quinta-feira, 9 de julho de 2020

O BECO

Por Socorro Matos(*)


A pandemia mudou de uma hora pra outra nossa rotina é nossos hábitos. Na minha casa por exemplo, a cada quinze dias vinha uma senhora passar roupas mas como mencionado acima.a pandemia nos fez mudar esta rotina. Combinamos que quando houvesse muitas roupas para passar eu iria levá-las à casa dela.(Com todos os cuidados necessários , é claro).
Arrumei todas as roupas coloquei no carro e fomos à casa de Dona Lúcia, este é o nome da nossa personagem, ela mora no finalzinho da rua, pra melhor dizer, do beco, pois é, um beco sem infraestrutura, rua sem calçamento e pequenas casinhas coladas umas nas outras. 
Ao adentrar na rua pude observar crianças e jovens soltando pipas, idosos sentados nas calçadas e o que mais me comoveu, jovens usando drogas em plena luz do dia, sem nenhuma cerimônia como se fosse a coisa mais natural do mundo!!
Tentei me colocar no lugar daquelas pessoas humildes, marginalizadas, esquecidas, entregues à própria sorte naquele beco sem saída, ou melhor ,que só tinha saída pelo cemitério, caminho que tornava o percurso mais rápido para o comércio e o mercado mais próximos. 
Fiquei a me perguntar por que as autoridades não olhavam para aquelas pessoas, será que elas não mereciam o mínimo de dignidade?
Aquele beco escondido talvez só fosse visto em período eleitoral ou quando acontecia um crime pela vizinhança e a polícia ia fazer uma investigação, provavelmente o criminoso estivesse lá no beco. O BECO DOS ESQUECIDOS!














(*) Socorro Matos é professora de Língua Portuguesa.

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