato de 31 de janeiro de 1951 a 31 de janeiro 1956,  mobilizou sua administração  com um comando voltado para o progresso administrativo e desenvolvimento da educação,  cultura e da pecuária do município. 

Maria Ribeiro Prazeres,  eleita em 3 de outubro de 1960, pelo PSP,    com mandato de 31 de janeiro de 1961 a 31 de janeiro de 1966, deu continuidade à política educacional do município e foi uma baluarte na fundação do Ginásio Arariense.

 

VEREADORAS DE ARARI

Nome                                                                Ano da eleição

Elisa Ribeiro dos Santos                                   1937

Leonília da Conceição Ericeira Leite                1947/1950

Maria das Neves Fernandes Leite                      1954

Georgina Sá e Silva Santiago                             1954/1958

Delzuita Nogueira Garcia                                   1976

Maria José Pires Ericeira                                    1982/1988/1991/1996

Maria de Jesus Santos Costa                              1992

Maria das Dores Mendes Rodrigues                   1992

Maria Celeste Martins Pereira                             1996/2000

Adailza Mendes Souza Chaves                            1996/2000

Cristina Maria Jardim Figueiredo                        1996

Marize de Jesus Santos Alves                              1996

Nilázia Rodrigues Batalha Fernandes                  2012/2016.

* João Francisco Batalha é o presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão.

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