quarta-feira, 22 de julho de 2020

ANAJATUBA - 166 ANOS


Anajatuba, 56 anos depois. 
   

  Por João Francisco Batalha (*)      

    O aniversário de Arari. História de 154 anos – Júlio Diniz                   Estive na cidade de  Anajatuba, pela primeira vez,  em outubro de 1964 e  retornei à bela cidadezinha, de ruas arenosas,  que me encantou  à primeira vista, em julho do ano seguinte. Desta vez acompanhado de Telmo Mendonça e Ludgero, que estudavam em São Luís.  Este último, com quem me hospedei em uma espaçosa casa de chão batido e coberta de palha, porém, contagiante e confortável. Ficava próxima ao campo de futebol. 
Não reencontrei a graciosa Rose, filha de Elpídio Everton, Guarda-fios da EBCT,   e amiga do carnaval arariense; mas conheci sua irmã Aparecida, e  as irmãs Vilma e Ester; e, também,  Socorro de Neneco,    Rosarinho, de Rosário e Iracema. Posteriormente, Nazaré, que foi noiva de Manoel de Julião,  outra bem-apessoada e elegante senhorita da urbe dos belos campos. Através de uma crônica publicada no jornal VANGUARDA, em sua edição de agosto de 1965, relatei essa segunda viagem à terra dos Comendadores e Barões;  de  Luís Carlos Dutra e, por adoção, de  Luiz Henrique Everton. Universo de moças bonitas sempre a conquistar o certame de Miss Maranhão.  Na ocasião, discorri sobre a partida de São Luís, às 5 horas da manhã, em um carro superlotado de jovens alegres,  que integravam a caravana, e a chegada a Colombo por volta das 9 horas, de onde tomamos outra condução, que percorreu uma  estrada  de ramal arenoso e cheio de contornos, atravessando, entre outros,  os povoados    Pacova, Cumbí,  Bacabalzinho e Santana. No trajeto, senti  o aroma do cajueiro florido e vislumbrei  a beleza dos seus frutos,  amarelos e avermelhados,  de dar água na boca. Ouvi a magia dos cantos dos pássaros e deslumbrei-me com  a beleza natural que se descortinava  a   cada curva do ramal margeado de flores e vegetação nativa,   com a alegria dos campesinos e a simplicidades dos caçadores rodeados de aves abatidas, ou fiadas de jurarás;  e dos pescadores com cofos de peixes e manzuá à mão.
Chegamos a Olho D´água, portão de entrada da antiga aldeia dos Tupis e dos Anajás, próximo ao meio dia.
Registrei a afetividade de seu povo e a hospitalidade de sua gente. A  formosura  das mulheres, a gentileza das moças, alegres e festivas. A beleza da paisagem do Campo de Santa Maria e a imponência da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.
Documentei, também, fatos da inauguração de obras realizadas pelo prefeito Sebastião Marinho de Paula: Campo  de Pouso, Praça, Parque Infantil e reforma do velho Mercado, entre foguetórios e as mais diversas manifestações de alegria, no dia 17 do mesmo mês, que,  por  sinal, caiu em um domingo.
De lá para cá, voltei diversas vezes a Anajatuba e por diversos motivos prazerosos, entre os quais a Festa  e procissão da Padroeira, partidas de futebol, bailes dançantes, visitas amigas, almoços de confraternização, caravana política, instalação da Academia Anajatubense  de Letras e outras demandas, entre as quais,  visita surpresa que fizemos, em nome da Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA, ao confrade Mauro Bastos Pereira  Rego, história viva do município, em  3 de fevereiro do ano passado. Nessa comitiva, compareci na qualidade de presidente da FALMA e me fiz acompanhar do professor Vavá Melo, da Academia Sambentuense de Letras; Jucey Santana, presidente da Academia de Itapecuruense de Letras;  Prof. Ferreira da Silva, presidente da Academia Luminense de Letras, de Paço do Lumiar; e de William, esposo da confreira Jucey.
Decorridos menos de seis meses da visita surpresa que fizemos ao Prof. Mauro Rego, retornei a Anajatuba em 19 de julho de 2019, em clima de forte consternação.  Desta vez, para velar e acompanhar o cortejo fúnebre que transportou os despojos do amigo Nilton Lima Filho, falecido dois dias antes, em um dos leitos do Hospital UDI,  em São Luís. Foi um dia de tristeza profunda  e pude constatar, pela fisionomia dos anajatubenses, como o Dr. Nilton era querido naquela cidade. A multidão que acompanhava o féretro estava triste e chorosa.  Por onde passávamos, a caminho do Campo-santo, até o seu jazigo, as pessoas acenavam lacrimosas das calçadas de suas residências.
Anajatuba perdia, naquele mês de julho, que seria festivo na cidade, em  razão  do 165º aniversário do município,  um grande cidadão. Criatura humana, ética e respeitosa, que amou a terra que adotou como seu torrão natal.  Afável e educado, tratava a todos com  cortesia e distinção.  Honrado, digno, atencioso e probo. Justo, Livre e de Bons Costumes.   Ético, honesto e respeitoso. Culto e inteligente, amante das belas e eternas músicas.  Médico competente, dedicado à profissão,  à causa pública e aos problemas sociais  do povo anajatubense. Arariense de nascimento, onde adveio em 12 de maio de 1955, entregou-se de corpo, alma e coração a Anajatuba, até os dias finais de sua existência.
(*) João Francisco Batalha é Presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA.

  

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